sábado, 5 de junho de 2010

35571 até 35580

1

Amor perseguidor
Enquanto no teu rastro
Deveras eu me alastro
E busco qualquer dor
No fardo sonhador
No peso deste lastro
Arrebentando o mastro
Despetalando a flor,
Mas sou e sei quem és
Assim nossas galés
Refletem cada passo
E nele se inda somos
Diversos, unos gomos,
Em ti faço e desfaço.

2

Olhares de cristãos
Perdão à flor da pele
O quanto me compele
Viver em mansos chãos
Cevando novos grãos
E neles já se apele
A vida noutra sele
Caminhos nunca vãos,
Mas sei da liberdade
E quanto à Deus agrade
O canto libertário,
Por ser assim poeta
Minha alma se repleta
Se em vida sou corsário.

3


Batendo à minha porta
O corvo ou meu passado
No tempo delegado
Do sonho que se aborta,
Do quanto não importa
Eu trago este legado
E bebo este pecado
Ou tanto a vida corta
Passado diz presente
Presente te asseguro
Sondando algum futuro
Diverso se apresente
Vagando sem destino
Aí eu me alucino.



4

Das minhas velhas tumbas
E nelas eu percebo
O quanto ainda bebo
De tantas catacumbas
Em ares e macumbas
O verso que concebo
Do todo que recebo
Em salsas, mambos rumbas
Delírios de poeta
Na face predileta
Da moça magistral
E nela dita a praia
O vento, o gozo e a saia
O sol, o céu e o sal.

5

Aonde te encontrei
Depois de tentativas
Ainda seguem vivas
As lembranças da grei
Porquanto fora rei
E tu entre as cativas
Ainda mais altivas
Das quantas procurei,
Vingança e lança e faca
A fúria não se aplaca
Nem mesmo o temporal,
Assim em beijo e tapa
A vida não escapa
Vivendo o bem e o mal.

6

Pudesse novamente
A mente ser mais nova
Assim à toda prova
A sorte não desmente
O quanto já se ausente
Ou mesmo se renova
No beijo que se prova
No tempo ora presente,
Vencer os meus segredos
Embora sejam ledos
Os passos que daria
Eu sinto esta falseta
E quando sou cometa
Adentro novo dia.



7

O tempo desde quando
Ouvisse esta promessa
Perdendo qualquer pressa
Pesando em contrabando
Vencendo e transformando
O quanto recomeça
Ou mesmo se tropeça
Na face do nefando
Refeito da surpresa
Nas sendas sendo presa
Nos olhos liberdade,
Vestindo esta mortalha
A sorte se batalha
E o vento sempre brade.


8

Ali quanto te vi
Deitada sob o sol
Bebendo girassol
E eu qual colibri
De beijos te cobri
Dourando este arrebol
E tendo sempre em prol
O amor que descobri,
Resumo a minha história
E sei já de memória
O quanto poderia
Fazer de novo tudo
No quanto não me iludo
Ou mesmo é fantasia.

9

Procuro por você
Em cada cena ou fato
No céu, no mar no mato
Buscando algum por que
A vida já se vê
Na face que retrato
Ou mesmo se em regato
Mergulho e nada crê
No tempo mais astuto
O coração matuto
O beijo mais risonho
O templo da vontade
Porquanto ainda brade
Apenas mero sonho.



10

Beleza farta e nua
Deitada sobre o solo,
Olhando assim, sem dolo
A vida continua
No quanto já flutua
E nesta senda assolo
Buscando qualquer colo,
Bebendo cada lua,
Resumo um novo tempo
Além do contratempo
No templo que me dás
O verso se enamora
O tempo comemora
E bebe desta paz.

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