quinta-feira, 3 de junho de 2010

35171 até 35180

1

Em dias estranhos
Momentos sombrios
Diversos desvios
Em perdas e ganhos,
Os cortes, os lanhos
Meus ritos, meus rios,
Tantos desvarios
Em sóis, luas, banhos
Assim poderia
A sorte tramando
Cenário mais brando
Regendo o meu dia,
Mas nada se faz
Num mundo mordaz...

2

Estremecimento
Do mundo em derrames
Diversos enxames
Em medos invento,
Realço o momento
Enquanto inda trames
Dispersos reclames
Ourives do vento.
Restando sozinho
No quarto, o caminho
Cerzido do nada,
Pudesse servir
Ainda o porvir,
Em nova empreitada.


3

O mundo sem flores
O risco da morte
O quanto suporte
Ainda se fores
Grisalhas as cores,
O beijo sem porte,
O fardo outro corte,
E nada de opores
Estreitos caminhos
E neles mesquinhos
Delírios atrozes,
Buscasse somente
Viver o que mente
Ao longe tais vozes.

4

Em negras mortalhas
O luto se faz
E quanto da paz
Em tantas batalhas,
Fios de navalhas
O corte mordaz,
A fala tenaz
Aonde te espalhas
E ris do que eu possa
Gerando esta fossa
Aonde mergulho,
Vagando no nada
A sorte traçada
Traduz pedregulho.

5

A vida em tal tédio
Não nega outra senda
E quando desvenda
Viver sem remédio,
O tanto do assédio
Já não se desvenda
Aonde fiz tenda
Quiseste outro prédio,
E o farto negado,
O tempo calado
A morte se vê
Na curva da estrada
E nela entranhada
Ausente por que.

6

Adentro estas vagas
E busco uma praia
Aonde se espraia
O sol noutras plagas,
Enquanto me alagas
Das sombras, esvaia
O tempo que traia,
E nele tais dragas
Rasgando a promessa
No quanto tropeça
A queda se faz,
E o beijo renega
A vida vai cega
Sem ter sequer paz.


7

Pudesse em amores
Diversos traçar
O quanto ao luar
Reluzem tais flores,
E assim dissabores
Ao longe deixar
Riscando a vagar
Os novos albores,
Manhãs mais suaves
E nelas sem traves
Apenas saber
Do gozo profundo
E nele me inundo
De imenso prazer.


8


Os dias se vãos
As horas eu traço
Na falta de espaço
Na vida sem chãos,
Na ausência de grãos,
Imenso cansaço
Do quanto refaço
E bebo tais nãos,
Resumo e prometo
O quanto em dueto
A vida seria
Melhor, mas sozinho
Nos sonhos me aninho
E a noite vai fria.

9

Olhar doentio
Bebendo este não
E quando em verão
Ainda faz frio
Resumo de estio
Falta solução
E apenas virão
A seca em meu rio,
Restando a promessa
E nada começa
Revolto passado,
Bebendo outro trago
De sonhos me alago,
E morro calado.

10

Nas sendas mais fundas
Nos dias terríveis
Traçasse outros níveis
E quando me inundas
De tantas profundas
Verdades temíveis
Sangrando as incríveis
Sortes moribundas,
Restando este olhar
Ausente horizonte
Aonde se aponte
O nada a vagar,
Vasculho o que sou
E o nada restou.

Nenhum comentário: