sábado, 19 de junho de 2010

37661 até 37690

1


Respostas não ouvi
Aonde quis bem mais,
Sonhos atemporais?
Nem lá e nem aqui,
Se o todo já perdi
Em meio aos vendavais
Ou dias sempre iguais
O prato eu repeti.
O manto se transforma
Mortalha toma a forma
E nada mais se faça
Senão meu velho engano
E nele já me dano
A sorte? Uma trapaça...

2

A fórmula, por certo
Não mais existe e creio
No tempo sem receio
No canto em que deserto
O amor sempre por perto
E deixo por recreio
O meu olhar alheio
Ao quanto não desperto,
Mergulho em vago mar
E tento desvendar
Mistérios que não sei,
Resumo o pouco tempo
Em dor e contratempo
Depois eu deixo a grei.

3

Nem eles mesmos sabem
Dos dias onde outrora
A sorte não decora
Nem mesmo sonhos cabem,
Pudesse ser diverso
Do quanto agora sou
E bebo o que passou
No todo quando verso
Resumo em agonia
O todo quanto pude
Mudando de atitude
O nada não seria
Senão este vazio
Que em vão tento e desfio.

4

Amar essa mulher
E crer num novo passo
Aonde desenlaço
O tempo se vier,
E nada se quiser
Deveras dita o laço
E sei do meu cansaço
Da morte que aprouver,
Resumo o dia a dia
Em dor e fantasia
E gero a tempestade
No pouco que me resta
A sorte mais funesta
Aos poucos me degrade.

5

Deus existe? Questão
Aos poucos sem resposta
Recolho cada posta
Dos dias que virão
E sem a solução
Ainda se proposta
No todo decomposta
As mortes mostrarão
O dia dita o rumo
E quando me consumo
Alheio à eternidade,
O quanto ainda teimo
E sei quando me queimo
Em viva falsidade.

6

Invariavelmente
O corte se profana
A vida gera e dana
Tomando corpo e mente
No todo que se ausente
No pouco onde me engana
A morte é soberana
E gera a dor demente.
Ouvindo a ladainha
E sei ser tanto minha
A luz que não domino,
Um velho se extermina
E bebe a cristalina
Certeza e morro a pino.

7

Por vezes imagino
Um dia mais tranqüilo
E quando assim desfilo
O corte em desatino,
O medo não domino
O passo sem estilo
O engano outro vacilo
Em nada me alucino,
Bebera deste absinto
E sinto quase extinto
O gole aonde um dia
Sorvendo em virulência
Gerando inconseqüência
Invés de fantasia.

8

Por outras me respondo
Se o nada dita a regra
O tempo desintegra
E nele me repondo
Enquanto ali me escondo
Ou mesmo ainda integra
O sonho não me alegra
E o tempo o decompondo.
A morte se consagra
E tanto fora amarga
Enquanto não embarga
Imagem tola e magra
Da torpe fantasia
Que aos poucos se esvaia...

9

Ateu, de vez em quando
Ou mesmo quase crente
No tanto que se ausente
Um deus se procurando
As ânsias noutro bando
O corte mais presente
A morte se apresente
Como um cenário brando.
Lacunas? Dunas, ruas...
Bebendo às tantas luas
Enquanto ainda houver
O cerco se fechara
A porta se escancara
E seja o que vier.

10

Escrevo tanta vez
Quanto me der vontade
Sem ter algema ou grade
O todo não se fez,
Ainda em lucidez
Ou mesmo quando invade
A sorte que degrade
Na qual já não me vês,
Esboço a minha lavra
E tento na palavra
Ousar ou não fiel,
Vasculho meus recantos
E assim desvendo os mantos
E tento alçar o céu.

11

Nas noites que não durmo,
Nos dias que não como
Não sei talvez nem como
Com sonho não enturmo.
Acasos são ocasos
E prazos não mais quero,
Se eu sou louco ou sincero
Já não suporto atrasos.
E beijo a tempestade
Adoro o vendaval,
A morte é triunfal
Nem pouco desagrade
Realço em verso e lua
A dama bela e nua.

12

O frio me trazendo
O tanto quanto pude
Além desta atitude
O corte em dividendo
O nada vou prevendo
E nisto já se ilude
Quem tanto quer e mude
O pouso se revendo.
Num reverendo toque
Amor não tem estoque
Nem mesmo serventia
Se a noite não prometa
Que se dane a ninfeta
E morra a poesia!

13

O medo me refaz
E traz os meus demônios
Aos velhos patrimônios
Aonde tanto faz
Pudesse ser audaz
Vencendo os pandemônios
Ditados por hormônios
Num toque mais tenaz,
Porém se quero ou tento
Ainda em movimento
Envolvimento ou não,
O certo é que me dano
E bebo o desengano
Sobeja diversão.

14

Que tantas vezes vem
Fazer falsa promessa
E tudo recomeça
No olhar, pleno desdém
O fato é que convém
A quem tem tanta pressa
Ousar queda e compressa
No fundo sou ninguém.
Alhures sigo o rastro
E quando assim me alastro
Também me perco um pouco,
O verso se transforma
E toma qualquer forma
A minha me fez louco.


15

Não quero imaginar
Senão nova vertente
Ainda que apresente
A noite sem luar
O tanto a me entregar
Ou ser mais previdente
No fundo é quase urgente
Vencer e até sonhar.
Eu pude num instante
Saber do degradante
Caminho aonde eu sigo,
Mas no final da rota,
Amor já se desbota
E bebo este perigo.

