sábado, 27 de novembro de 2010

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Pudesse renovar o que inda resta
De sombra ou ledo brilho dentro em mim,
Vivendo o que tentasse até o fim,
E mergulhar insano em rara fresta,
A solidão deveras quando atesta
A morte desenhada traz assim
A pútrida verdade e sei que vim
Ousando imaginar alguma festa,
Apenas o cenário se repete
Ainda na cintura o canivete
E o fardo sobre as costas, sem descanso,
Ao fim da vida leda e sem proveito
Enquanto nestas pedras eu me deito
Ao mar de inúteis vãos ora me deito.

72

“Te llamas amor y me perteneces”

O quanto em tanto amor eu poderia
Viver cada momento e ser além
Encanto me transforma em seu refém
E gera dentro em nós esta alegria
Meu canto se aproxima e me traria
O todo noutro rumo e sem desdém
O manto desbravando o quanto vem
Tramando dentro da alma a fantasia.
Esqueço cada engano e sigo em rumo
Ao todo que pudera e se me esfumo
Encontro nosso amor em dimensão
Diversa da que tanto quis outrora
E a face mais sutil ainda ancora
Criando dentro em nós a imensidão.

73

A cada novo dia te clamasse
E nisto poderia ser feliz
O quanto na verdade a vida diz
Traçando o que pudesse sem impasse,
Ainda que esperança me tocasse
Num ato mais audaz aonde fiz
A vida desenhando em raro bis
Momento sem igual onde mostrasse
O rumo se provendo de esperança
A luta na verdade não mais cansa
E alcanço após o todo este Eldorado,
O risco se aproxima de um sincero
Cenário aonde longe do que eu quero
Meu sonho em raro amor, decerto eu brado.

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Encantos que talvez ainda traga
No olhar quem tanto quis e se entregou
O mundo na verdade não mudou
E apenas vejo em ti a face vaga
De quem ao empunhar punhal e adaga
Aos poucos nos meus ermos penetrou
E disto o que decerto ora sobrou
Por entre temporais inda divaga,
O corte, a morte o medo e o fim de tudo,
Sem ter qualquer aporte desiludo
E morro sem saber se existe cais,
Ainda que pudesse crer no fato
Meu mundo desprovido eu mal retrato
Enquanto noutro passo tu me trais.

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O quanto me enriquece o ter em ti
Além de meramente algum instante
Aonde o meu futuro já garante
Vivendo cada sonho que perdi,
Aos poucos noutro engano percebi
A cena sem proveito e doravante
O quanto mais desejo deslumbrante
Expressa o que jamais eu mereci,
Aprendo com meus erros? Desamor.
O tempo se aproxima e dissabor
E gera outro cenário em tom mordaz,
Ainda quando pude ver de perto
O todo aonde o passo hoje desperto
E o todo num acorde em luz se faz.

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Dependo dos teus passos e procuro
Seguir cada caminho enquanto estás
Reinando sem temor na imensa paz
Saltando sem defesas sobre o muro
E neste desenhar tanto perduro
Vagando de tal forma e sendo audaz
O mundo se pudesse ser tenaz
Expressa cada sonho e me asseguro.
Escassas melodias; noite adentro
E assim em todo instante eu me concentro
Pensando num amor, em rara herança
Assim no quanto pude ser diverso
Nos braços de quem amo teimo e verso
E a sorte sem igual rondando avança.

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Felicidade dita o quanto quero
E trago dentro da alma o conseqüente
Caminho aonde o todo se apresente
Gerando outro momento mais sincero,
O canto noutro passo já venero
E tramo o que pudesse e sempre tente
Vencer o quanto pude e mais contente
Deixando para trás o rude e o fero,
Amar e ter além de certa luz
O todo que deveras reproduz
Num átimo meu mundo se adentrasse
E o marco se moldando a cada instante
Apenas o futuro em paz garante
Matando o quanto fora noutra face.

78


Românticos caminhos dizem quando
A vida se pudesse em plenitude
E o passo antes que o todo se transmude
Ditasse o que decerto eu quis moldando,
O passo em direção ao sonho brando
A luta se transforma e mais que pude
Reinando dentro da alma a juventude
E o tempo neste amor se emoldurando,
O prazo determina além do todo
E a vida se transborda e sem engodo
Mergulha neste instante radioso,
Depois de cada passo em tom venal
O mundo se desenha magistral
Promete com certeza o raro gozo.

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“Há dentro de mim um poder impaciente por se revelar”
Gibran.

O quanto possa em mim viver a glória
Da imensa liberdade em fúria e frágua
Aonde o meu caminho em paz deságua
Mudando totalmente a minha história
Moldando muito além desta memória
A solução esgota a velha mágoa
E o tempo cristalino em límpida água
Traduz o quanto pude e sem vanglória,
Uma explosão de afeto em tenra luz
E ao quanto meu caminho me conduz
Gerando noutro instante o ser maior
Na senda mais gentil, amor invade
E tanto quanto traça a claridade
Tornando o dia a dia bem melhor.

80

“vossos filhos não são VOSSOS filhos”.

A vida não traduz o quanto em posse
Pudera transcrever o que virá
E saiba com certeza e desde já
O quanto deste rumo a vida endosse,
E nada nem o tempo mais destroce
O sonho que deveras reinará
Enquanto cada vida tomará
O rumo que talvez tudo remoce
Assim ao se perder do quanto pude
Ousar imaginar em plenitude
A libertária senda se apresenta,
E gera novo dia após o fato
Aonde a solidão tanto eu constato
Gerando a vida em si bem mais sedenta.

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