1
Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.
Amado Nervo
O amor traz num eterno
Cenário esta amplitude
E mesmo quando mude
O dia aonde interno
O coração mais terno
E nada desilude
Quem tanto quer e pude
Vencer o próprio inverno,
Vestindo esta ilusão
Os dias que virão
Serão bem sempre contigo,
Ainda quando partas
Jogadas nossas cartas
O amor; em ti persigo.
2
Covarde: alguém que, numa situação perigosa, pensa com as pernas.
Ambrose Bierce
Ao ver algum perigo
As pernas vão além
Do quanto sente e vem
Tentando um novo abrigo
E quando isto consigo
Não sendo mais refém
Do todo e sem desdém
Em paz, enfim comigo,
A vida se resguarde,
Não sou tanto covarde
Apenas me defendo,
E sei que após a queda
A sorte se envereda
Em rumo turvo, horrendo.
3
Gato. Um autômato flexível e indestrutível, fornecido pela natureza para ser chutado quando as coisas vão mal no círculo doméstico.
Ambrose Bierce
Pagando sempre o pato
O pobre do bichano
A cada novo dano,
Explode onde retrato
A sensação do fato
E nisto não me engano,
Gerando o mais profano
Sentido para um gato.
Levando sempre a culpa
Ainda que se esculpa
Na face algum alento,
Viceja novamente
Ainda que se tente
Mordaz pressentimento.
4
Orar. Pedir que as leis do universo sejam anuladas em favor de um único postulante, que se confessa indigno.
Ambrose Bierce
Mudar a direção
Do quanto poderia
Reger em alegria
A rara proteção,
E sei que na oração
A sorte moldaria
O todo em fantasia
Traçando outra versão,
E ter a cada frase
O quanto já defase
Da dura realidade,
Vagando para além
Sabendo o que inda tem
E o todo que degrade.
5
Consolação é o fato de saber que alguém melhor que nós está mais infeliz do que nós.
Ambrose Bierce
A queda de outro ser
No fundo nos consola
E gera enquanto imola
O tempo em tal sofrer,
Assim raro prazer
No todo aonde assola
Propulsionando, a mola
Nos faz enternecer.
O rumo mais atroz
Gerando a paz em nós
E nisto me aproxima
De quem sendo melhor
A dor sabe de cor,
Mantendo uma alta estima.
6
Dinheiro, Uma benção que não nos traz vantagem excepto quando nos separamos dele.
Ambrose Bierce
Dinheiro? Tão somente
Nos mostra uma valia
Enquanto não teria
Sequer o que mais tente,
E quando se apresente
Em leda fantasia
Gerando uma utopia
Talvez inconsistente.
Mas quando se apresenta
Na face turbulenta
A falta de provento,
Meu barco num naufrágio
Procura em sonho um ágio
E a paz, ainda eu tento.
7
O verdadeiro professor defende os seus alunos contra a sua própria influência.
Amos Alcott
O quanto é libertário
Traduz o raro ensino
E nisto o cristalino
Caminho é sempre vário,
E o tempo, itinerário
Por onde eu me fascino,
Bebendo o que domino
Ou mesmo o necessário,
Mas quando enfim me imponho
Gestando este medonho
Retrato em tons iguais,
Invés de liberdade
Apenas se degrade
Gerando outros boçais.
8
Ignorar a própria ignorância é a doença do ignorante.
Amos Alcott
O quanto se pensava
No todo que soubesse
Gerando a tola messe
E nisto uma alma escrava
No nada onde se lava
Talvez quando obedece
O pouco que merece
A sorte sonegava.
Não sei e disto eu vejo
A vida que desejo
Num átimo diverso
Pequeno ser sem nexo
Olhando ora perplexo
Além este universo.
9
O bom livro é aquele que se abre com interesse e se fecha com proveito.
Amos Alcott
O quanto ficaria
De cada pensamento
Mudando num momento
Além da fantasia
E nisto ensinaria
No todo aonde atento
Presumo o que ora tento
E nisto uma alegria,
Colhendo o raro fruto
E sei que assim desfruto
Do todo em claridade,
Destarte se aproveita
A vida onde esta espreita
Traduz a liberdade.
50740
A religião prestou ao amor um grande serviço, fazendo dele um pecado.
Anatole France
O amor não traduzisse
Pecado nem talvez
O quanto agora vês
Não diz esta tolice
E o sonho em vã crendice
Pudesse em sensatez
Gerar o que se fez
No todo onde se visse,
O canto mais sublime
De tudo nos redime
E traz a dimensão
Exata do querer
E nele ao bel prazer
A imensa vastidão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário