1
O quanto por fazer
Galgar qualquer espaço
Aonde ainda escasso
O mundo sem prazer
Vibrando no querer
Depois descanso lasso
E tanto posso e faço
Além do amanhecer,
Vivendo fartamente
O amor quando se sente
É tudo e não se cansa
Enquanto a gente sonha
A vida se componha
Bem mais do que se alcança.
2
Amada sendo minha
A luz que é também tua
Enquanto beijo a lua
Em ti já se adivinha
A sorte que continha
E tanto continua
Desvenda-se assim nua
A deusa, esta rainha
E nela me revelo
Adentro este castelo
E como um cavaleiro
Percebo muito mais
Do quanto em magistrais
Caminhos eu me inteiro.
3
Minha alma sendo escrava
Do tempo e da vontade
No quanto tanto agrade
A sorte vira lava
Enquanto nada agrava
Temor ou tempestade
Vivendo esta saudade
E nela sem a trava
Que possa me impedir
De tanto prosseguir
Vereda majestosa,
Assim a nossa vida
Aos poucos, distraída
Cevando luz e rosa.
4
Amor quando se fez
Além de qualquer cais
Vencendo temporais
Adentra em altivez
Domina a sensatez
E bebe muito mais
Explode em vendavais
E nada mais desfez
O rumo desejado
E nele sempre dado
O passo mais audaz,
O quanto te desejo
E nada além mais vejo
Permite a vida em paz.
5
Da vida este sinal
Tocando a minha pele
Tatua e me compele
Amor sem ter igual
Um rito sensual
No quanto ao gozo apele
Ao tanto já se atrele
Um dia magistral
Reinando a cada instante
Um tempo fascinante
Promessa realizada
O vento em calmaria
A sorte que me guia
Amor ditando a estrada.
6
Distante desta cruz
Aonde se mostrara
A vida em plena escara
E o quanto reproduz
Imagem contra a luz
Jamais seria clara
A fonte não ampara
O corte não faz jus
A quem deseja tanto
E nisto se me espanto
Eu tento outra alvorada
Persigo cada instante
E nele a fascinante
Vontade desvendada.
7
O pano se rasgou
E o tempo não pudera
Conter mais tanta espera
E agora mergulhou
Nas ânsias do que sou
O quanto se tempera
A vida regenera
O quanto em mim restou
E bebo enamorado
O tempo sem pecado
O verso em voz sublime
Vagando sem destino
No quanto me alucino
Além do que se estime.
8
Adentrando o meu peito
Assim exposto ao gozo
Do dia majestoso
Enquanto me deleito
Se sou por ti aceito
O tempo mavioso
O gesto prazeroso
Enquanto em nosso leito
A festa feita em fúria
Ausente uma lamúria
Explode em rito imenso,
O quanto ainda vivo
Ou mesmo sobrevivo
É quando em ti eu penso.
9
No gume do punhal
Na fonte dessedenta
A dita se apresenta
Em vário ritual,
Amor já sem rival
A morte que apascenta
O corte onde acalenta
O medo o tom venal,
O peso de um passado
O gesto recordado
A mão que acaricia
Intenso e bandoleiro
O sonho é mensageiro
E doma todo o dia.
10
Em ti suicidei
O medo e o mais cruel
Caminho rumo ao céu
Sem norma regra ou lei
E quando mergulhei
Desvendando teu véu,
Bebendo mel e fel
Assim eu me entreguei
Sem medo nem resposta
A vida sendo exposta
A queda, o vão, o abismo
E tanto quanto posso
No risco sempre endosso
O imenso cataclismo.
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