34701
Em formas tão diversas, alvos sonhos
E neles entre luzes ritos risos
Bebendo deste absinto em paraísos
Traçando em tramas dias mais risonhos,
E quando novos templos vãos medonhos
Perdendo os mais complexos dos juízos
Em toques sensuais e mais precisos
Os dias não seriam enfadonhos.
Vibrando nos cristais que a mim legaste
O quanto do passado em tal contraste
Transcende à própria vida e rege o encanto,
Por tanto ao adentrar farta ilusão
Arando com ternura a sensação
Intensa e libertária, em sonhos canto.
34702
Ausente dos meus olhos as neblinas
Das tardes tão brumosas, nem notícias
Enlanguescida imagem diz delícias
E delas com delírios me fascinas,
Enquanto ao mesmo tempo desatinas
Deixando para trás loucas sevícias
Bebendo das entranhas em carícias
Aonde dessedento e me dominas,
Ao vento expondo os guizos da alegria
E quanto mais feliz, mais poderia
Alçar em luzes fartas sóis imensos,
Vibrando em sincronia passo a passo,
Seguindo da emoção diverso traço,
Momentos prazerosos mais intensos...
34703
Em cristalinas ânsias meu desejo
Angustiadamente bebo em gotas
O quanto do passado em luzes rotas
Agora se mostrando mais sobejo,
E quando num delírio já prevejo
Prazeres onde tanto quero e esgotas
As fontes mais audazes sem mais cotas
Invado cada gozo num arpejo
E tento muito além do que pudera
Revivo a cada instante a primavera
E beijo cada rastro que deixaste
A vida se refaz intenso brilho
E quando sobre as nuvens ando e trilho
Usando esta paixão qual fosse uma haste.
34704
Seguindo as trilhas feitas em incensos
Desejos saciados noite afora,
A fúria sem limites quando ancora
Momentos delicados, onde imensos
Delírios traduzindo por intensos
Caminhos onde a fonte se demora
E bebe e dessedenta e nos devora
Ardentes emoções em ritos tensos,
Estrelas em sidéreas ilusões
Vagando sem destino ou direções
Adentram nosso quarto em luminárias
E as ânsias se transbordam nos olhares
As tramas e os lençóis, nossos altares
Em turbas violetas, claras, várias...
34705
Imagens vaporosas, gozos tantos
Adentro-te e penetrado cada espaço
E quando saciado eu me desfaço
Envolto pelas ânsias teus encantos,
Revoltas tempestades em recantos
Aonde se percebe cada traço
Bebendo gota a gota passo a passo
Vibrando em sincronia, raros cantos,
Sorrisos histriônicos, delírios
Legando ao jamais sido tais martírios
Em lírios e promessas, noite avança
Perfumes, em incensos, gozo farto,
Assim a cada essência nosso quarto
Gerando com ternura esta aliança.
34706
Sentindo este frescor primaveril
Da deusa já desnuda em minha cama,
O quanto deste Anseio ora me inflama
Além do que deveras se previu,
Gerando a tempestade em raro ardil,
Adentro sem limites cada trama
E quando para além o gozo clama
Encontro o meu desejo mais viril,
Penetro mansamente esta guarida,
E assim ao desenhar a nossa vida
Em furiosas sendas magistrais,
Do quanto se deseja e se pretende
Caminhos que a vontade já desvende
Querendo insaciável, muito mais.
34707
Adentro este canteiro feito em rosas
E sinto o teu perfume em cada passo,
E quando nos delírios me desfaço
Em sendas divinais e prazerosas,
Bebendo destas noites vaporosas
Cenário que deveras quero e traço,
Sorvendo cada gota me embaraço
Nas tramas desta deusa, majestosas.
Esqueço os descaminhos de uma vida
Há tanto noutra cena sendo urdida,
E agora redimida em gozo e festa,
Assim a vida outrora em dor e treva
Aos poucos noutro rumo já me leva,
Abrindo da esperança imensa fresta.
34708
Suprema maravilha em gozos tantos
Raríssima presença em divindade
A fúria de um delírio que me invade
Gerando com ternura tais encantos,
E assim entre meus versos os quebrantos
Ausentes novo sonho adentre e brade
Gestando finalmente a claridade
E dela se tramando ausentes prantos,
Recebo extasiado cada gole
Do amor que me domina e se me engole
Transforma a minha vida, num instante,
E o quanto no passado fora dor
Agora se transforma em nova cor,
Cenário realmente deslumbrante.
