domingo, 21 de novembro de 2010

50721/30

50721

A preocupação de cada dia em cada dia basta.
Alphonse de Lamartine

Um novo dia traz
Momento mais diverso
E quando me disperso
Olhando para trás
O nada mais audaz
Garante este universo
E nisto vou submerso
Ao passo mais voraz,
Depois de cada engano
A vida em novo plano
Presume outro caminho,
Após a tempestade
O dia quando agrade
Transcende ao mais daninho.

2

Todos procuram um amigo, e ninguém procura ser um deles.
Alphonse Karr

O receber deveras
Nos faz bem mais contentes
E quando em evidentes
Caminhos; destemperas
Ausentes primaveras
Ainda mesmo tentes
Vencer impertinentes
Cenários entre feras,
Marcando cada passo
Aonde o nada eu traço
Vestindo algum futuro
Nas sendas da amizade
O quanto já te agrade
Trazendo o cais seguro.

3


Os auditórios não são constituídos por pessoas que ouvem, mas por pessoas que aguardam a sua vez de falar.
Alphonse Karr

Ouvir é sempre uma arte,
Falar, portanto atrai
E quando a sorte esvai
O mundo não reparte
Gerando então destarte
O todo onde se trai
O passo e já descai
O tempo conflitante,
No caos que se percebe
A vida noutra sebe
Jamais se desenhasse
Certezas são audazes
E nisto então me trazes
A sorte noutra face.

4

O esquecimento é a morte de tudo quanto vive no coração.
Alphonse Karr

O quanto se esquecesse
Do dia que passaste
Gerando este desgaste
E nada mais tecesse,
A vida se perdesse
E nisto um velho traste
Da forma onde o tocaste
Vazio merecesse.
Legados do passado
Aonde e quando invado
O tanto que não pude,
Expresso o mesmo vão
E os dias me trarão
Cenário atroz e rude.

5

Quanto mais isto muda, mais está na mesma.
Alphonse Karr

No ciclo feito em vida
A volta se transforma
Mantendo a velha forma
Já tanto conhecida,
Assim nada valida
A eterna e vaga norma
O passo que deforma,
A sorte resumida,
Esqueça qualquer dia
E veja o quanto havia
Ainda dentro em ti,
E novo amanhecer
Já não pudera ver
Em ti me conheci.

6

O coração precisa encher-se de alegrias ou de dores. Tanto umas como outras o alimentam. O que este órgão não pode suportar é o vácuo.
Alphonse Karr

Ausência do sentir
Sentido já não faz
E mesmo se mordaz
Traduz algum porvir,
No todo a presumir
O passo mais audaz
A luta, a guerra e a paz,
O quanto inda há de vir,
Vislumbro algum anseio
E sei quanto não veio
Do tanto quanto eu quis,
A sorte em dor e riso,
O ganho e o prejuízo
O ser/não ser feliz.

7

Eu creio no Deus que fez os homens, e não no Deus que os homens fizeram.
Alphonse Karr

Um Deus tão vingativo
Humano e de tal forma
O mundo já deforma
E nele ora não vivo,
Um ser mero e cativo
E traz na falsa norma
O passo que deforma
Atroz cenário altivo.
Já tanto apodrecido
Destarte ora duvido
Do amor de ser tão rude,
Amar e perdoar
E assim nos libertar,
E ao frágil sempre ajude.

8

Todo o homem tem três carácteres: o que ele exibe, o que ele tem e o que pensa que tem.
Alphonse Karr

O ser, não ser e crer
Diversa realidade
Aonde se degrade
O raro amanhecer,
E tendo em tal poder
O quanto ora se evade
Matando a claridade
Gerando anoitecer,
O fim e o que se pensa
O nada em tez tão tensa
Produz novo vazio,
E quando me permito
Além de um mero grito
Desnudo me desfio.

9


Deixo a vida como deixo o tédio
Álvares de Azevedo


Apenas tediosa
A vida onde se vira
A sorte em leda mira
E nada se antegoza
O passo ora se glosa
E traz nesta mentira
O quanto que interfira
Na senda pedregosa
E caprichosamente
A dita tanto mente
Gestando outro revés,
A morte me alivia
E gera a poesia
Rompendo tais galés.


50730

Invejo as flores que murchando morrem,
E as aves que desmaiam-se cantando
E expiram sem sofrer...
Álvares de Azevedo

A morte poderia
Trazer o manso cais
E nestes temporais
A vida em fantasia
Gerando esta agonia
Em dias desiguais
Marcando os rituais
E o nada se faria.
Depois de tanto enredo
Ao nada me concedo
E vejo apenas isso,
Mortalha e não reluto
Ainda vendo o luto,
O mero fim cobiço.

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