domingo, 21 de novembro de 2010

50621 a 50630

621

O homem é mais propenso a contentar-se com as ideias dos outros, do que a reflectir e a raciocinar.
Alexandre Herculano


Pensar já nos liberta
E traz em conclusão
Diversa direção
Na porta sempre aberta,
E quanto mais desperta
Mais luzes se verão
Ousando na estação
Além da que disserta,
O canto em livres tons,
Moldando os raros dons
Da liberdade em nós,
Seguir qualquer rebanho
Até num rumo estranho
Destroça a nova foz.

622

Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.
Alexandre Herculano


Errático e mutável
O ser quando evolui
Percebe o quanto flui
Em solo sempre arável,
Assim ao ser notável
O quanto em nós influi
O dia onde se intui
O claro imaginável,
Nesta metamorfose
O tempo dita a dose
E goze a maravilha
De ser além do cais
Vencendo os desiguais
Cenários; onde trilha.

623

O amor do poeta é maior que o de nenhum homem; porque é imenso, como o ideal, que ele compreende, eterno, como o seu nome, que nunca perece.
Alexandre Herculano

O amor idealizado
Em versos e fantasia
Ao quanto poderia
E neste ponto invado
O tempo desenhado
E mesmo em agonia
Ou quando já sombria
A estrada trago ao lado,
E bebo deste absinto
Vibrando o quanto eu sinto
Embora na verdade,
Este imortal desenho,
Ao mesmo tempo venho
Sabendo que degrade.

624

Querer é quase sempre poder: o que é excessivamente raro é o querer.
Alexandre Herculano


A luta não nos cansa
Se for com tal firmeza
Ousando em correnteza
Aonde além se lança
A sorte em esperança
Nos toma e sobre a mesa
A vida em tal surpresa
Ao todo enfim alcança.
Querer com tal vontade
E ter na liberdade
A rota principal,
E o canto mais profuso
Enquanto em sonho abuso
Completando o ideal.

625

Feliz a alma vulgar e rude que crê, e nem sempre sabe que a dúvida existe no mundo!
Alexandre Herculano

Ser ou não ser causando
A dor do que não pude
E sei por vezes rude
Ou mesmo até nefando,
O passo desde quando
Sem rumo desilude
Marcando esta atitude
Num ato em contrabando,
O pensamento algema
E noutro vão problema
A solução diversa
Expressa o quanto dói
O mundo enquanto sói
No nada se dispersa.

626

O segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros.
Alexandre Herculano

O ser feliz é mais
Que a plena sensação
Da nossa dimensão
Em frente aos vendavais
E quando mais atrais
Alentos que virão
Trazer transformação
Em dias desiguais
Ao produzir afeto
Também eu me completo
E sei ser mais feliz,
A vida se reflete
No olhar que me arremete
Além do quanto eu fiz.

627

A ingratidão é o mais horrendo de todos os pecados.
Alexandre Herculano


O quanto nos ferisse
A vida em sortilégios
Diversos destes régios
Caminhos sem mesmice,
O todo não se visse
Além dos privilégios
E os campos e colégios
Ousando onde desdisse
A sorte noutro fato
E sei quando constato
A curva mais fechada,
A sorte se porfia
E nisto esta agonia
Regendo a turva estrada.

628

Saber resistir à violência é forte, mas vulgar; saber resistir à calúnia e aos motejos é maior esforço e mais raro.
Alexandre Herculano

O quando da injustiça
Maltrata e nos revolta,
E o mundo a cada volta
Aumenta esta cobiça
E o quanto é movediça
A estrada onde se solta
A luta sem escolta
A sorte mais mortiça,
Vencer os meus anseios
E crer em devaneios
Aonde nada resta,
Calúnias que enfrentara
A cada vã seara
Aguarda a fina fresta.

629

É erro vulgar confundir o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos; a vontade vence-os.
Alexandre Herculano


Além de algum desejo
Somente por haver
O todo a se querer
Traduz o que ora vejo
Na força do sobejo
E raro perceber
E enfim prevalecer
A cada novo ensejo,
O mundo se traduz
Na imensa e rara luz
Que possa nos guiar
Além do quanto pude,
Vencer com a atitude
O que desafiar.

50630

Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais.
Alexandre Herculano


Os homens, na verdade
Espécie mais venal,
Ainda traz no mau
O olhar que já degrade
Ao conhecer a grade
Expressa em desigual
Caminho onde boçal
Matasse a liberdade,
Espreitas e tocaias
E quanto mais tu traias
Mais pejo enfim mereces,
Invés da plenitude
O quanto desilude
E ainda vens com preces?

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