34709
Sentindo o teu perfume pela casa,
Adentrando o meu quarto, no meu leito,
O amor sem ter juízo, toma o pleito
E o gozo sem limites já me abrasa,
O tempo noutro tempo não defasa
E o quanto agora sinto satisfeito
Desejo desde sempre sendo aceito
No qual a minha vida ora se embasa,
Uma vontade imensa domina a alma
Certeza deste encanto tanto acalma
Transcende à própria vida, eternidade.
E sei quanto é possível ser feliz,
O amor que tantas vezes bem mais quis
Trazendo em glória plena a liberdade.
34710
Não vejo e nem pretendo mais ocasos
Na vida feita em luz iridescente
O amor quando demais, a gente sente
E mesmo quando sinto os teus atrasos
Vivendo a sensação de novos casos
Andando lado a lado plenamente,
A sorte se mostrando não mais mente
O encanto se fazendo além dos prazos,
Ascendo ao que pudesse ser maior,
Caminho para a glória sei de cor,
Passando por teus braços, corpo e gozo,
Assim o quanto posso e mais anseio,
Bebendo sem juízo e sem receio,
Do quanto o mundo vejo majestoso.
34706
Sentindo este frescor primaveril
Da deusa já desnuda em minha cama,
O quanto deste Anseio ora me inflama
Além do que deveras se previu,
Gerando a tempestade em raro ardil,
Adentro sem limites cada trama
E quando para além o gozo clama
Encontro o meu desejo mais viril,
Penetro mansamente esta guarida,
E assim ao desenhar a nossa vida
Em furiosas sendas magistrais,
Do quanto se deseja e se pretende
Caminhos que a vontade já desvende
Querendo insaciável, muito mais.
34707
Adentro este canteiro feito em rosas
E sinto o teu perfume em cada passo,
E quando nos delírios me desfaço
Em sendas divinais e prazerosas,
Bebendo destas noites vaporosas
Cenário que deveras quero e traço,
Sorvendo cada gota me embaraço
Nas tramas desta deusa, majestosas.
Esqueço os descaminhos de uma vida
Há tanto noutra cena sendo urdida,
E agora redimida em gozo e festa,
Assim a vida outrora em dor e treva
Aos poucos noutro rumo já me leva,
Abrindo da esperança imensa fresta.
34708
Suprema maravilha em gozos tantos
Raríssima presença em divindade
A fúria de um delírio que me invade
Gerando com ternura tais encantos,
E assim entre meus versos os quebrantos
Ausentes novo sonho adentre e brade
Gestando finalmente a claridade
E dela se tramando ausentes prantos,
Recebo extasiado cada gole
Do amor que me domina e se me engole
Transforma a minha vida, num instante,
E o quanto no passado fora dor
Agora se transforma em nova cor,
Cenário realmente deslumbrante.
34709
Sentindo o teu perfume pela casa,
Adentrando o meu quarto, no meu leito,
O amor sem ter juízo, toma o pleito
E o gozo sem limites já me abrasa,
O tempo noutro tempo não defasa
E o quanto agora sinto satisfeito
Desejo desde sempre sendo aceito
No qual a minha vida ora se embasa,
Uma vontade imensa domina a alma
Certeza deste encanto tanto acalma
Transcende à própria vida, eternidade.
E sei quanto é possível ser feliz,
O amor que tantas vezes bem mais quis
Trazendo em glória plena a liberdade.
34710
Não vejo e nem pretendo mais ocasos
Na vida feita em luz iridescente
O amor quando demais, a gente sente
E mesmo quando sinto os teus atrasos
Vivendo a sensação de novos casos
Andando lado a lado plenamente,
A sorte se mostrando não mais mente
O encanto se fazendo além dos prazos,
Ascendo ao que pudesse ser maior,
Caminho para a glória sei de cor,
Passando por teus braços, corpo e gozo,
Assim o quanto posso e mais anseio,
Bebendo sem juízo e sem receio,
Do quanto o mundo vejo majestoso.
34711
A dor alheia aos sonhos, fugidia
Escapa finalmente dos meus sonhos,
Momentos que vivera tão medonhos,
Agora nada passa de heresia,
Vivendo o que pudesse noutro dia
Sabendo dos passados enfadonhos,
Resisto e busco além os mais risonhos
E neles entranhando a melodia
Que possa redimir o ledo engano,
E assim ao resumir em dor e dano
O quanto já sentira eu posso ver
Após a tempestade esta bonança
Meu passo rumo ao farto agora avança
Marcado pelas sendas do prazer.
