segunda-feira, 14 de junho de 2010

36781 até 36800

1


Meus dias procurando
A paz que me redime
Embora mais sublime
A vida em contrabando
O olhar torpe e nefando
Aonde vejo o crime
E nele já se estime
O templo desabando.
A velha canalhice
No quanto se desdisse
Gerando a decadência
Ditando outra verdade
E nela se degrade
Enfim esta inocência.

2

Nas águas deste rio,
Tanta poluição
E sem satisfação
Outra face eu recrio
Enquanto desafio
Os dias que virão
Matando algum verão
Prefiro estar no frio.
O podre da maçã
A fruta temporã
Perdão se vende à vista
Para que isto aconteça
Amigo não se esqueça,
Pecado? Não resista...


3

Toda dor que esta vida
Pudesse inda tramar
No quanto a decorar
A estrada repartida
Ou mesmo, de partida
Buscando me ancorar
Nos braços do luar,
Encontro a despedida.
O farto se transborda
E chega após a borda
Noutra abordagem quando
O mundo feito em treva
Deveras também ceva
Um ar suave e brando.

4

Momento complicado
O que nós enfrentamos
Olhos já viram amos
Agora outro recado,
O tempo do pecado
E nele podres ramos
Enquanto deliramos
O lobo é disfarçado,
O pobre do judeu
Em sacrifício deu
Ao mundo uma lição,
Pois em tropel tal horda
Em podridão transborda
E vive DO pecado.


5

Na lua que jamais
Pudesse ver o sol
Tomando este arrebol
E nele os animais
Pastando até demais
Seguindo este farol,
Mas não sou girassol,
Nem busco qualquer cais.
De tantos vendilhões
Abrindo estes portões
Igreja após igreja
Pois toda esta canalha
Que jamais nunca falha,
Maldita, então já seja!


6

És a certeza plena
Do amor ao homem, mas
Aonde houvera paz
A noite se envenena,
Verdade muda a cena
E olhando tão mordaz,
No quanto satisfaz
A corja se serena.
Precisam de mais sangue
Até deixar exangue
O pobre carpinteiro,
Da cruz, velho sinal,
Entregue ao capital
Rende muito dinheiro.

7

Amiga, onde estiveres,
Não deixe que te enganem
Nem mesmo já se ufanem
Das coisas que tiveres,
Bendita entre as mulheres
E nelas não se empanem
Ou mesmo desenganem
Além do quanto esperes.
Não sei me resguarde
A vida em tanto alarde
Ou mesmo já me dane,
Só sei que nada sei
E tendo ausente a lei
O coração em pane.

8

És todo o meu sustento
E nada poderia
Relegar fantasia
Enquanto a paz eu tento,
Não sendo e sem provento
Bebendo a sacristia
E toda a ventania
Não sendo sequer vento,
Procuro algum caminho
E nele um novo vinho
Que não me amargue tanto,
Mas quanto mais procuro,
Encontro um solo duro
E nele o desencanto.


9

Meu sonho, nunca mais,
Apenas ventania
E quanto mais podia
Ao longe e sem meu cais
Enfrento os temporais
Que a sorte poderia
Trazer em calmaria,
Porém isto? Jamais!
Cansado de lutar
Eu busco algum lugar
Aonde tenha a paz,
Mas logo se apresenta
A luta violenta
E lá vou eu. Atrás...

10


Por vezes me encontraste
Até mais sorridente,
Mas coração não mente
E sei quanto sou traste,
No céu noutro contraste
O azul mais evidente
Enquanto se pressente
Em mim o que negaste.
Resumos de uma vida
Aonde fora urdida
Em passo muito além
No pouco que me resta
A vida não se atesta
No quanto não contém.

11

Sozinho, sem promessas
Adentro tais veredas
E quando assim precedas
O passo sem tais pressas
Usando estas compressas
Embora sejam ledas
Em fúrias não procedas,
Senão já recomeças.
Eu sei destas vidimas
E quanto mais estimas,
Maior o teu legado,
Mas não se deixe mais
Expor aos vendavais
Se assim és enganado.


12

A vida parecendo
Um mar pleno de rosas,
Cenas maravilhosas,
Num ar claro estupendo.
Não sei por quanto eu vendo
Se eu sinto que tu gozas
Com tais imaginosas
Delícias sem adendo.
Adentro esta seara
Aonde se declara
Das almas um leilão,
O passo rumo ao nada,
Disperso na manada
Eu busco a direção.

13

Rastejo minhas dores
Aonde me aprouver
E venha o que vier
Espinhos, danos, flores
Aonde me propores
Ou mesmo se eu puder
Caminho? Vou qualquer
Se nele também fores.
Mas tudo tem limites
Enquanto delimites
Aquém meu horizonte
Que dane-se outra esfera
A vida se tempera
Aonde ela desponte.

14

Teus braços me levantam
Na sordidez de um bar
Ou mesmo em lupanar
Aonde se agigantam
Os passos não se espantam
E quando procurar
Não tendo onde encontrar
As cobras já se encantam.
Pavio bem mais curto
Não sei de qualquer surto
Que possa me conter,
Na cara desta súcia
Também sei ter astúcia
E mando se foder!

15

Eterna deste amor
A lamparina acesa
E quando sou a presa
Eu busco o teu calor,
Mas logo muda a cor
E noutra correnteza
Gerada com presteza
Mudando este valor,
Aprendo um pouco mais
E busco ter a paz
Nem seja em Satanás,
Se eu tenho ou não meu cais
Se eu sou ou não capaz
No fundo tanto faz...


16

Ao ver esta mulher
Com ares de babaca
Olhar já não se empaca
Além do que se quer,
Receio se eu tiver
Do quanto não se aplaca
A fúria da panaca
Aonde ela estiver.
Se eu sou um ser pensante
Aonde não me espante
Eu busco uma paragem,
Mas logo sei do quanto
Divirjo enquanto canto
Em fina garimpagem.

17

Momento de raríssimo
Carinho se mostrara
Em noite bela e rara
Num gesto deste Altíssimo
E nele em otimismo
Enveredando a vida
Uma alma sendo ungida
No real de um batismo.
Não posso me conter
Ao ver esta falseta
E nela se cometa
O imenso desprazer
Do passo mais atroz
Calando a Tua voz.

18

Um pássaro a voar
Sou livre e nada mais.
Aonde quero o cais
É lá que vou buscar
O verso a me mostrar
Em dias desiguais,
Mas sorvo os temporais
E vomito o luar.
Desta benevolência
Em ares de excrescência
A decadência apenas,
Porém se libertário
Não fico atrás do armário
Por mais que me envenenas.


19

Os hinos mais perfeitos
Gerando esta riqueza
Maior do que a beleza
Transformada em direitos
Não tenho preconceitos
E sei desta incerteza
Da vida em sutileza
E nela faço pleitos.
Mas, EVANGELIZAR?
É bom ir devagar
Que o andor, eu sei, de barro,
Cobrar farto honorário
Um mal que é necessário?
De Deus tirar um sarro?


20

Aurora deslumbrante
Já não concebo aonde
A vida ora se esconde
E nada mais me espante,
A face degradante
E nela se responde
Sem ser conde ou visconde
Um fato interessante...
Eu quero apenas isto
E sei o quanto insisto
Na imagem em que se cobre
Um mundo mais suave,
Prefiro ser uma ave
Melhor do que ser nobre!

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