quarta-feira, 2 de junho de 2010

35001 até 35050

Ter domínio absoluto sobre o verso
Imperativo crer que isto é possível
No quanto muitas vezes for plausível
Eu tento na palavra estar imerso,
No todo quando o muito se é diverso
Gerando um novo fato noutro nível
O dom é necessário, mas incrível
É poder adentrar tal universo,
Aonde rimas métrica e cadência
Perfazem com perfeita sincronia
E disto com certeza nasceria
O verso com beleza e competência,
Eu tento este argumento e te prometo
Um dia ainda irei fazer soneto...

Deixando para trás o que inda possa
Mudar a direção da ventania
Enquanto toda a sorte assim se urdia
Invés de palacete, uma palhoça
Vivendo a liberdade em plena roça
Roçando com destreza a fantasia
E tendo no final farta alegria
Que o paladar suave teima e adoça.
Concretizar um sonho de menino,
E quando isto é possível mal domino
Irradiante olhar sobre o horizonte
E bebo da campina verdejante
O quanto deste sonho me adiante
Um novo amanhecer que ora desponte.

Degredos dentro em mim; os reconheço
E sei o quanto custa ser feliz
E tento, pois fazendo o que bem quis
Criar além de um sonho ou de adereço
O fato pelo qual quando obedeço
Mudando este cenário, outro matiz,
No todo caminhando por um triz
Sabendo desde já tal endereço
Aonde possa ter felicidade
E mesmo que tal fato desagrade
Não tenho mais sequer a obrigação
De crer no quanto dizes ou tu pensas
Eu sei que não mereço as recompensas,
Mas crio a cada passo a direção.

No rosto já marcado pela vida,
As sensações diversas, dor e gozo,
Assim o quanto fora majestoso
Cenário bebe a sorte vã perdida
E quando se pensara resolvida
A história tendo um fim tão caprichoso
Permite que se veja um pedregoso
Enlevo noutra senda e sem saída.
Dos labirintos todos da ilusão
Fomento com meus sonhos outro fato
E quando da verdade me desato
Perdendo desde já satisfação,
Entranho no meu ermo mais profundo
E dos falsos brilhantes eu me inundo.

Resumo neste verso o que talvez
Pudesse mesmo ser diverso ou tanto
Gerasse noutra face o desencanto
Ou mesmo o quanto em nada se desfez,
A caricata imagem, lucidez
Que tento e quando vejo só me espanto
No resto do viver um acalanto
Aonde a própria sorte já não vês.
Resumo de uma vida inglória e turva
E quando se prepara e o tempo encurva
Traçando a dura imagem terminal,
O sonho refazendo cada engano
Ressurge e se entranhando gera o dano,
Que sei ser na verdade o ato final.

Ourives da ilusão ao ser poeta
A vida não se vê da mesma forma,
E quando a cada olhar já se transforma
Deveras nunca mais será completa,
Assim ao ter o dom caminho e seta
Obedecendo ou não a regra e a norma,
No todo que a verdade não informa
A linha já traçada nunca é reta,
Dicotomias são tão costumeiras
E delas entre falsas, verdadeiras
Trafego pelas vias mais absurdas
E tento com palavras discernir
O quanto poderia ou não por vir,
Porém minhas verdades seguem surdas.

Jogado pelos cantos desta casa
O quanto de mim resta é muito parco,
Ainda quando em sonhos eu embarco
A vida com certeza se defasa,
E tudo que julgara fúria e brasa
Agora descrevendo um tétrico arco
Traçando cada sonho como um barco
Que o mar de uma emoção tanto descasa.
Resisto o quanto posso, mas sei bem
Do vago caminhar onde contém
O passo para o nada anunciado
Nos vértices do sonho ao vão abismo,
No quanto solitário teimo e cismo,
O tempo nunca mais sendo habitado,

Arcando com meus erros vez em quando
Adentro por caminhos mais diversos
E tento a solução fazendo os versos
E neles do que sou tanto informando,
O fato de viver sempre sonhando
Gerando sem querer tais universos
Singrando os oceanos quando imersos
No tanto que carrego transbordando.
Assim ao tentar florir em pleno inverno,
Gestando a cada passo aonde interno
Os velhos sentimentos mais cruéis,
Resumo em descaminhos, desalentos
Estando sempre ao dissabor dos ventos
Brindando cada engano com meus féis.

