sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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61

Amor sonega e nega
E traz enquanto possa
A vida além da troça
E sendo sempre cega
Paixão nunca sossega
E quando em vão se apossa
Presume queda e fosse
No fim jamais se entrega,
Vencer o vencedor
Ousar em raro amor
E ter felicidade,
Pudesse num momento
O quanto ainda alento
E aos poucos já se evade;

62

Bebendo com fartura
Dos sonhos onde pude
Viver a juventude
Aonde o não perdura,
A sorte me tortura
E tanto desilude
Enquanto em sonho rude
Desenha esta loucura,
Apresentando o passo
E tanto quero e traço
Ousando numa rota
Diversa da que tinha
E sendo agora minha
A luta diz derrota.

63

Amar e crer no fato
Aonde o mundo gera
Apenas a quimera
Onde este vão constato,
A vida num retrato
Expressa o que se dera
Gerando além da espera
O mundo em tosco prato
Jogado pelo chão
Trazendo esta emoção
E nada mais pudesse
Quem vence o dissabor
E tenta num amor
A sorte em reza e prece.

64

Cimento esta esperança
Nas bases da moldura
Tecendo uma brandura
Aonde a vida lança
Ousando na aliança
Com tanta e vã ternura
A sorte se procura
E a morte enfim avança
Regendo cada dito
Aonde necessito
Bem mais que algum alento
Depois de tantos anos
A vida em desenganos
Deveras busco e invento.

65

Amar já não seria
O quanto pude outrora
O todo que apavora
A noite mais sombria
A rude fantasia
Alegoria implora
E marca onde devora
O tanto que eu queria,
Escassa luz deserta
A porta estando aberta
Jamais consigo ver
Além do mesmo enredo
O tanto onde concedo
A vida sem prazer.


66

Em mares mais diversos
Pudesse um timoneiro
Ousar o tempo inteiro
Rasgando os universos,
E sei dos tão dispersos
Caminhos num canteiro
Aonde o jasmineiro
Traduziria em versos
O aroma delicado
Que tanto busco e brado
Num sonho sem igual,
Amar e ter no olhar
Intenso este luar,
Na noite sensual.

67

Dos seres onde eu possa
Trazer farta certeza
E sendo sem surpresa
A vida inteira nossa,
A lua quando roça
Restando em natureza
Diversa correnteza
Do todo em paz se apossa,
Reinando em claro céu
Aonde fui cruel
Apenas noutro fato
O rumo se desenha
E a sorte dita a senha
E nela amor constato.


68

Querendo muito mais
Do quanto pude outrora
Ao passo onde se ancora
A vida em dias tais
Vencendo atemporais
Momentos, sorte aflora
E segue sem demora
Ao som destes cristais,
Vestir a rara luz
Que tanto nos seduz
E gesta a cada instante
Um lúdico cometa
Aonde se prometa
O amor que nos garante.

69

Jamais se finde o sonho
Nem mesmo o quanto traz
A sorte mais audaz
Ou mesmo o par bisonho,
O tempo aonde o ponho
E o quanto satisfaz
Pudesse ter a paz
E nisto o que proponho,
Vestindo em sorte e luz
Ainda se produz
Momento em tal clarão
Os dias sendo assim
O todo dentro em mim
Do amor é tradução.

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A rosa em bela face
Deitando o seu aroma
Além de mera soma
No todo se mostrasse
E sendo o que se trace
A sorte que nos doma,
A vida enfim já toma
E vence algum impasse,
Depois de tanta luta
Fortuna não reluta
E dita um fado em paz,
Aonde quis o todo,
A lida sem engodo
Momento raro traz.

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