terça-feira, 23 de novembro de 2010

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1

As coisas apenas valem pela importância que lhes damos.
André Gide

Variantes diversas
As coisas tanto têm
Que quando num desdém
Aquém do todo versas
Depois já desconversas
Aonde novo alguém
Pudesse e não mais vem
Em sendas mais dispersas.
Porém quando se dera
À face mesmo fera
Momento mais sereno,
O tanto em tez atroz
Moldando nossa voz
Esquece algum veneno.

2

Quando já não me indignar, terei começado a envelhecer.
André Gide

Aceitar o que seja
E mesmo se cruel
Tentar noutro papel
A vida mais sobeja
O quanto não poreja
Em mim do amargo fel,
Mudando sempre ao léu
A sorte não dardeja
E mata o quanto pude
Na minha juventude
Ainda ser liberto,
E o passo sem proveito
No quando em vão me deito
Gerasse este deserto.

3

Nada torna um rosto mais impenetrável do que a máscara da bondade.
André Gide

O ser ou parecer
Protege quem te engana
A face soberana
Esconde o rude ser,
O quanto pude ver
E o tanto onde se dana
A luta mais insana
Gerando o desprazer,
Mascara cada passo
E quando assim eu traço
A rústica faceta
Embora verdadeira
De quem se fez primeira
E agora o fim cometa.

4
A experiência ensina mais seguramente que o conselho.
André Gide

O dia a dia ensina
Bem mais que a teoria,
A sorte moldaria
A face cristalina
E nela se domina
Ou não esta alegria
E mesmo uma agonia
Explode em rara mina,
O prazo terminando
O tempo mais infando
E o corte sem sentido,
Já não mais cabe o tanto
Aonde em vão me espanto
E o fim em dor lapido.


5

Quem não sabe ser feliz em nada pode contribuir para a felicidade.
André Gide

Palavra solta ao vento
Não traz qualquer detalhe
Do quanto se retalhe
A vida em sofrimento,
E quando o novo eu tento
Ainda que ora espalhe
O mundo onde se falhe
Sonega o sentimento,
Mergulho no meu ego
E quando ali trafego
Não vejo qualquer cais,
Destarte a vida traça
A sorte mais escassa
Em ermos temporais.

6


Encontrar uma boa fórmula não basta, trata-se de não a abandonar.
André Gide

A persistência dita
O quanto em resultado
Ainda tento e brado
Ousando além desdita,
E a noite mais bonita
A sorte num traçado
Diverso e mais ousado,
A vida necessita,
E o canto em harmonia
O tempo me traria
Além do mero fato,
E nada mais se vendo
Apenas um remendo
Após e em vão constato.

7

Acredito na virtude dos pequenos números, o mundo será salvo por um punhado de homens.
André Gide

Os poucos escolhidos
Em tantos que chamaste
No fundo em tal contraste
Trazendo em seus sentidos
Momentos decididos
E nisto ao ser uma haste
Supera qualquer traste
Sem passos vãos, contidos.
O todo se apresenta
Na face de somente
Quem tanto se pressente
E vence a turbulenta
Vontade que degrade
Matando a liberdade.

8

Só o ateísmo pode pacificar o mundo de hoje.
André Gide

As ânsias de poder
A face mais atroz
De quem tanto feroz
Só pensa no seu ser,
Negando o amanhecer
Matando além a foz
Calando a nossa voz,
Regida pelo TER.
Negando essencialmente
O amor que tanto tente
Traçado por um Deus
Destarte um mundo imundo
Ao ser nauseabundo
Explode em tons ateus.

50899

Nada embriaga como o vinho da infelicidade.
André Gide

O ser feliz ou não
Traduz o quanto espero
De um mundo sempre fero
Em vago turbilhão
Os dias que virão,
Marcando o mais sincero
No todo onde tempero
Negando esta visão,
Expresso em voz macia
O quanto poderia
E nada mais virá,
Felicidade? Um sonho
E quando eu me proponho
Nada mais sobrará.

50900

Sinto em mim a imperiosa obrigação de ser feliz, mas toda felicidade obtida às custas dos outros me parece odiosa
André Gide

O ser feliz somente
Traduz noutro caminho
Aonde em paz me alinho
E o tanto se apresente
Vencendo este potente
Cenário sendo espinho
Apenas eu me aninho
Num canto pertinente,
Felicidade é justa
Enquanto nada custa
Nem gera o dissabor,
Senão apenas traz
A face mais mordaz,
Em pleno desamor.

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