34712
Visões de outros momentos mais felizes
Redimem cada dor que porventura
Ainda me trouxer esta amargura
Em meio às tempestades e deslizes,
E quanto mais do amor ainda dizes
Maior esta vontade de procura
E nela se embrenhando em tal brandura
Esqueço se vierem novas crises,
A cama, a chama, a trama, a fúria intensa
A cada novo instante nos convença
Da doce maravilha do querer,
Podendo usufruir cada segundo
Nas ânsias dos prazeres me aprofundo,
Ressoa esta emoção e faz viver.
34713
Ouvira em dias duros, soluçantes
Palavras onde a dor reinara e agora
Após a tempestade o sol aflora
Em raios bem mais fortes, deslumbrantes,
Vivendo cada amor e me agigantes
No quanto este prazer já sem demora
Aos poucos me invadindo me devora
E bebo deste néctar por instantes.
Resumo a minha vida neste fato,
E quanto mais a ti, amor eu me ato
Maior esta certeza de um amanhã
Redimes com ternura cada dor,
Cenário mais sutil, transformador,
Deixando para trás sorte malsã.
34714
Venenos em volúpias, gozos fartos,
Delírios entre tantas maravilhas
E quando noutros sonhos inda trilhas
As ilusões invadem camas, quartos,
Os olhos desejosos te ansiando,
O tempo noutra fase se mostrara
E a vida como fosse bem mais rara
Um templo pouco a pouco se moldando
Nas tramas desta fúria ensandecida
Gerando em plenitude cada orgasmo,
Olhar suave e manso, segue pasmo,
A sorte noutra senda embevecida,
Adentro os paraísos que me dás
E encontro finalmente a minha paz.
34715
Momentos radiantes, luzes, brilho...
O quanto do desejo em ti sacio,
E bebo cada gota deste rio
Por onde com certeza maravilho
O velho coração de um andarilho
Há tanto em loucura e desvario
Agora ao te encontrar, raro rocio,
Não vejo em minha vida um empecilho,
Resgato desta forma a minha sorte
E fujo com certeza de uma morte
Que há tempos desejara em salvação,
Entranho-me deveras nas veredas
E quanto mais também queres e cedas,
Maiores são tais laços da paixão...
34716
Apenas tão somente um ser humano
Com medos, com angústias, com amores,
Cevando meus espinhos, minhas flores
A cada novo tempo um desengano,
E quando na verdade eu já me dano
Revejo com ternura outros albores
E busco serenar-me, nego as dores,
E mudo vez em quando o velho plano,
Do pano se esgarçando ou já puído,
O amor há tanto tempo em paz sentido
Ou mesmo furioso em tempestade,
Assim passando a vida, vou ao largo
Do sonho que deveras nunca largo,
E dele bebo à farta a claridade...
34717
Ansiosamente busco em prece e riscos,
Viver o que pudesse me trazer
Alguma forma mesmo de prazer
Embora saiba os sonhos mais ariscos,
Assim ao mergulhar em velhos discos
E neles como fosse me embeber
De um tempo sorridente, posso ver
Inúteis tempestades, bons petiscos,
E a vida se renasce na canção
Distante melodia, tempo em vão,
Amor se renascendo ou jaz ao lado,
De tantas emoções ou medos somas,
Durante a minha vida, vários comas,
Mas de sonhar jamais estou cansado.
34718
Ardendo o coração em vozes tantas
Que quando me percebo, novamente
Envolto pelos sonhos, velho crente,
Enquanto com sorrisos tu me encantas,
E volto aos meus tropeços quando cantas
Traçando outro momento em minha mente,
O tempo na verdade me desmente
Porquanto cada luz mais agigantas.
Assim ao assistir a caminhada
Rumando para o todo ou para o nada,
Esgoto-me nas ânsias de quem sabe
Que a vida bem diversa deste anseio,
É como um duro e doce, tênue veio
Até que a qualquer dia enfim se acabe.
