1
E tudo se desaba
Conforme o prometido
Amor já resolvido
O tempo cedo acaba
Palácio, casa ou taba
Eu tento o repartido
Delírio revivido
Noutra vida se gaba,
Eu fui e tento até
Saber se dava pé
A quem tenta outro cais,
Depois dos dias falhos
Os erros sem atalhos
Encontro temporais.
2
Amor da minha vida
Aonde pude crer
No fato de saber
Da história dividida
Estando de partida
Ainda posso ver
As sombras do querer
Na leda despedida,
Vislumbro enquanto eu posso
O corpo, este destroço
Jogado nalgum canto,
Depois de certos dias
Deveras tu recrias
E nada mais garanto.
3
Teus olhos tão sobejos
Momentos que se dão
E neles direção
Adentram os desejos,
Não tendo mais os pejos
Nem mesmo outro verão
Os cortes moldarão
Além de tais ensejos.
Resumos de um passado
Aonde destroçado
Espero algum alento,
Mas quanto mais procuro
O chão deveras duro,
No fim nega o provento.
4
A vida não me deixa
Nem mesmo pude crer
No quanto em desprazer
Aos poucos se desleixa
Ouvindo a velha queixa
Eu passo mesmo a ver
O todo a se perder
E nada dita a deixa
Pereço enquanto luto
E sendo mais astuto
O tempo logo engana
A morte se aproxima
Domina todo o clima,
Rainha soberana.
5
Quem fora amor mordendo
Os ritos em frangalhos
Procuro por atalhos
E finjo novo adendo,
O todo se perdendo
E nada em vis trabalhos
Buscando em assoalhos
O rito mal cedendo,
O passo trama em luz
E tudo em contraluz
Resume esta verdade
O prazo se extermina
Aonde houvera mina
Agora nada invade.
6
Ajoelhado estou
Aos pés da Santa Cruz
Amor nunca faz jus
A quem o desejou
E o pouco que restou,
Pensando em contraluz
Aos poucos se me opus
No fundo nada sou.
Adentro os meus engodos
E meto os pés nos lodos
Um pantanal em mim,
E tento nova lua,
Mas sempre continua
História não tem fim.
7
Se imaginasse assim
O mundo não seria
A terra tão bravia
E tento até o fim
Chegar ao meu jardim
Em noite ausente e fria
O quanto em melodia
Desvia o que há em mim,
Resulto deste insulto
E quando sem tumulto
O culto não se faz
A gente até pressente
No quanto em vão freqüente
Alguma leda paz.
8
Por certo preferia
A porta sem saída
E quando não duvida
Sequer do novo dia,
Ausente fantasia
Há tanto preterida
No corte e na ferida
O mundo renascia
Vergando sobre tudo
O corte onde me iludo
E mudo o meu caminho
Recebo em contratempo
O amor, qual passatempo
E volto a estar sozinho.
9
Vagando pelas ruas
Sem nada por fazer
Tentando o bem querer
Aonde não cultuas
Nem mesmo continuas
Procuro então não ver
O que pudesse crer
Em ânsias belas, nuas.
Rescindo este contrato
E logo me maltrato
Ingrato camarada,
A morte me deforma
E toma a dura forma
Do etéreo e frágil nada.
10
Lambendo estes teus passos
Erguendo o meu olhar
Aonde te buscar
Sequer em meros traços,
Rasgando estes espaços
E neles mergulhar
Sem medo de tocar
Os dias velhos lassos.
Soubesse disto tudo,
Mas quando em vão eu mudo
Sentido e direção
O parto sonegado
O dia maltratado
Os ermos se verão.
11
Não maltrate quem te ama,
Nem mesmo quem te odeia
A lua sempre cheia
Seria um velho drama,
Acende e apaga a chama
O todo que rodeia
Aonde a vida alheia
Pudesse e não reclama,
Assim neste infinito
Enquanto eu acredito
Carpindo cada ausência
Encontro em teu olhar,
O mundo a divagar
Gerando esta inclemência.
12
A vida sem amor
O mundo inusitado
O cômodo recado
O passo em dissabor,
Não quero te propor
Sequer outro legado
O nunca adivinhado
Resume onde me por.
Estradas mais sutis
E nelas bem que eu quis
Tentar a direção,
Meu rumo não se vendo
Apenas já desvendo
Ausência de verão.
13
É rio que se toma
Em luas e desejo
E quando assim te vejo
Entorpecido doma
O todo que se soma
No tempo este lampejo
O quanto mais almejo
No parto feito em coma,
O pássaro revoa
A vida segue à toa
E tento outra partida,
No quarto não domina
Sequer a velha mina
Marcando em ferro a vida.
14
Não precisa gritar
Nem mesmo me permite
Além deste limite
O que possa encontrar
Sedento bebo o mar
E nele se acredite
O todo já palpite
Ao menos devagar.
Resisto e até talvez
Ainda nada vês
Depois da procissão.
Medonho e caricato,
O passo onde retrato
Diverge da emoção.
15
Nem tudo nesse mundo
Promete ser além
Do quanto não convém
E nisto me aprofundo
Quem sabe algum segundo
Resumo de outro bem,
E busco por alguém
Que seja em tom agudo
O toque delirante
Aonde se garante
O dia que virá,
No pouco que me resta
Adentro esta floresta
E o sol não brilhará.
