quinta-feira, 3 de junho de 2010

35281 até 35290

1

Dos versos e dos sonhos, mil amores
Brotando nos canteiros da esperança
Enquanto a vida segue e o tempo avança
Seguindo cada passo aonde fores,
Porquanto existam fartos dissabores
A vida quando é feita em aliança
Permite ao tempo enquanto o mesmo avança
Que sejam desvendadas raras cores,
Adentro paraísos quando sonho
E tento noutro tanto mais risonho
Um mundo aonde o verso determine
A força inusitada em que a emoção
Trazendo sempre tanta inspiração
Qual fonte deslumbrante nos redime.


2

A luta contra as várias armadilhas
Que o tempo nos prepara a cada instante
Por mais que o mundo seja deslumbrante
A sorte dependendo destas ilhas
Aonde em esperanças tu palmilhas
E segues teu caminho e me adiante
O quanto possa ser tão fascinante
O mundo em deveras sempre brilhas
Servindo-me de luz e de farol,
Dourando com ternura este arrebol,
Intensa majestade que ora canto
Num verso desejoso e mais audaz,
Assim do quanto a vida já nos traz,
Eu sou de ti somente um helianto.

3

A vida se perfila em vãs loucuras
E delas sorvo além de meras luzes
Decerto com ternura me conduzes
E são diversos riscos nas procuras
Aonde com certeza tu me curas
Das dores e dos medos se reluzes
E quando nos teus passos reproduzes
Momentos entre tantos com branduras
Permites que eu conceba a liberdade
Que agora neste instante toma e invade
Refletindo somente o que há em ti
Depois de tanta luta vida afora
Somente esta certeza revigora
Viver o que deveras já perdi.


4

A minha mais completa ansiedade
Gerada pela angústia em vão tormento
E quando cada sonho eu alimento
Na fonte incomparável da verdade
Apenas este brilho mor invade
Deixando bem mais leve o pensamento,
Ausenta de meus olhos sofrimento
Não há sequer a sombra que degrade,
Realça-se o caminho mais feliz
E vivo todo o bem que sempre quis
Alçando com ternura o que pudera
Vencer os desafios mais terríveis
Vibrando com meus sonhos mais plausíveis
Aquietando assim qualquer quimera.

5

No quanto desta vã e frágil presa
Entregue aos mais terríveis predadores,
Os sonhos invadidos quando os pores
Além da imensa e forte correnteza,
Sentir a cada passo uma surpresa
Vencendo os vãos espinhos sei das flores
E bebo com ternura tais sabores
Do sonho me servido em sobremesa.
Gozando deste fato eu posso crer
Nas várias ilusões e no prazer
De um tempo em que talvez a fantasia
Por tanto abandonada tome o prumo
E dê-se sem limites ao consumo
De quem sonha com paz e poesia.

6

A vida tantas vezes nos tortura
Gerando outros tormentos corriqueiros,
Mas quando nos meus olhos jardineiros
As flores rebrotando em tal cultura
Permite-me sonhar com mais ternura
Vencendo os meus diversos espinheiros
Os passos mais libertos e ligeiros
Aonde esta emoção eu sei, perdura.
Saber das variantes deste tempo
Traçar alguma luz no contratempo
Seguindo sem temor a vida enquanto
O mundo desafia com seus ermos,
Usando das palavras, mansos termos,
No todo e na parcela em que ora canto.

7

As cóleras comuns de quem jamais
Um dia percebera alguma chance
Da vida que decerto em paz alcance
Vencendo os mais dispersos venais
Momentos em que tantos vendavais
Tomaram meu olhar por onde lance
Da sorte nem sequer algum nuance
O amor não se daria nunca mais.
Aprendo a caminhar contra a maré
E sei que ainda guardo esta galé
E dela vez em quando sou cativo,
Mas mesmo assim não temo o descaminho,
Vivendo neste mundo tão mesquinho
Apenas tão somente eu sobrevivo.

8

Os dias entre anelos invisíveis
Atando-se nas mãos imensidades
No quanto bem mais forte ainda brades
Vencendo dias turvos e impossíveis
Rendendo ao mais sobejo sem desníveis
E neles percebendo intensidades
Diversas ao sabe destas verdades
Os tempos se mudando, mais plausíveis,
Resumem cada passo rumo ao tanto
E se deveras penso ainda e canto
Entranham-me tais versos: emoção
Rondando cada noite mais sombria
Certeza de algum sol raiando o dia
O vento se perdendo sem noção.

9


Não quero sensações que possam ter
Conotações diversas da esperança.
Mas quando a dor renasce na lembrança
Apenas o vazio por colher,
A sorte inutilmente a se estender
Buscando qualquer forma de aliança
Enquanto o tempo amarga e assim avança
Meu mundo pouco a pouco a se perder.
O caos gerado em mim pelo vazio
Aonde com terrores me desfio
E tento vislumbrar um horizonte
Depois de cada instante nada tendo,
Searas da ilusão sei e desvendo
Sem ter sequer futuro que se aponte.


10

As rosas entre tantas no jardim
Colhidas por quem ama em tal perfume
Diverso do que sei já de costume
Refletem muito além dentro de mim,
Pudesse ser a vida sempre assim,
E ter esta certeza feito um lume
No quanto cada tempo e sem ciúme
A esperança jamais chegasse ao fim,
Ao ver esta emoção neste canteiro
O amor mais delicado e verdadeiro
Alçando o que inda possa além de tudo,
Não tenho mais sequer nada a pedir
Da sorte bebo enfim raro elixir
E nunca errando o passo mais me iludo.

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