quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

A ÁRVORE DE NATAL DE CRISTO Adaptação de Marcos Coutinho Loures
Apresentamos hoje, uma compilação que fizemos de um belo conto de Dostoiewsky, intitulado “A árvore de Natal de Cristo”. Vamos a ele:

“Era véspera de Natal e uma criança de seis anos de idade acabara de acordar, naquele porão imundo de uma cidade imensa, onde o frio era tão intenso quanto a fome que sentia...

A mãe parecia dormir e a criança tocou-lhe o rosto gelado, duro como uma rocha, antes de sair para a rua. Ali na calçada, ficou surpreso com a quantidade de gente, de carros que passavam, de neve e de frio!

Um guarda passou por ele e o menino pôs-se a caminhar, até encontrar uma vidraça por onde viu uma árvore de Natal, cercada de crianças brincando, ao lado de uma mesa repleta de brinquedos, enfeites e doces.

O garotinho sorriu mas ao se lembrar da dor que sentia nos dedos da mão, começa a chorar e a correr. Mais à frente, avista novas vidraças através das quais vê outras árvores de Natal, com crianças em volta.

Belas e ricas senhoras abrem as portas de suas casas para que entrem os convidados para a ceia.

Lentamente, o menino se aproxima de uma das casas e entra também .

Mas, ao vê-lo ali, homens e mulheres começam a expulsá-lo para a rua.

Uma gorda senhora tenta oferecer-lhe uma moeda, mas o dinheiro rola pela escada pois os dedinhos endurecidos não conseguem segurá-la...

Ele volta a correr pela noite, até encontrar, diante de uma porta imensa, um grupo de pessoas que se divertem, vendo três enormes bonecos, vestidos de vermelho, com longas barbas, que pareciam vivos! Os bonecos riam, jogavam beijinhos e eram tão engraçados que fizeram o menino sorrir...

De repente, do meio da multidão, sai um garoto maior que puxa a criança pelos cabelos, dá-lhe socos e pontapés e a joga no chão! Sem nada entender, o menino corre, entra num porão escuro e vai se esconder atrás de um monte de lenha, tremendo de medo ... e de frio!

Daí a pouco, foi ele invadido por uma sensação de bem estar! Seus pezinhos e suas mãos não doíam mais e ele começou a sentir calor, muito calor, como se tivessem acendido o fogão de lenha. E foi assim que dormiu!

Foi despertado pela voz da mãe que lhe cantava uma cantiga de ninar e, logo a seguir, por alguém que lhe disse, com extrema doçura:

-“Vem comigo! Vamos ver a Árvore de Natal!”

Quem o estaria chamando , com tanta doçura?

Sem nada enxergar, o menino abriu os bracinhos e alguém o pegou no colo. Ao mesmo tempo, tudo em volta ficou luminoso, resplandecente! E assim, ele viu muitas árvores de Natal e, em volta delas, muitos bonecos.

Bonecos não! Eram crianças luminosas, meninos e meninas que o abraçavam, beijavam seu rostinho e que o levavam, voando, de um lado para o outro!

Mais além, ele vê sua mãe, que lhe sorri.

_ “Mamãe, mamãe! Como é bom estar aqui!”–exclama o garotinho.

E ele abraça seus novos companheiros, conta-lhes a história dos bonecos vermelhos de longas barbas e, finalmente, pergunta onde está.

-“Não sabes? – respondem os novos companheiros – “Esta é a Arvore de Natal de Cristo”. Todos os anos, há uma áravore que Jesus dá às criancinhas que não tiveram Natal, lá na Terra...”

E, lá na Terra, na manhã seguinte, os lixeiros encontraram o corpo congelado de um menino, num pátio vazio, perto de um monte de lenha.

Procuraram por sua mãe e descobriram que ela também havida morrido, um pouco antes dele.

-Com certeza, os dois foram se encontrar lá no Céu – todos disseram, com indizível ternura...

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