terça-feira, 15 de junho de 2010

36861 até 36880

1



Amar como eu te amava
Em noites mais sombrias
Enquanto não querias
A sorte morta em lava
Servil esta alma escrava
Dias após os dias
Eternas agonias
Agora já se lava,
E redimindo o passo
Aonde agora faço
Meu rumo e nada vem
Somente o quanto eu quis
Sem ter nem cicatriz
Procuro um novo alguém...

2

Sem medo e sem vontade
Sem nada que me impeça
A vida noutra peça
Completa iniqüidade
Resumo enquanto brade
O preço que se peça
Ou mesmo se interessa
A quem dita o degrade.
Levando de vencida
A sorte noutra vida
Numa avidez imensa,
O todo se perfila
E quanto gera a fila
Nem mesmo o amor compensa.


3

Em cada noite, a lua
Bebendo a tempestade
Ferrenha claridade
Aonde não flutua
A sorte senta a pua
E o medo que me invade
Aprendo na verdade
A vida nua e crua
Seguindo passo a passo
O tanto que desfaço
Gravado dentro da alma
O passo rumo ao fim
E nele quando vim
A morte não me acalma.

4

Trazendo claridade
A quem tanto pudesse
Enquanto rito e prece
Gerando a falsidade
No pouso da saudade
O todo se obedece
E quanto mais se tece
O tempo rompe a grade,
Levando a cada verso
O todo noutro imerso
Vasculho toda parte
Do quanto pude ou corte
Resumo o que conforte
No não jamais reparte.

5

A tarde angustiante
O gosto do que talvez
Já nem possa ou revês
No dia que garante
A sorte noutro instante
Mudando a velha tez
E tanto mais se fez
O quanto em tom constante
Ousasse uma mudança
Aonde não se lança
Verdade ou ironia,
Percebo deste jeito
O corpo contrafeito
Além do que eu queria.


6

No amor, meu sacrifício,
No tempo em que procuro
Porquanto sendo escuro
O tempo em seu ofício
O quanto em precipício
Tramando o chão mais duro
E mesmo me amarguro
Enquanto teimo em vício,
Poeira, pó e estrada
A vida não diz nada
Somente o que carrego
Dos ermos onde esqueço
O passo em adereço
Num nó que é quase cego.

7

Não canto despedida
Também que se me dane
O tempo em rito e pane
A sorte de outra vida,
E quando fora urdida
No fato que me engane
Ou mesmo me profane
Deixando esta ferida.
Restando este vazio
E quando o desafio
Os rios da existência
Resultam noutra foz
Ausente qualquer voz
Somente penitência.

8

Dos raios, dos luares,
Senzalas dentro em mim
Amar e não ter fim
Beber o que sonhares,
Procuro outros lugares
Esqueço de onde vim
Resumo em sonho e gim
Os tantos vis altares,
Aprendo com a lenda
E tanto não me atenda
Entenda pelo menos
O quanto deste vago
E nele se me alago
Eu sorvo teus venenos.

9

Meu paraíso é feito
Na flor que não brotara
Ainda tendo a cara
Do rito satisfeito
Deveras quando deito
Deixando alguma escara
Aonde se prepara
O peso deste pleito,
Resumo o verso em paz
E tento se capaz
Audaz viver além
Do quanto posso e pude
Mudando de atitude
Enquanto me convém


10

Gestara uma esperança
Ligeira pelo menos
Em dias mais amenos
O passo também cansa
E quanto além avança
Bebendo dos serenos
Caminhos ditos plenos
A sorte não se lança
Deixando para trás
O quanto satisfaz
Ou gera outra saudade,
Relembro bandolins
Em dias mais afins
E neles liberdade.


11

O tempo se transforma
E tudo o quanto pude
Além da juventude
Perdendo qualquer forma,
O gozo da reforma
A falta de atitude
No todo se transmude
O quanto não me informa,
Não falo da verdade
Nem quando da saudade
Sou mero e vil refém
O parto se negando
O tempo em tolo bando
Nem mesmo o resto vem.

12

O amor que tanto quis
O verso não alcança
E quando mais se cansa
Maior a cicatriz
Saber sem aprendiz
E ter nesta mudança
A falsa confiança
Gerada aonde eu fiz
Meu verso imerso em nada
Festejo cada estada
Nas tramas mais audazes
E sei que após o cais
Somente os vendavais
Ainda aqui tu trazes.


13

Não posso me salvar
Dos ermos que carrego
E tanto se me nego
Não pude desejar
Sementes ao luar
O passo invadindo ego
O parto que sonego
O vento a me tocar,
Não quero ter além
Do quanto não se tem
No amor mais soberano
E sem a poesia
A dor em confraria
Aí é que eu me dano.

14

Irrompe dentro em mim
O verso mais atroz
Ouvir a minha voz
E nela sem ter fim
O tempo sem jardim
O gozo dito em nós
O corte destes nós
O parto, o páreo e o gim
O pária caminhante
Aprendo com legados
E tomo meu calmante.
Os vastos que percorro
Ainda em vale e morro
Os pés andam cansados.


15

A voz que se calara
Em louca fantasia
Mistério se traria
Ou mesmo a noite rara
Aonde se estrelara
E tanto poderia
Depois já se esvazia
Na fonte dura e clara,
Ao ver o teu final
Imenso temporal
No atemporal caminho
Bebendo esta aguardente
O tempo se apresente,
Saudoso e tão mesquinho.


16


Resulto do que um dia
Pensara e não pudera
Saber do quanto espera
Quem gera a fantasia,
Poeta não se cria
Também dele se gera
A morte, o riso e a fera
Assim é poesia.
A luz que me entorpece
O canto em rito e prece
As emoções que rondo,
O mundo se refaz
Na voz de quem audaz
Criando e decompondo.


17


O passo rumo ao quanto
Jamais conheceria
Transforma esta alquimia
Além de algum quebranto
Gerando mero canto
Ou mesmo a sintonia
Aonde em sincronia
No nada eu me garanto.
Rescindo cada passo
E tento novo espaço
Aonde lasso houvera
O corpo eu dessedento
Nas ânsias deste vento
Aplacando esta fera.


18

E juntos, separados
Olhando este horizonte
Aonde nada aponte
Dos dias desolados,
Percebo nos meus lados
Os cortes, velha ponte
E nela cada fonte
Expressa os meus passados,
Vislumbro atrás da porta
A vida agora morta
Acordo e me lembrando
Do funeral à tarde
Enquanto não me aguarde
Eu bebo o celebrando.

19

Perdendo qualquer rumo
Religiosamente
A vida tanto mente
Enquanto perco e esfumo,
No quanto me acostumo
Ou verso plenamente
O quase se desmente
Na fome encontro o prumo,
Ausente do caminho
Propago o meu espinho
E dane-se teu pé.
Assim meu verso adaga
Se às vezes já te afaga
Penetra em contrapé.

20

Do quanto quis amor
E nada mais teria
Senão a ventania
Aonde decompor
Com cenas de terror
A velha sintonia
E mesmo quando o dia
Transforma a velha cor
O peso a se pender
O nada a me verter
Resgata alguma cruz
E teimo contra a fúria
Sem nada de penúria
No quanto me conduz.

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