Levado pela luz que se emanasse
Dos olhos de quem tanto eu quis um dia,
No muito ou no vazio onde se cria
A vida noutro intento ou mesma face,
Ao todo cada passo gera impasse
E tento disfarçar a fantasia
Usando com astúcia a poesia
E nela todo o sonho que inda grasse,
Vagando sem destino rumo ou porto
O todo se transforma e semimorto
Não me resta sequer o velho espelho
Aonde a cada curva outro conselho
Pudesse refazer a minha história
Agora bem mais leda e merencória.

Rescindo este caminho aonde vejo
O fato mais sutil se transcorrendo
A vida procurando um dividendo
Diverso do que seja só desejo
Permite noutro céu tal azulejo
Que há tempos não consigo e não desvendo
O todo noutro rumo me trazendo
As cores da esperança em vão verdejo.
Adentro os meus erráticos cometas
E quando noutras faces me prometa
Alguma solução quem sabe meta,
No fundo nada disso participo
O quanto do meu mundo assim dissipo
Porquanto nesta vida fui poeta.


A porta permitia a vaga entrada
Das mais complexas forças, fúria e medo,
E quando percebera desde cedo
A sorte noutra senda já traçada
Vestindo a velha roupa que esgarçada
Levava ao mais inglório rumo e ledo
Vivendo cada sonho onde concedo
A farsa há tanto tempo disfarçada,
Esbarro nos meus erros e permito
Ainda mais distante qualquer grito
Que possa permitir a liberdade
E tendo sob os olhos esta cena
Do todo quanto muito me envenena
Negando com total insanidade

2

Nem mesmo algo que fosse mais palpável
Pudera ao adentrar meu canto em vão
Translada o que deveras mostrarão
Os dias noutros tantos em face amável
Adentro os descaminhos num provável
Delírio onde desvio a direção
Do quanto ainda fora embarcação
E agora neste estado lamentável
Restando mais distante qualquer porto,
Condeno-me ao vazio de um deporto
E sito uma ilusão bem mais além
Do tanto que se espera e se desenha
Porquanto cada dia perde a senha
Negando o quanto ainda em mim se tem.

3

A vida se inclinando num desastre
Por vezes não permite que se veja
O tampo noutra face quando almeja
Sem ter sequer o sonho que inda a castre,
E quanto a realidade não se alastre
Tornando a fantasia mais sobeja
No pouco que talvez distante esteja
Sem ter uma esperança que me lastre.
Vasculho dentro em mim e busco a sorte
Que ainda possa e mesmo me comporte
Gestando além da torpe escravidão
O canto libertário de quem sonha,
A face da verdade mais bisonha
Mudado desde já esta estação.

4

A luz que adentra o quarto, matinal
Promete novos tempos, templos, ritos
E quando se pensaram mais bonitos
Os dias em faceta sempre igual
Realçam tão somente o vendaval
E neles ouço alheios, torpes gritos
Negar esta expressão de velhos mitos
Gerados por insano ritual
Expõe na realidade o que talvez
Não possa se mostra quando se fez
O verso sonhador noutra faceta,
E assim ao me sentir um libertário
Dos antros mais venais louco corsário
Negando o que deveras mal prometa.

5

Aonde se pensara em harmonia
Apenas se vislumbra a solidão
E quando mais me ausento do verão
Maior e bem suave vejo o dia,
E nele cada passo se recria
Traçando em novos tempos que virão
Gerando a mesma fúria e imprecisão
Por quanto o meu caminho o tempo adia.
Esqueço dos acordes mais sutis
E tento tolamente ser feliz,
Sabendo quanto resta em tal pesar
Da vida feita em lutas e derrotas
E quando se apresentam velhas rotas,
Não posso e nem consigo navegar.

6

O velho coração não saberia
Viver as variantes do seu mundo,
E quando noutra face, moribundo,
Aguardo o se findar do velho dia
Aonde se persiste hipocrisia
E mesmo que pareça um vagabundo
Do todo quanto possa inda me inundo
E risco outros espaços, fantasia,
Revestindo meu sonho com promessas
E nelas outras tantas recomeças
Ousando com palavras, sentimentos,
Mas sei quanto se faz inutilmente
O tempo quando além já se pressente
Os falsos caminhares, desalentos.

7

Jamais eu poderia adivinhar
Nem mesmo desenhar qualquer saída
Aonde se perdendo aos poucos, vida
Restando pouca coisa em seu lugar,
O mundo em que tentara mergulhar
Seara há tanto tempo em despedida,
Realça com palavras esta urdida
Vontade de seguir e de sonhar,
A voz dissimulando o que se sente,
O tanto no passado no presente
Ausenta uma esperança de futuro,
E sigo contra tudo e contra todos,
Bebendo em sortilégio os meus engodos
Ceifando muito mais do que procuro.

