quarta-feira, 16 de junho de 2010

37061 até 37080

1


As chamas da miséria
No olhar pecaminoso
E nele o pleno gozo
Mais torpe da matéria
No quanto a vida é séria
Ou mesmo caprichoso
O rumo belicoso
Aonde a luz sidérea
Não deixa qualquer sombra
E quanto mais assombra
Maior o desatino,
Resulto deste lodo
Aonde em dor e engodo,
Também eu me destino.

2


Cordilheiras andinas
Momentos mais sutis
E tanto quanto eu quis
Ainda não dominas
As sortes pequeninas
Os passos mesmo os vis,
Gerando este infeliz
E nele desatinas,
Resulto do que um dia
Pensara em agonia
E agora se promete
Além do vago ser
Imerso em desprazer
O nada me reflete.

2

Os altos das montanhas
Os vales, abissais
E tanto quero mais
Além das vis entranhas
Por onde tanto estranhas
Os ritos canibais
E sendo sempre iguais
As horas jamais ganhas.
Proféticos esboços
Em tantos alvoroços
Almoços, prataria,
Um pária em tal sarjeta
Na sorte se arremeta
E tenta a fantasia.

3

O frio que maltrata
O vento ressabia
E toma a fantasia
Enquanto não desata
O nó desta gravata
Tramando em agonia
O quanto poderia,
Mas sendo a vida ingrata,
Resumo no passado
O passo em tom negado
Vencido em temporal,
O medo se aproxima
E muda logo o clima
Gerando o vendaval.

4

Assim como meus dias
Em horizonte ausente
Ainda que inda tente
Vencer as heresias
Aonde o nada crias
E o vago se apresente
O quanto nada sente
Apenas fantasias,
Restando deste lodo
O pouco ou quase todo
Mergulho nos meus vãos
E tento olhos sinceros
Mas quando mais austeros
Os dias são pagãos...

5

Na espreita deste amor
Atocaiado eu tento
Vencer a voz do vento
Em ar tão tentador,
Resumo do que for
Apenas o provento
E quando me alimento
Escondo a minha dor.
A morte que redime
Em ar claro e sublime
Também causa este espanto,
E tanto pude crer
No raro amanhecer
Aonde eu me quebranto.

6

Condores, liberdade,
Um sonho e nada mais,
Ausentes meus cristais
A morte ainda brade
E tanto da saudade
Devora em dias tais
Rondando em funerais
O passo onde degrade
A sorte não viria
Tampouco a fantasia
Apenas o meu fim.
Mortalha teço em dor
E quando em desamor
A liberdade, enfim.

7

Os erros do passado
As tramas do futuro
O corte em que procuro
A sorte por legado,
O risco anunciado
O solo árido e duro,
Mergulho neste escuro
E o tempo anda nublado,
Olhando para trás
Apenas tal mordaz
Caminho se apresenta,
E quando quis a paz,
Apenas o que traz
No olhar furor, tormenta.

8

A lua se revolta
E nada do que possa
Trazer além da fossa
Revive em cada volta
Da sombra que se solta
E deste céu se apossa
Aonde fora nossa
A vida sem escolta,
A morte se aprofunda
Uma alma moribunda
Aguarda o desdobrar
Dos sinos na capela
E o fim que se revela
Esconde este luar.

9

Quem ama, de verdade,
Jamais se faz presente
Aonde se pressente
O quanto já degrade
O passo na saudade
O rumo mais ausente
E sendo tão urgente
A minha liberdade
Bebendo o calabouço
Escondo enquanto eu ouço
A voz sombria e vaga
Do tanto que pudera
A vida não se espera
E em morte já se alaga.

10

O sol do nosso caso
Há tanto se escurece
E quando se obedece
A vida em curto prazo,
O passo rumo ao caso
E nele sem a prece
O tanto que se apresse
Aos poucos me defaso,
Escondo-me decerto
No rumo onde deserto
Jamais viria a luz,
Sombrias noites trago
Rondando cada estrago
Que a vida me produz.

11

A vida vai passando
E nada do que pude
Sonhar ainda ilude
Num ar quase nefando,
Meu peito se negando
Ao ver tua atitude
E quando nada mude,
Minha alma já nevando,
Levanto a minha voz
E escuto o tom atroz
Aonde esta resposta
Expõe real momento
E nele me atormento
Ao retalhar-me em posta.

12

Amar é necessário?
Adolescente sonho.
E quanto mais me oponho
Ao tétrico corsário
Encontro um adversário
Em ar quase medonho
E assim no vão me enfronho
Bebendo o temerário
Caminho aonde eu quis
Um dia ser feliz
Em mera fantasia,
Aporto novo cais
E nele os vendavais
O desamor recria.

13

Jardim que não floresce
Nem nunca florescera
A sorte me esquecera
E nada mais se tece,
O vento nega a messe,
A morte revivera
Aonde renascera
E nada se obedece
Ao passo em que deveras
Ausentes primaveras
Preparam meu inverno,
E quando sigo assim
Aguardando o meu fim,
No vago eu já me interno.

14


Perdoe meu amor
Um temporão caminho
Aonde mais mesquinho
Quisera ainda a flor,
No olhar a decompor
Da morte me avizinho
E nada em que me alinho
Permite sonhador.
Vagando pelo espaço
Apenas fim eu traço
E resta pouco tempo,
Mas quando me entreguei
Apenas delirei,
Um tolo contratempo.

15

Te peço tão somente
A luz que não viria
Nem mesmo esta utopia
Que a própria luz desmente,
O fim já se apresente
E sei que dia a dia,
A morte tomaria
O olhar mais inocente.
Não vejo mais desculpas,
E quanto mais esculpas
Caminhos em belezas
A mim só resta o enfado,
O tempo maltratado
Exposto às correntezas.

16

Quero viver cada
Momento que me resta
Olhando a fina fresta
Aonde iluminada
A senda desejada
Ao sonho inda se empresta,
Mas quando a vida gesta
Retorno ao mesmo nada,
A morte dita o rumo
E aos poucos me acostumo
Ao fim inexorável,
O olhar manso e sombrio
Aguarda a foz e o rio
Em pedras; inefável.

17

Profusamente a vida
Transcorre meramente
Aonde se apresente
Não vejo uma saída,
A sorte sendo urdida
Na voz tola e demente,
No quanto se pressente
A cena está perdida.
Restando a quem lutara
Apenas noite amara
E nela não mais vejo
Sequer a menor luz
E o pouco que reluz
É mero e vão lampejo.

18

Te imploro tão somente
Que olhando para trás
Não leves deste audaz
Sequer menor semente,
Nem mesmo que se tente
Ainda ser capaz
De crer no quanto faz
A vida impertinente,
Não deixo algum sinal
E nisto este degrau
Agora se percebe
Já tolo e destroçado,
Não leve do passado
Lembranças desta sebe.

19

Terás felicidade,
Decerto minha filha,
A vida noutra trilha
Mudando de cidade,
Aonde o bem invade,
Ausente uma armadilha
A morte em tal matilha
Aos poucos desagrade
Quem fora fantasia
E assim se fez poeta,
A vida não completa
O passo aonde guia
O espectro para o fim
Que brilha vivo em mim.

20

Os versos que te faço
Resumem o que eu sinto,
O tanto sinto extinto
Não vejo sequer traço,
A morta toma o laço
E doma algum instinto
No vago em que me tinto,
O roto gesta o espaço.
E tento ver após
A morte em turva foz
Apenas o que eu possa,
Vencer em dias tétricos
Os ermos quilométricos
Por onde o nada apossa.

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