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É uma grande tolice o «conhece-te a ti mesmo» da filosofia grega. Não conheceremos nunca nem a nós nem aos outros. Mas não se trata disso. Criar o mundo é menos impossível do que explicá-lo.
Anatole France
Pudesse conhecer
Ao menos uma parte
Em quantos se reparte
O todo de algum ser,
E neste esvaecer
O tempo sempre parte
E a vida, a sobeja arte
Não deixa-nos saber,
O quanto ser quem és
Ao menos de viés
Jamais tem tradução,
Destarte réu confesso
Em mim tanto tropeço,
Perdendo a direção.
2
Nada estraga tanto uma confissão como o arrependimento.
Anatole France
O fato de saber
O quanto se pudera
Apascentar a fera
E nisto ter prazer
Moldando o novo ser
Traçando a primavera
E nesta nova esfera
O todo conhecer,
Enquanto na verdade
A vida num momento
Diverso; enquanto eu tento
Ainda ora se evade
Do tanto que há em mim,
Matando tudo enfim.
3
Na noite onde todos estamos, o sábio esbarra com a parede, enquanto o ignorante fica tranquilamente no meio do quarto.
Anatole France
O quanto se procura
Liberta o pensamento
E traz noutro momento
A noite mais escura,
E sei desta loucura
Enquanto o novo eu tento
E bebo deste vento
Infausto em amargura,
Explode dentro em nós
O fato mais atroz
E disto sei do espanto
Lutando sem cansaço
O quanto ainda traço
Esbarra em qualquer canto.
4
Os acontecimentos tinham ampliado a sua inteligência naturalmente estreita. A imensa ironia das coisas tinha passado na sua alma e a tornara fácil, sorridente e leve.
Anatole France
A vida ensina e o fato
De em todo novo dia
Abrir a fantasia
Aonde eu já constato
A força de um regato
A luta em agonia
O quanto poderia
E nada mais resgato,
Somente o meu engodo
E nisto o quase todo
Expressa um rumo e verso
No quanto pude crer
E sei do amanhecer
E nele eu me disperso.
5
Por mais que busquemos, apenas nos encontramos a nós próprios.
Anatole France
O máximo que vejo
Talvez seja este espelho
Aonde me aconselho
E sei ser tão sobejo
O quanto em azulejo
Deveras me ajoelho
E meto o meu bedelho
Além do que desejo,
Espero uma resposta
E nada mais viria,
A face em agonia
Ao ser assim exposta
Traduz a dor imensa
De quem, decerto, pensa...
6
Preferi sempre a loucura das paixões à sabedoria da indiferença.
Anatole France
Negar-se à própria vida
Não traz felicidade
Nem mesmo o que degrade
A sorte dilapida,
Gerando esta esquecida
Loucura que me invade,
Traduz a qualidade
Há tanto prometida.
Resumos de momentos
Aonde em desalentos
Ou risos; compartilho,
Jamais eu suportei
Obedecer à lei
Num cérebro-espartilho.
7
A mulher alimenta-se de carícias, como a abelha das flores.
Anatole France
Carinhos que te faço
O tempo não sossega
A vida em rara adega
Presume num novo passo
E mesmo quando escasso
Supera a sorte cega
E além tanto navega
Vagando em cada traço,
E sei do quanto possa
Verdade sendo nossa
Ousar noutro momento,
E o pântano passado,
O dia degradado
A solidão fomento.
8
Só amamos verdadeiramente se amarmos sem causa.
Anatole France
Amar sem ter motivos
Que gerem nova fonte
Abrindo este horizonte
Além dos lenitivos
Estamos bem mais vivos
Aonde o todo aponte
Criando a rara ponte
Sem sermos, pois cativos.
Expresso em verso e paz
O quanto que se traz
E gesta novo sonho,
E nisto o meu caminho
Enquanto em ti me aninho
É mais do que eu proponho.
9
A vida de uma nação, como a de um indivíduo, é uma ruína perpétua, uma sequência de desabamentos, uma interminável expansão de misérias e crimes.
Anatole France
A vida se repete
Nos erros costumeiros
E gera dos canteiros
Apenas o que afete
E marca o que compete
Ao todo em derradeiros
Momentos verdadeiros
Pintando sempre o sete,
E o todo não pudesse
Ainda mesmo em prece
Trazer algum alento,
E sei do quanto pude
Embora mesmo rude,
Um dia em paz eu tento.
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O real serve-nos para fabricar melhor ou pior um pouco de ideal.
Anatole France
O quanto que se quer
E o tanto quando traço
Mudando a cada passo
Num ato em vão, qualquer,
O todo sem sequer
Saber do mundo escasso
E nisto sem cansaço
Enfrento o que vier,
Mas sei do quanto em mim
Traduz o ledo fim
Ou mesmo um novo rumo,
Destarte sendo assim,
Cevando o meu jardim,
Em vago sonho esfumo.
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