8


Da forma em que me cabe o pensamento
Vestindo em falso brilho a incoerência
No quanto se permite tal demência
Ou mesmo noutro encanto quando tento
Vencer os descaminhos, sofrimento
Tentando na verdade uma ingerência
E dela militando em paciência
Seguindo sem pensar em fúria e vento.
Desdéns entre fantoches, riscos, risos,
E quando somo além dos prejuízos
Apenas os vazios mais constantes
Encontro este cenário ora vazio
E quando um novo rumo desafio
Repito os velhos erros como os de antes.

9

Cinzel onde se tenta produzir
O quanto ainda creio ou mesmo sei,
E tanto no vazio mergulhei
Na ausência mais precoce do porvir,
Recebo e percebendo o que sentir
A farsa dominando inteira a grei
E nela novo tempo eu desdenhei
Somente e por tão pouco resistir
Aos fardos que legaste, torpe herança
E quando no não ser a sorte lança
O passo mais audaz, nada seria
Senão a velha sombra do que tanto
Gerando a cada ausência novo espanto
Espalha pelos ventos, a ironia.

10

A flor onde pudesse em tons grisalhos
Sentir o quanto inútil tal canteiro
Por onde muitas vezes eu me esgueiro
E deixo para trás cortes e talhos,
Os vagos caminhares, torpes falhos
O verso se mostrando por inteiro
E nele o pensamento mais ligeiro
Procura da esperança seus atalhos.
Encontro os meus escombros, sou escória
E quando imaginara nova história
A mesma se repete inutilmente,
E apenas me restando esta mortalha
Aonde a sorte vaga já se espalha
E o próprio pensamento, tanto mente.


1

Descendo entre estas margens apertadas
O rio se traçando em cachoeiras
Assim como este rio tu te esgueiras
Nas noites entre rotas mal traçadas
Histórias noutras faces reveladas
E nelas as torturas corriqueiras,
E quando novo tempo ainda queiras
Verdades quando ditas são veladas.
A força destas margens impedindo
O rio com certeza mal fluindo
E tendo no final a imensa foz,
Assim também a vida nos oprime
E quando a inundação beirando ao crime
Arrebentando em fúria, mais feroz.

2

O quanto deste sangue derramado
Inútil, futilmente sem razão,
Aderna esta esperança embarcação
Deixando este caminho destroçado
O tempo noutra face demonstrado
Bebendo a mais completa negação
Rondando novos dias sigo em vão
Volvendo o meu olhar para o passado,
O fato de existir ou de sonhar
Permite mesmo etéreo navegar
Buscando nas entranhas a resposta,
Mas quando em sangue feita a liberdade
Apenas o vazio que me invade
Deixando a terra toda decomposta.

3

A chuva se anuncia ao fim da tarde
E trama em noite escura e fria a sorte,
Negando de quem busca algum suporte
Porquanto cada passo se retarde
Ou mesmo na verdade não resguarde
Deixando para além resposta e norte,
Assim enquanto a vida já nos corte
Sem ter sequer o quanto ainda guarde
Dos sonhos e promessas, tento em vão
Sentir o que pudesse provisão
E sei sem ter valia, simplesmente.
O beijo mal roubado em noite esguia
No quanto tanto ou pouco poderia
Ainda guardo vivo em minha mente.

4

Um tempo aonde eu possa ver além
Do fato de ser mesmo quem tentara
A sorte quando muita sei que é rara
E nisto toda a vida se provém
Sentindo o que se sabe muito bem
No quanto o próprio tempo nos prepara
E a vida noutra face se declara
Realça cada passo aonde vem
O mundo num instante mais feliz
Ferrenha fantasia já nos diz
Do tempo que pudesse acreditar
No tanto ou muito pouco que inda resta
E disto se expressando dor ou festa,
Estrela sem destinos a vagar.

5

O quanto a vida possa iluminar
Quem tanto procurara alguma forma
De sonho aonde o todo já deforma
E nada do que possa procurar
Permita novo tempo em bom lugar,
Seguindo inutilmente qualquer norma,
E o peso do viver se nos transforma
Impede na verdade o caminhar.
Somando cada dia em minha vida
Encontro ou adivinho uma saída
Nas ânsias e nos gozos mais sublimes
Vivendo o que deveras poderia
Iluminando o passo em alegria
No quanto tanto ou mais ainda estimes.

