quarta-feira, 24 de novembro de 2010

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1


O verdadeiro homem mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo.
Antoine de Saint-Exupéry

A força só se vê
Num ato mais audaz
E quando assim se faz
A vida num por que
Ao todo enfim se crê
Gerando além da paz
O passo tão tenaz
Uma alma então se lê.
Ao ver um desafio
Deveras eu desfio
Quem sou; e vejo, enfim
Do quanto possa em vida
Traçar ou não partida
Olhando dentro em mim.


2

A ordem não cria a vida.
Antoine de Saint-Exupéry

A vida se fazendo
A cada instante quando
O todo renovando
Supera algum remendo,
O que pareça horrendo
Aos poucos transformando
Até que do nefando
O raro se tecendo.
Um passo em ordem vária
A luta é necessária
E gera o que virá,
Destarte algum futuro
Desenho claro/escuro
Não vejo desde já.

3

Os homens compram tudo pronto nas lojas... Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos.
Antoine de Saint-Exupéry


Uma amizade é feita
A cada novo dia
E nisto se faria
Aonde além da espreita
A sorte ronda e deita
Bem mais que a fantasia,
Gerando em harmonia
A luta onde se estreita.
Passadas tão constantes
E nisto o que garantes
Deveras nos traçando
Momento mais diverso
Imerso em sonho e verso,
Bem mais que mero bando.


4
O progresso do homem não é mais do que uma descoberta gradual de que as suas perguntas não têm significado.
Antoine de Saint-Exupéry


O que seria claro
Ou mesmo até plausível
Deveras sendo incrível
No nada enfim declaro,
Terreno que preparo
Ao ver grande desnível,
O todo mais possível
Expressa o desamparo,
A quanto mais procuro
Um porto tão seguro
A vida é movediça
Destarte ao mergulhar
Neste infindável mar,
A sorte é vã, mortiça.

5

Não há uma fatalidade exterior. Mas existe uma fatalidade interior: há sempre um minuto em que nos descobrimos vulneráveis; então, os erros atraem-nos como uma vertigem.
Antoine de Saint-Exupéry

O quanto nos atraia
O tanto onde diverso
Caminho do universo
Aos poucos já se esvaia,
E o todo sempre traia
Marcando com disperso
Cenário cada verso
Fugindo desta praia
E quando além provocas
Procuro pelas rocas
E esqueço o manso cais,
Aonde pude em paz,
O tempo mais mordaz
Expressa os temporais.

6

A grandeza da oração reside principalmente no fato de não ter resposta, do que resulta que essa troca não inclui qualquer espécie de comércio.
Antoine de Saint-Exupéry


A verdadeira prece
Não quer qualquer resgate
E nisto se constate
O quanto se oferece,
Não tendo por benesse
A sorte que retrate
Gerando de tal arte
Além do que se tece,
Porém quando se pensa
Na leda recompensa
De que vale oração?
O passo sem valia
Transborda em ironia,
Matando a redenção.

7

Sacrifício não significa nem amputação nem penitência. (...) Ele é uma oferta de nós próprios ao Ser a que recorremos.
Antoine de Saint-Exupéry

O dar-se sem cobrança
Nem mesmo sacrifício
Da perda em precipício
Aonde em vão se lança
A morte da esperança
O corte num ofício
E o tempo noutro início
Enquanto a vida avança.
Oferta da alma pura
No fundo me assegura
De ser também cordeiro,
E o passo que se desse
No encanto em rito e prece
Do amor mais verdadeiro.

8

Os ritos são no tempo o mesmo que o domicílio é no espaço.
Antoine de Saint-Exupéry


Um porto que proteja
Em tantos vendavais
Da vida onde os sinais
Da sorte benfazeja
Aonde se deseja
Ou quero muito mais
Os dias desiguais
A sorte se preveja,
Marcando cada passo
Enquanto em paz eu traço
O tempo nascedouro,
Assim ao me mostrar
E tendo onde ancorar,
Encontro este tesouro.


9

Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.
Antoine de Saint-Exupéry

Caminhos pareados
Permitem muito além
Do que na vida tem
Em atos isolados,
Amar em passos dados
Sem medo e sem desdém
Jamais estando aquém
Em traços compassados.
Vicejar de tal forma
Que nada mais deforma
O caminhante em paz,
E nisto se permite
Além de algum limite
Ser sempre mais audaz.


50950

Amem quem vos comanda. Mas sem lhes dizer.
Antoine de Saint-Exupéry

O amor que silencia
E gera em paz justiça
Impede esta cobiça
Renova uma alegria,
E sem supremacia
O todo de uma liça
Aos poucos já nos viça
E traz a alegoria
Seguir em mesmo passo
Aonde o quanto traço
Presume diferenças,
Mas nisto não se vendo
O fato atroz e horrendo
Que gere desavenças.

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