quinta-feira, 3 de junho de 2010

35131 até 35140

1

Vagasse assim pelos
Caminhos diversos
E tanto em meus versos
Pudesse em apelos
Momentos revê-los
Em dias reversos
Morrendo dispersos
Os mesmos novelos
Enredam-me passos
E tramam sem traços
Destroços e escórias
Viessem sem rumo
E quando me esfumo
Tu ris em vitórias.

2

Cantem outros hinos
Ou mesmo pedaços
Dos dias escassos
Os restos ladinos,
Vitrais cristalinos,
Sequer sei os traços
E quando sem laços
Bebendo destinos
Dispenso este enredo
E assim se procedo
Vasculho os sinais
Do corvo que eu trago
Cevando este estrago
Em meus vendavais.

3

Que o pólen da vida
Transforme este tanto
Aonde em quebranto
Imagem perdida
Ou noutra surgida
E quando me espanto
Ainda se encanto
A sorte rendida
O peso do fardo
O corte, outro cardo,
A paz desejada
Depois do que tente
Ou nada apresente
Visão descorada.

4

Colhendo tal ouro
Aonde se vira
Apenas mentira
Falso ancoradouro
E sendo que douro
O mundo retira
A pedra desfira
E mate o tesouro,
Sedento do nada
A sorte traçada
Nas ânsias sutis
De quem se fez parco,
E agora se embarco
Meu sonho eu desfiz.

5

Os sonhos mais finos
Olhares vagando
No tempo cevando
Sonhos diamantinos
Resumo sem tinos
Percorro este infando
Em bando, remando
Contrários destinos.
Acossam-me medos
E tantos segredos
Resumem no vão,
Assim nada tendo,
Nem mesmo podendo
Completa aversão.

6

Rondando tais astros
Aonde eu pudesse
Tivesse a benesse
De ter novos lastros
E quando sem rastros
A vida se tece
E o nada obedece
Destroços de mastros
Levando ao vazio
E quando este rio
Desvio conduz
À foz mais dispersa
A sorte não versa
Negando uma luz.

7

O quanto fecunde
O solo se agreste
No quanto vieste
No tanto redunde
O sonho se funde
E a sorte reveste
Enquanto se investe
E assim me confunde,
Restara do todo
Apenas o lodo
E nele entranhando
Bebendo do vago,
Caminho que trago
Em ar mais nefando.

8

No quanto o reclame
No tanto caminho
O verso sozinho,
Imenso derrame.
Assim já se inflame
O vento mesquinho
E nele o moinho
Ainda mais clame,
Resumo do farto
Aonde descarto
O quanto pudera,
No fim dos meus dias
Apenas vazias
As garras da fera.

9

Pudesse e não rime
Caminho com sonho
Se ainda componho
Ou mesmo redime,
A cena do crime
Num ar enfadonho,
O parto bisonho
O corte suprime
E o nada apresenta
A foz violenta
Do rio que trago,
Morrendo sem ter
Aonde poder
Saber de algum lago.

10

A noite se clara
Pudesse tramar
Além do luar
O quanto declara
E tanto se ampara
Na ausência a vagar
Riscando e tocar
O porte da escara
Arcando com erros
Venenos, desterros
Seguindo o meu pouco,
Mortalha tecida
Durante esta vida
De um ser quase louco.

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