34719
Clamando dentro em mim este oceano
Aonde poderia em ondas, praias
Vencer os meus caminhos ou já traias
Quebrando algum encanto, abaixo o pano,
E quando noutro tempo em paz me ufano,
Ainda quando em gozos já desmaias
Ou mesmo se percebem que retraias
Nas ânsias onde tento e ora me dano,
Eu singro sem pensar em porto e cais,
Querendo deste tanto um pouco mais
Embora tão finita e curta a estada
Pudesse novamente desvendada
Ainda mesmo em fúrias, temporais.
34720
Padeço deste bem e deste mal,
E neles entranhando dia e sonho,
Porquanto cada verso que componho
Qual fosse algum tormento ritual,
Singrando o meu passado perco a nau,
E o todo se desenha mais bisonho,
Enquanto na verdade me proponho
A crer numa esperança de degrau.
Amar e ser feliz, filhos e netos,
Os dias desta forma mais completos
As horas somam dias meses anos
E quando no final se nada eu fiz
Deveras sofredor e tão feliz,
Equilibrando ao fim ganhos e danos...
34721
Rolando pela vida sem paragem
Vagando qual cometa em noite insana
Minha alma tantas vezes já se dana
E tenta vislumbrar qualquer miragem,
Pudesse transformar a velha aragem
Na imagem que pretendo soberana,
O amor quando se mostra e mais engana
Ou trama novo tempo em vã barragem
Expressa a realidade desta vida
Que enquanto nos agrada e nos acida
Transcorre entre tempesta e calmaria,
Assim ao se mostrar esta faceta
Minha alma se permite a ser cometa
Tão curto na verdade eu vejo o dia.
34722
Ainda que inda exista em mim a crença
De um tempo mais feliz após o fim,
Pudesse cultivar novo jardim
Aonde cada verso me convença
Por mais que a realidade já compensa
Quem sabe no final eu possa assim
Ao transcender a vida ter enfim
Esta amplidão que busco, vasta e imensa.
Não tento novamente outro caminho,
Resisto aos meus anseios, farto espinho
Gestara tão somente esta incerteza,
Não tendo mais a força que pensara
No espelho esta verdade se escancara
Então sigo ao sabor da correnteza...
34723
Por vezes em total desinteresse
Seguindo por seguir sem mais pensar,
Tentando tão somente navegar
Por mais que o braço ainda não mais tece
O quanto se pudesse noutra messe
Quem sabe novamente imaginar...
Mas tudo se perdendo devagar
Somente o fim em gotas se oferece.
Porém não saciado, não sacio,
E quantas vezes teimo em mesmo rio,
Sabendo desta foz inevitável,
O solo sendo fértil permitira
O sonho enclausurado e esta mentira
A cada dia sinto mais mutável.
34724
Horrores entre cenas deslumbrantes
Momentos tão diversos costumeiros
E nele estes cenários verdadeiros
Nos quais ou pelos quais tu me adiantes
Os dias que virão, sendo inconstantes
Dos tempos que não sei se mensageiros
Deveras são nefastos e ligeiros,
Resumem tanto lixo ou diamantes,
Um ser que da inconstância faz seu mote,
A cobra se prepara para um bote
Ou mesmo quieto e até vitimizado,
Eu sigo em garras presas e carinhos,
Floresço meus momentos entre espinhos,
A dúvida que herdei é meu legado.
34725
Não me satisfaz uma atitude
Que possa me trazer um dano ou gozo
Se tudo não pudesse caprichoso
Caminho que deveras já se mude,
O quanto do que sou se tanto ilude
Pudesse traduzir o pedregoso
Cenário muitas vezes majestoso
Numa inconstância lógica e tão rude.
Eu sei que posso ser se bem quiser
O fato, a discrepância, o medo e a adaga
E quando andando à solta nesta plaga
A fera que persiste viva em mim,
Demonstra a maciez de quem não cabe
No corpo que o contém, mas já desabe
O tempo quando exposto e chega ao fim.
34726
Enquanto me dourando crime e pena
O tempo não reduz a imensa fúria
Da fera que incrustada gera a incúria
Nem mesmo uma incerteza me serena,
Por outro lado uma alma mais amena,
Adentra com ternura e na penúria
Percebe com minúcias a lamúria
E a própria violência já condena,
Dos dogmas e das crenças sigo ileso,
Mas quando me percebo ainda prezo
Os velhos rituais ditos virtudes,
Assim em tal cenário discrepante
Eu sei que na verdade sou mutante
Que a cada novo impasse tu transmudes.