6

Atravessando os sonhos posso ver
Medonha face expondo a realidade
E quando se percebe o que degrade
Eu tento noutro novo parecer
Vencer as discrepâncias de um viver
Porquanto sei da tal felicidade
Aonde se soubesse liberdade
Sem nada que pudesse me reter.
Gargalho quando vejo tal disfarce
E mesmo quanto tempo já se esgarce
Risonha fantasia se desgasta,
E tudo se transcorre deste jeito
Ainda que buscasse ser perfeito
Imagem dos meus sonhos morta e gasta.

7

Não deixe que este tempo corroendo
A sorte mesmo quando desairosa
Impede o florescer de qualquer rosa
E traz o sofrimento em dividendo,
No todo se compondo ou se perdendo,
A porta muitas vezes já se glosa
E o vento noutra face desairosa
Revela o que se sente ou mais não tendo
Caminho discordante aonde o dia
Mudando com certeza poderia
Tramar a liberdade e diz senzala
O medo na verdade te atrapalha
E quando se percebe esta navalha
A voz inebriada já se cala.

8

O vândalo caminho do meu sonho
Galgando espaços tortos poderia
Traçar ou não se fosse novo dia
Ainda quando o todo não componho,
E sei do mesmo fato se bisonho,
Tocando no meu peito em harmonia
O vento quando a noite segue fria
Ou tanto caminhar ora suponho
Atravessando ruas e vielas
No quanto na verdade ainda atrelas
Os passos ao que possa transcender
À própria resistência do que crês,
No fundo se moldando insensatez
E nela se renega algum poder.

9

A vida não se dando a quem merece
Ou mesmo poderia acreditar
Na noite envolta em trevas ou luar
Distante do que fora reza ou prece,
E quando noutros olhos se oferece
Bebendo cada gota devagar
Buscando onde pudesse basear
O passo que jamais teime e obedece.
Procuro por mim mesmo em cada esquina
Ausência do que fosse já domina
E descortina enfim esta verdade
No peso do caminho mais cruel,
Alado caminhante em carrossel
Bebendo cada sorte que inda o agrade.

10

Não pude acreditar nesta promessa
Aonde se pudesse ter além
Do medo e do receio que retém
O passo de tanto tenta e meça
A vida noutra face e recomeça
No fardo que carrego ou quando vem
A sorte desairosa em tal desdém
Sem ter sequer sinal de alguma pressa.
Compressas e palavras leda cura
E quando a sorte grande se procura
Encontro outros sinais, os mesmos quando
O pendular desejo trama o rito
E tento quanto mais em novo grito
O mundo noutro canto se moldando.

1

Andando à flor da pele, sigo assim
Sem ter sequer um barco, ou porto ou cais,
No quanto deste pouco ou muito mais
Descreve cada passo de onde vim
Resumo o meu princípio bebo o fim
E nele tantos dias desiguais
Bebendo dos mais duros rituais
Acendo do vazio este estopim
E nisto o meu cansaço se revela
Mudando este cenário em nova tela
Ou tanto sem destino, barco segue
Vagando pela morte ou pelo escasso
Caminho aonde ainda teimo e traço
Buscando qualquer sonho onde navegue.

2

O frágil caminheiro em noite escusa
No todo que pudera nada sabe
E quando a realidade já não cabe
A sorte desairosa invade e abusa
Assim a minha história ora se cruza
E traça o que pudesse e não desabe
Bem antes quando o todo não se gabe
Do fardo em dor intensa em face obtusa
As sendas mais profanas, outras tantas
E nelas quando muito ainda encantas
Resíduos de uma vida em solidão
Expressam o que possa parecer
A imagem discordante de outro ser
Tramando novos tempos que virão.

3

O vento traduzindo o solitário
Caminho pelos ermos do meu sonho
E quando em nova vida me proponho
Perdendo do caminho itinerário,
Eu vejo este delírio necessário
Aquém do que deveras quero e ponho
Assim se na verdade não me oponho
Encontro o coração velho corsário.
Resisto ao que pudesse ter e enfim
Resido no vazio e sei que assim
De todos os temores me protejo,
No corte mais profundo e mais profano
Do tanto onde buscara e já me dano
Apenas os resquícios de um desejo.


