1
No quanto bendizemos
As sortes mais felizes
Envolto em tais deslizes
Meu barco sem os remos
O quanto percebemos
Imensas nossas crises
Enquanto nada dizes
No fundo nos perdemos,
Seremos tão somente
O que se mais ausente
Dos olhos da esperança?
O passo para o tanto
E nele se me encanto
Meu mundo ao bem se lança.
2
Olhar enamorado
Buscando outra presença
Da sorte em recompensa
Do dia anunciado
Vencendo o malfadado
Caminho que convença
Que nada mais compensa
Senão o velho enfado,
Restando dentro em nós
A voz de um vário algoz
Resumo do vazio,
E quando mergulhara
Na noite imensa e clara
Meus sonhos eu desfio.
3
Em ti já me inclinando
Depois de tantos anos
Envolto em vários danos
Um mundo desde quando
O tempo transformando
Mudando velhos planos
Assim dos meus enganos
O nada se formando,
Esqueço cada ausência
E busco uma clemência
Ao menos que me faça
Seguir em novo rumo
E quando o gozo assumo
A vida é vã fumaça.
4
Imagem rara e bela
De quem se fez amada
Alçando a madrugada
Desnuda se revela
E nesta rara tela
A noite alvoroçada
Encanta deslumbrada
Destino em ti se atrela
E retomando a sorte
Diversa do que o corte
Há tanto me trouxera
A vida renascida
Encontra uma saída
E invade a primavera.
5
Aspecto fabuloso
Do gozo em plenitude
No quanto se transmude
Em clima vaporoso
O tempo desejoso
A força em atitude
Volvendo a juventude
Num corpo que andrajoso
Mergulha em terminais
Caminhos rituais
E volta crer na sorte
E nela quem pensara
Apenas nesta morte
Agora se transforma
Em noite imensa e clara
Dos sonhos toma a forma.
6
Olhar de um moribundo
Vagando sem sentido
E quando já perdido
O tempo noutro mundo
Risonho vagabundo
O quanto pressentido
Do verso em vã libido
E nele me aprofundo,
Riscando assim do mapa
O quanto já se encapa
A sorte noutra senda
Vestindo de ilusão
Meu passo em direção
Ao que jamais se entenda.
7
O quanto acaricias
As horas de ilusões
E teimas em senões
Raiando em novos dias
Imensas ventanias
Às quais sempre te expões
Em ritos servidões
E neles heresias
Resumo cada frase
No quanto ainda atrase
O passo rumo ao quanto
Pudera acreditar
Nas tramas do luar
Aonde enfim me encanto.
8
Se como tu procedas
Talvez possa dizer
Do mundo onde o prazer
Adentra tais veredas
E quanto mais concedas
Caminhos posso ver
Nas ânsias do viver
Por mais que sejam ledas
As tardes mais sombrias
E nelas não querias
Sequer a menor luz,
O tempo modifica
E quanto fortifica
Ao auge nos conduz.
9
Galgando qualquer céu
Aonde poderia
Saber da fantasia
E crendo em seu papel
Riscando o tom cruel
Mordaz onde teria
A morte mais sombria
Agora exposta ao léu,
Resolvo em verso e prosa
O quanto majestosa
A vida se fará
Tramando nova senda
E nela ora se estenda
E viva desde já.
10
A vida tal inferno
Aonde nada vejo
Senão este lampejo
Etéreo e nunca terno
Do tempo em que inda hiberno
Num ar duro e sobejo
Alheio ao meu desejo
E dele farto inverno
O quanto posso e creio
Sentir o olhar alheio
Aos rumos mais venais
Restando dentro em mim
Amor que não tem fim
Exposto aos vendavais.
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