34727
Devoro minha sombra se preciso,
E creio na nefasta divindade
Que tanto possa ser futilidade
Ou mesmo me negar um paraíso,
O quanto do desejo que preciso
E a fúria quando insana toma e invade,
Na farta incoerência bem mais brade
A face pela qual ora matizo.
Esboço do que fora no passado
Um ser pacato, ao menos mais comum,
Do todo que pensara sou nenhum,
E vejo este cenário de bom grado,
Enquanto carcomido me liberto,
E os medos e pruridos eu deserto.
34728
Residem dentro em mim diversos seres
E deles me aproveito vez em quando
E tento noutra forma transformando
Dispersas sintonias dos quereres,
Por isto quando enfim, quieto me veres
No olhar às vezes duro ou noutras brando,
Um ser que sinto ao fim me incorporando
Transforma meus anseios em poderes.
Mas nada represento nem perigo,
Do todo ou mesmo pouco que inda abrigo,
Apenas são fantoches e bufões,
Domino ou mal consigo, mas me aquieto
Rasgando dentro em mim nefasto feto
Deixando-o em mais sutis exposições.
34729
Demônios que carrego no meu peito,
Em plena divindade de um perdão,
Ou noutra face vil exposição
Do quanto ou do bem pouco que eu aceito,
Um ser tão inconstante ora imperfeito
Vagando sem sentido e direção
No tempo ou no vazio a solução
Agigantada forma mal me deito.
Mutáveis os delírios, meus anseios,
E sigo por caminhos vários, veios
Que possam transcender à plenitude,
Porém sigo calado ou mesmo esparso
Um monstro que carrego mal disfarço
Por vezes carinhoso em tantas rude.
34730
Momentos de grandeza ou de tortura
A sorte discrepante de quem tenta
Sabendo do furor de uma tormenta,
E assim embalde mesmo se procura,
Vivendo cada sonho e em tal fartura
O todo que me aplaca e me apascenta
Ao mesmo tempo atroz já violenta
Na doce sensação farta amargura.
A fera que acalento num gradil,
O tempo mais atroz jamais me viu,
Mas vil, eu permaneço atocaiado,
Porquanto sou venal, ou mesmo manso,
Na face transmutável eu me alcanço
Ignorando sequer culpa e pecado.
34731
Pudesse grandeza
No passo feroz
Aonde sem voz
Sigo correnteza
Sem ser esta presa
Nem mesmo este algoz
Caminhos em nós
Sobeja beleza.
Adentro infinito
E quando reflito
Amor que me dás
A vida refeita
Num sonho se deita
Descansando em paz.
34732
Amor consciência
Do todo que deve
Assim bem mais leve
Do quanto em ausência
E nele a clemência
Ainda se atreve
E quando se é breve
Vital coerência
Gerando o caminho
Sem pedra ou espinho
Sem perda nem dano,
Viver desta forma
Que tanto transforma
Distante do engano.
34733
Em êxtase tanto
O amor se bendiz
Vivendo o que quis
Gerado no encanto
Se ainda te canto
O coração diz
O quanto é feliz
Em calmo recanto
Cevando com sorte
Quem tanto conforte
Em luz e me guia,
Singrando este mar
Podendo te amar
Gestar fantasia.
34734
O canto bendito
De quem se fizera
Além de uma espera
Além do infinito,
O quanto acredito
Na luz que tempera
Na paz desta fera
No bem, claro rito,
E tento este fato
Aonde retrato
O mundo que busco,
Meu passo suave
Sem nada que agrave
Jamais se faz brusco.
34735
Dois corpos unidos
Os sonhos conjuntos,
Assim vamos juntos
Diversos sentidos,
A pele compele
O tanto se quer,
Um homem, mulher
Ao quanto se atrele
E risca este espaço
Vagando sem rumo,
No quanto te assumo
No todo te faço,
Teu mundo conduz
Bêbado de luz.
34736
Vital natureza
Que tanto se quer
Sem ter um sequer,
Assim posta a mesa
Em farta beleza
Venha se vier
A dor ou qualquer
Tortura ou tristeza
Ao ver tanta luz
No quanto compus
O mundo que é nosso
Saber da verdade
Sem medo ou degrade,
Além do que eu posso.
34737
As almas tocando
Os mesmos acordes
No quanto concordes
No amor desde quando
O tempo rondando
E dele recordes
Ou mesmo discordes
Porém em tom brando,
Seguindo deveras
Sem medo das feras
Distante tocaia,
Amar ser feliz,
E tanto se fiz
Jamais nada traia.