4

Ouvindo a voz do vento me clamando
E nela tento crer em nova fresta
Aberta no que tanto quero e resta
Deixando a minha vida para quando
O mundo se perdendo ou decepando
A porta resistindo nada gesta
E o quanto do meu ser ao vago empresta
Morrendo noutro tanto mais nefando.
Escuto qualquer voz que ainda clame
E sei das esperanças tolo enxame
Domando o meu caminho em tom sombrio
E o quanto pude mesmo acreditar
Deixado nos recantos a vagar
Resultam nesta dor que ainda adio.

5

Tivesse a redenção aonde a morte
Aprofundando a adaga corta e lanha
O vento desfilando a velha sanha
Diversa da que tanto me conforte,
No todo aonde teimo algum suporte
Porquanto a própria vida não se ganha
Na dor por onde o medo chega e entranha
Mudando com certeza qualquer norte.
Notando a face escura da verdade
Tentando a solução, mas a saudade
Resume cada cardo que persigo,
Vestindo esta profana fantasia
A morte noutro tanto me traria
Quem sabe algum alento ou mesmo abrigo.

6

Não quero acreditar no que talvez
Pareça algum momento em paz por isto
A cada passo teimo e se resisto
O mundo na verdade nada fez,
E tanto poderia e já não vês
Sequer o que deveras se inda existo
Gestasse dentro em mim o enorme cisto
E nele toda inglória estupidez.
Guiado pelas ânsias de quem teima
Vencer com alegria a dura queima
Dos sonhos entre lances mais concretos,
Os passos procurando algum final,
O rito sendo sempre o mesmo, igual,
Os dias determinam mortos fetos.

7

Reflete-se o vazio aonde o tanto
Pudesse me trazer algum alento
E quando uma saída eu quero e invento
Aos poucos sem sentido eu me quebranto.
Resumo cada fato em novo pranto
E beijo a tempestade, bebo o vento,
Resulto no que possa sem provento
Cerzindo com terror meu turvo manto.
Das flores e dos raros caminhares
Apenas os vazios vãos altares
Canteiro em seca morre quando
O tempo se desnuda em solidão
E nele se percebe esta aversão
No todo sem limites me entranhando.

8

Presumo o que pudesse se inda trago
No olhar a mera sombra do que um dia
Pudesse desfiar em fantasia
Deixando para além qualquer afago,
O peso do viver onde me estrago
E nele a cada errática ironia
Marcando com furor a fantasia
Não deixa no final sequer o bago
Do todo que pudesse e não se vendo
No parco caminhar eu me contendo
E sinto desairosa a noite insana,
Aonde sem destino sigo à toa
E quando a voz mais forte ainda ecoa
A história pouco a pouco desengana.

9

Lembrando destas fotos, fardos, erros
Esqueço dos meus ermos e inda tento
Viver o que pudesse em tal alento
Sabendo desde sempre dos desterros,
E beijo dos meus sonhos seus aterros
Entregue ao mais completo sofrimento,
No todo ou muito pouco me apresento
Tentando ver além de imensos cerros,
Estabilizo o passo e nada vem,
Apenas o vazio e sem alguém
O quanto pude morre noutro instante,
A vida que buscara, falsa e vã
Negando qualquer luz e sem manhã
Cenário se mostrando qual farsante.

10

Argutas noites vencem pesadelos,
E sei do quanto posso ou mesmo ainda
No quanto a realidade já não brinda
Seguir os meus diversos atropelos
E tento com ternura falsos zelos,
A porta se cerrando não deslinda
Cenário aonde a lua exposta e linda
Traduz raios e nunca posso vê-los.
Acendo o que pudesse luminária
Na vida muitas vezes procelária
A fonte já se seca e me renega
Apronta-se o vazio e assim coleto
A cada novo engodo, qual inseto
Vagando em luz intensa, imensa, cega.

1

Vivendo em meus recônditos, a dor
Que tanto me acompanha em desalento
Aonde se percebe o sofrimento
A vida não traria jardim, flor,
E quantas vezes sinto em turva cor
Imerso e sem defesas, pensamento,
E a cada nova ausência eu me atormento
Perdendo qualquer rumo em desamor.
Vivesse pelo menos um instante
Cenário mais feliz ou fascinante
Quem sabe poderia resistir,
Mas sei quanto vazio diz do sonho
E quando noutra história eu me proponho
Apenas solidão viva a sentir.

2


Aonde poderia haver a luz
De um sentimento breve, pelo menos,
Os dias entranhados em venenos
O fardo à solidão já me conduz
E quantas vezes sinto a imensa cruz
Deixando para trás dias amenos,
Adentro os tantos sonhos, mas pequenos
Momentos onde vejo em contraluz
O quanto quis e nunca pude ter,
Apenas semeando o desprazer
Negando qualquer sorte a quem batalha,
Adentra a minha pele mansamente,
A cada novo tempo onde se sente
O corte mais profundo da navalha.

