sábado, 5 de junho de 2010

35561 até 35570

1

A vida de surpresa
Levando ao abandono
E quando adentro o sono
Eu viro fácil presa
E quando se despreza
A sorte onde me adono,
O peso dita o trono
E sei desta incerteza
No olhar a cada ausência
E mesmo em anuência
O resto não consigo,
Vivendo sem sentir
O quanto irá por vir
Procuro um braço amigo.

2

O quanto inda se gosta
De quem gosta da gente
Assim indiferente
O tempo sem proposta
A vida sem resposta
O corpo do indigente
O verso que se tente
A mesa nunca posta,
O medo dita a norma
A lei já se transforma
E o gozo ora se adia,
A morte após o fato
O quanto me maltrato,
Mas tenho a poesia...

3

O tempo sem memória
O fato de sentir
O gosto de existir
Mesmo que merencória
Renova cada história
E bebo do elixir
A ponto de partir
Buscando alguma glória
Escória sei que sou
Do pouco se restou
Somando com metade
A fúria não calava
A voz porquanto brava
Da imensa tempestade.

4

Em gregos e troianos
Resumos e batalhas
O quanto ainda espalhas
E geras novos danos
De tantos desenganos
Amores, fogos, palhas
E assim nestas navalhas
Fazemos novos planos,
A morte, a sorte e a dita
Uma palavra omita
O tempo diz tempesta
E o quanto ainda gera
Em nós o gozo e a fera
No fim, virando festa.

5

Neste cavalo de pau
As armadilhas tantas
Enquanto desencantas
Eu canto bem ou mal,
Procuro nova nau
Ou mesmo me adiantas
E nada se me espantas
Alçando outro degrau,
O fato é que constante
No quanto me adiante
Eu perco ou já me dano,
Amor quando demais
Impede qualquer cais,
Delírio bom, profano.

6

A morte, a faca adaga
O corte, o porre a noite
A sombra deste açoite
O beijo já me draga
A sorte não afaga
Nem mesmo este pernoite
Na traição acoite
A sombra dita a chaga,
Mas bebo deste tanto
E quando ainda canto
Procuro uma versão
Que possa me trazer
Além de algum prazer
Sobeja diversão.

7

O quanto já brigamos
Ou mesmo no carinho
O quanto mais mesquinho
Assim nos procuramos
Um mundo que sem amos
Dos sonhos são vizinhos
Cortes, pedras e espinhos
As árvores e ramos,
Os ditos e palavras
Assim são nossas lavras
As larvas e crisálidas
E nelas a esperança
O passo não se cansa
Nem nestas noites pálidas.


8


Se enfim nós já morremos
Ou mesmo poderíamos
Seguir o que queríamos
Enquanto socorremos
Na vida já sem remos
Os tempos preferíamos
Em versos ou temíamos
Diversos tolos demos,
E quando nos venenos
Dispersos e serenos
Bebemos sem saber
No gozo mal medido
No tempo sem libido
No farto bem querer.


9


Da vida algum soldado
Aonde quis tenente
Ainda que se tente
O passo tão mal dado
O quanto rola o dado
Ou mesmo se apresente
No fardo violente
A sombra do pecado,
Restando a voz ainda
E nela já se brinda
O sentimento algoz
Resulto do que busco
E quando ora me ofusco
O sonho é mais atroz.

10

Outrora fui romano
Agora sou mineiro
O tempo aonde esgueiro
E nele se me engano
Vivendo novo plano
Diverso e verdadeiro
Se ainda corriqueiro
Soldado ou soberano
Restando dentro em mim
A sombra de onde vim
O passo que não dei,
O fardo se carrego
Alimentando um ego
Sonega a própria lei.

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