34738
Imenso infinito
Nos corpos que tentam
E sempre se atentam
Ao mesmo bom rito,
No quanto bendito
Porquanto se alentam
Amores freqüentam
No quanto acredito
E vivo este instante
Aonde agigante
Meu canto suave,
Não tendo disfarces
Nem nada que esgarces
Nem medo que entrave.
34739
Amor em mistério
Viceja e transtorna
Enquanto retorna
Sem medo ou critério,
Etéreo momento
No qual mergulhando
Eu vejo este bando
De nuvens ao vento
Sedenta vontade
De ter cada instante
O quanto adiante
Ou mesmo me agrade,
Redime esta vida
Há tanto sofrida.
34740
Surpresas à parte
Amor não se cala
Adentrando a sala
Os sonhos reparte,
Enquanto sendo arte
A sorte avassala,
Montanhas escala
E nunca se farte.
Traslado de sonho
Ainda componho
Meu mundo no teu,
Certeza adiante
Do quanto agigante
O tanto se deu.
34741
No quanto isolada
A vida se dera
Gestando a quimera
Já tanto cansada
Da luta, esta espada
Perdida em espera
No quanto pudera
Ou mesmo diz nada,
Resumo o meu canto
No pouco ou no tanto
Que tento após isto,
E sei que em verdade
Amor e saudade,
Por vezes insisto.
34742
Distantes tais mares
Dos olhos de quem
Ainda convém
Lutar por luares,
Enquanto me amares
Sem medo ou desdém
Vivendo este bem,
Cevando pomares,
Meus dias felizes
Aonde me dizes
Dos sonhos iguais,
Traçando em resumo
Caminho que assumo
Em tons divinais.
34743
A sombra do quanto
Já fora em passado
No olhar disfarçado
O medo e o quebranto
E quando me espanto
Ao ver o legado
Assim sendo herdado,
Fatal desencanto,
Resumo meu mundo
No quanto me inundo
Do fel que me dás,
Assim poderia,
Mas sendo vazia
A vida sem paz.
34744
Dolorido caminho
Na busca do farto,
E quando me aparto
Seguindo sozinho,
Cevando outro espinho
Além do meu quarto
Meu sonho reparto
E bebo este vinho
Gerado no fato
Aonde eu maltrato
Azedo esta vida,
Sem ter alegria
O quanto regia
Fatal despedida...
34745
O sonho repete
As ânsias do dia
E quando sombria
A vida arremete
Ao quanto compete
Quem tanto porfia,
Vagando ironia
Negando o confete,
Escuto esta voz
E nela este algoz
Enfim vocifera,
Quem tenta outra face
Gerada no impasse,
Encurrala a fera.
34746
Deitando por sobre
Meu manto em frangalhos
Os dias atalhos
O vago descobre
E tudo recobre
Ainda tais galhos
E neles os talhos
O tempo redobre,
Vasculho os pedaços
E sinto teus passos
Na sala, na casa.
O quanto desejo
Além do que vejo
Vida nunca embasa.
34747
Ao tentar uma ilha
Aonde pudesse
Viver o que tece
Cevar o que brilha,
A sorte não trilha
Caminhos em messe,
E nada obedece
Ou mesmo a matilha
Dos sonhos mordazes
Que agora me trazes
Qual fosse tocaia,
E bebo este roto
Delírio em que esgoto
De um mar sem a praia.
34748
Banhado por sonho
Vivendo o que possa,
Ainda diz troça
O mundo medonho,
O quanto reponho
Da sorte que é nossa
Vencendo se adoça
Ou mesmo o tristonho
Delírio forjado
Nas tramas, legado
De quem se pudera
Tentar novo dia
Ou mesmo queria
Conter esta fera.
34749
A sorte no exílio
O mundo se trama
Na fúria da chama
No drama um idílio,
O quanto não posso
Viver qualquer luz,
Ao fardo conduz,
E assim tal destroço
Vagando sem rumo
Sem nexo ou caminho,
No nada me aninho
E aos poucos me esfumo,
Restando um sinal
Ao menos; venal.
34750
Diversos os prantos
Ou mesmo os sorrisos
E neles precisos
Os vários encantos
Das vidas aos cantos
Sortes, prejuízos
Em dias concisos
Ou velhos espantos.
Restando calado
O quanto do fado
Pudesse sentir
Não tendo saída
A morte ou a vida
O que inda há de vir...
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