16
Minha princesa eu vivo,
Apenas sem castelo
O tempo fora belo?
Agora sou cativo,
Tentara e disto privo
A mão noutro rastelo
E quando nele atrelo
O parto em que me crivo
Ferrenha fantasia
Aonde não havia
Sacia ou dessedenta.
Pudesse ter no olhar
Além deste luar
A fúria da tormenta.
17
Por certo nunca soube
Quem tanto quis um dia
Vencer a fantasia
Aonde nada coube,
Ainda que se roube
Do sonho que se cria
O parto não traria
O que jamais se arroube.
Olhando para trás
Eu vejo e quero audaz
O vento mais feroz,
E sei que sem destino
Enquanto em alucino
Perdendo a minha voz.
18
No mundo que vivemos
Talvez seja feliz
Quem tanto ou mais já quis
Vencer os vários demos
E sei dos velhos remos
E neles aprendiz
Tentara por um triz
O quanto não sabemos,
Rondando a minha vida
A porta em despedida
O corte em tom suave,
E a cada fantasia
O quanto caberia
Aos poucos já se agrave.
19
O resto do reinado
Ainda se desnuda
Na face mais miúda
E dá o seu recado,
O peso do legado
A sorte nunca muda
Nem mesmo já se iluda
Em passo disfarçado,
Resumo em verso e paz
O quanto fui tenaz
E agora já não tento,
Sentindo esta presença
E nela se convença
Da fúria noutro vento.
20
Fingindo ser verdade
O quanto pude ver
Depois de merecer
A sorte onde degrade
O passo dita a grade
E nela pude crer
O todo do querer
No pouco que me invade,
A tempestade e o medo,
O sonho amargo e ledo
Concedo em pouco espaço,
Vazio o meu caminho
E quando me adivinho
Nem mesmo um passo eu traço.
21
O tempo que vivemos
Aonde quis saber
Do todo a se perder
Ou nada mais faremos,
Cansado deste fato
Ou mesmo até quem sabe
O todo se desabe
E nisto me destrato
Ousando muito além
Do quanto poderia
Vencer em agonia
Ou nada mais convém
A quem se fez assim
Início meio e fim.
22
O manto que te cobre
O medo onde se assusta
A vida sendo justa
O corte gera o dobre
O peso se recobre
Enquanto não se ajusta
E tanto quanto custa
O dia mero e nobre
Eu tento um novo passo
E quando me desfaço
Realço a ventania
E nela bebo um pouco
Até que quase louco
O mundo me diria.
23
O peito de quem ama
E sabe da mesmice
Aonde se desdisse
O passo em nova trama,
O corte dita o drama
E sei desta tolice
Aonde nada visse
Talvez a velha chama,
Resumo do meu mundo
E quando me aprofundo
Imensa cicatriz,
Teimando nesta forma
O todo já deforma,
Além do que eu mais quis.
24
Fagulhas incendeiam
Os olhos de quem tenta
Vencer esta tormenta
E ainda ali se alheiam
No todo que receiam
Ou mesmo desalenta
Quem pensa e se apascenta
Nos vagos que rodeiam.
Beber deste mistério
E a vida sem critério
Não trama soluções
E assim se tanto quero
Ou possa ser sincero
Divirjo em direções.
25
Remates e remendo
Procuro cadafalsos
E dias sendo falsos
Já neles me perdendo
Aonde em estupendo
Caminho sem percalços
Olhares vão descalços
Dos medos me perdendo.
E tento desvendar
Segredos do luar
E nisto sei aonde
O amor em explosão
Tomando a direção
Depressa me responde.
26
O tempo que passamos
O dia onde se ancora
A luz que sem demora
Deveras desvendamos
E assim quando pensamos
No corte que devora
No quando em tempo e hora
De tudo desfrutamos.
E sendo inteiro teu
No quanto se prendeu
A marca tatuada
Arrisco uma resposta
A noite sem proposta
Traduz-se em quase nada.
27
Talvez tenha mudado
O passo e a direção
E nada fora em vão
Nem mesmo o meu passado
Agora por legado
Enfrento outro verão
E os dias desde então
No sonho desenhado
Resumem o caminho
Aonde já me aninho
E bebo esta mortalha,
Prendendo cada trama
E nisto a voz que chama
Clamando em paz se espalha.
28
Os corações embalde
Não deixam que se veja
O quanto mais sobeja
A vida que se esbalde
E tanto se desfralde
O pensamento seja
Entregue de bandeja
E nada mais rescalde
Somente a fantasia
Aonde poderia
Quem sabe ser feliz,
O todo se apresenta
E nada dessedenta
Quem tanto ou nada quis.
29
Olhando para o céu
Buscando algum alento,
No tolo pensamento
Desvendo o velho véu,
E vejo quão cruel
O duro sofrimento
De quem busca o momento
Alheio em carrossel,
Rasgando qualquer trilho
O peito do andarilho
Jamais descansa em paz,
Assim pudesse além
Do todo que contém
Um novo, mais audaz.
30
Estrela de sobeja
Intensa claridade
No quanto já me invade
E sei mais que deseja
O todo ora lateja
E vive esta verdade
Diversa realidade
Aonde sempre seja
Assim até o fim
O corte dentro em mim,
Amortalhada cena,
No passo dado enquanto
O nada até garanto
E nisto me serena.
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