16

Amor que não concebo
Nem mesmo poderia
Sabendo a fantasia
Que tanto ali recebo,
Se bebo ou se não bebo
O sonho me inebria,
A noite sendo fria
Calor então percebo,
Arranco do não ser
O que pudesse ter
E creio mesmo assim,
Após diverso rumo
No quanto me acostumo
Buscando dentro em mim.

17

Rainha dos meus sonhos
A bêbada ilusão
Num dia de verão
Em ares enfadonhos
Bebera dos medonhos
Caminhos sem senão
Que tanto negarão
Finais bem mais risonhos.
Afasto o que pudera
Vencer a primavera,
Mas no final inverno.
A soma desta vida
Em outra dividida
Traduz um vivo inferno.

18

Quando acordar te encontro
Depois do vendaval
Num rito bem ou mal,
Apenas desencontro.
Realço um passo em falso
E a queda se anuncia
Aonde há poesia
Também há cadafalso,
Legados de outro sonho
E nada mais se quer
Assim sendo qualquer
Olhar mesmo medonho
Produz a falsa imagem
Da paz nesta engrenagem.

19

Beleza que não tem
Nem fuga nem promessa
Aonde já tropeça
Os pés de um novo alguém
Olhando sou refém
Do quanto a vida meça
E tudo recomeça
Aqui ou muito além,
Viceja a rosa quando
O dia se tornando
Em ar primaveril,
Mas logo a ventania
Do outono me dizia
Do que o peito não viu.

20

Passeia pela sala
A deusa seminua.
Depois vai, continua
E quase até me fala
Do peso que avassala
Do pranto aonde atua
A sorte que flutua
E nada mais a cala
Pudesse ser assim
O amor início e fim
Provento de uma vida,
Mas quando vejo o fato
O passo dado, ingrato
Até disto duvida.

21

É fogo que se espalha
No meio da floresta
Assim o quanto empresta
No fundo uma batalha,
O fio da navalha
O foco não mais gesta
E quando fora festa
O peso me atrapalha.
Eu tento e até quem sabe
No fundo já não cabe
Senão a fantasia,
Eu via o teu retrato
E nele me desato
Da sorte em agonia.

22

É pássaro que canta
O sonho mais sutil,
Aonde se previu
A dor quando se espanta
No pouco a velha manta
Enquanto se puiu
Resgata o que não viu
Nem mesmo se adianta,
Eu tive e fora minha
A sina mais daninha
E nada se transforma,
O pensamento é leve
E sei quanto se atreve,
Jamais conhece norma.

23

Doçura tal? Achei
Nos ermos de minha alma
E quando gera o trauma
A fúria desta lei,
Pudesse e me entranhei
No quanto inda me acalma
Conheço cada palma
Da vida que neguei.
Olhando para trás
O tanto quanto faz
E agora já desfeito
Transcende à realidade
E quando ainda brade
Alhures eu me deito.

24

Meu Deus, eu necessito
De um dia feito em paz,
Não quero este mordaz
Olhar frio granito
E nem o mesmo grito
Se tanto fez ou faz,
Gerando o Satanás
Que trago em infinito.
Resumos de passados
Em dias delegados
Aos ermos do vazio,
Mas sem merecimento
Bebendo até me invento
E o canto enfim recrio.

25

Me dizes onde andaste
Nos antros da promessa
Vencendo e se endereça
Ao quanto sou mais traste
E vejo este contraste
Aonde se tropeça
E nada mais se teça
Senão velho desgaste.
Morrendo em poucos dias,
Além do que podias
Entranho este legado,
Arranho em poesia
A sorte que eu queria
Um sonho desolado.

26

O que é que faço Pai?
Não posso com a fúria
Gerada pela incúria
De quem os sonhos trai
E logo se contrai
Em dor, medo e lamúria
Gestando tal penúria
E nela o mundo cai.
Resumo em verso e fumo
O tempo que me resta
Não tendo nova aresta
Aos poucos me consumo,
Bebendo cada farsa
Procuro uma comparsa...

27

Amores quando os tenho
Procuro soluções
E quando não me expões
Em ar quase ferrenho,
Não tento em desempenho
Diverso diversões
Nem mesmo as seduções
Aonde teimo e venho,
Pereço enquanto traço
O canto noutro passo
Perdendo o prumo e rumo.
Jogado em algum canto
No fundo não me espanto
E até já me acostumo.

28

As brigas e discórdias
Os dias são iguais
Venenos rituais
Em duras vãs mixórdias
E quando vejo a cena
Assim se repetindo,
O olhar com que deslindo
No fundo sente pena.
O parto sonegado
O amor em voz sombria
Ausente melodia
O corte prolongado,
No fardo do viver,
Matando algum querer.

29

Voando meus talheres
Anseios e vontades
Aonde tudo invades
Além do que puderes
Se nada mais tiveres
Encontram realidades
E nelas as verdades
Redundam, se vieres.
Olhando de soslaio
No quanto inda me traio
Procuro algum relance
Aonde eu possa ao menos
Ter dias mais amenos
Na sorte em que se lance.

30

A casa se transforma
E tudo não passando
De um tempo mais nefando
Tomando a justa forma
Queria como norma
O amor sem contrabando
As ilusões em bando
O todo se deforma.
Pudesse ter no olhar
Um grande e bom luar
Deitado na varanda,
Mas quando a noite vem
E nada, nem ninguém,
O mundo se desanda.

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