quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Ser Mulher ...

Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada
para os gozos da vida; a liberdade e o amor;
tentar da glória a etérea e altívola escalada,
na eterna aspiração de um sonho superior...

Ser mulher, desejar outra alma pura e alada
para poder, com ela, o infinito transpor;
sentir a vida triste, insípida, isolada,
buscar um companheiro e encontrar um senhor...

Ser mulher, calcular todo o infinito curto
para a larga expansão do desejado surto,
no ascenso espiritual aos perfeitos ideais...

Ser mulher, e, oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!

- Gilka Machado, in “Cristais Partidos” 1915.


A humanidade dita em normas pútridas
imagens que permitem me dizer
da farsa quando molda algum prazer
em cenas sem poesias, ditas lúdicas.

e quando vejo exposta as mais estúpidas
riquezas onde a vida possa ter
a nobre qualidade do saber
vendida em cenas torpes, toscas, múltiplas

não quero a mulher santa, nem tampouco
aquela que é vendida em estatísticas
desnuda em poses sórdidas e "artísticas",

o muito a se fazer parece pouco,
na troca entre prazeres, o segredo,
que faz do amor imenso o fácil enredo...

Marcos Loures.

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