3


A vida se repete sem ninguém
Legado que eu carrego desde quando
O mundo noutro tanto se formando
Desdenha o que deveras não contém,
Resido no passado e sem um bem
Que possa novo rumo apresentando
Vazios dentro em mim cedo singrando
A morte se aproxima e logo vem
Restando do que fora um doce alento
Apenas o vazio e o sofrimento
Adentro as vãs entranhas da saudade,
E a porta se fechando nada eu vejo
Somente a mera sombra de um desejo
Que ainda em ilusões, à noite invade.

4


Olhar vazio busca uma resposta
E nada se aproxima da verdade
No quanto bem mais forte ainda brade
A sorte noutra face sendo exposta,
Imagem da ilusão já decomposta
O todo noutro fardo teima e invade
Restando para mim em propriedade
A morte aprofundando cada crosta,
Ouvindo mais distante a voz do mar,
O sonho noutro sonho a se tramar
Marcando com ferrenhas emoções
O tanto que pudesse ser diverso
Inútil com certeza cada verso
Vagando entre diversas direções.

5

Ao longe sob as sombras do passado
Meu tempo se esgotando em tez sombria,
A sorte se transforma em heresia
O dia noutro tanto desolado,
A morte segue dando o seu recado
Renova o mesmo aviso a cada dia
E trama com total desarmonia
O passo que se trama já cansado
Dos erros e dos fartos desenganos,
Meus dias entre perdas, fardos, danos
Somando ao que pudesse ainda ver
Não deixam qualquer sombra aonde passo,
A vida sonegando cada passo
Deixando para trás qualquer querer.

6

Enquanto na verdade ninguém vem
E a vida se repete em solidão,
Os dias mais terríveis mostrarão
Ausência do que fora outrora um bem,
Resido numa sombra e o que provém
O sonho noutra forma e direção
Moldando novamente em tanto não
Restando deste tanto algum desdém.
Esbarro nos erráticos caminhos
E vago por diversos tolos ninhos
Buscando algum momento mais feliz,
Esboço reações aonde possa
Vencer o que deveras me destroça,
Porém a realidade contradiz.

7


Os dias entre tantas frágeis horas
Derramam cada sonho pelas ruas,
Estrelas que pensara vivas, nuas
Em outras direções, enquanto afloras
E morres nos momentos quando choras
E tentas quanto mais sonhos cultuas
Singrar caminhos ermos e flutuas
Nas pálidas manhãs em que demoras.
Aprendo a perceber pedras e espinhos
Os dias são deveras mais mesquinhos
E o tempo se esvaindo entre meus dedos,
Do todo imaginário resta a queda
E o passo na verdade já se veda
Em dias solitários, ermos, ledos...

8

A minha vida em branco ninguém lê
E quando tento a sorte noutro passo,
Porquanto no vazio ainda grasso
Deixando o meu caminho sem por que,
O tanto que pudesse e não se vê
Senão a negação de algum espaço
E quantas vezes mesmo eu me desgraço
Parece um desdenhoso e vão clichê.
Receios costumeiros, dias ermos,
A vida se findando, duros termos,
E o carma se mostrando mais venal,
O quando poderia ser melhor,
Porém o descaminho sei de cor,
E sinto a cada dia o meu final.

9

Meu mundo repetindo sempre iguais
Caminhos entre tantas dores, farto.
E quando noutro rumo ainda parto
Os tempos se transformam, vendavais,
E tento quanto ao menos outros cais,
E assim ao perceber nada reparto,
Apago a luz e entregue neste quarto
Aos sonhos sem limites sensuais,
Apenas ilusões e quando acordo
Sequer de qualquer fato me recordo
Vislumbro outra sombria e vã manhã
Reflete-se a verdade neste espelho
E quando do vazio me assemelho
Tristeza, uma complexa castelã.

10

Debruço-me nas ânsias e procuro
Algum momento ao menos de alegria,
Apenas entre dor, medo e agonia
O dia se repete sempre escuro,
E tanto quanto posso assim perduro
Na sorte que deveras já se adia
Mortalha a cada engodo teceria
Gerando novo passo em vão apuro,
E tudo se transforma neste cardo
E dele noto assim o imenso fardo
Criado pelos medos tão somente
A vida ao menos trouxe este recado,
Do tempo noutro tempo disfarçado
Gestando inutilmente a vã semente.

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