sábado, 5 de junho de 2010

35591 até 35600

1

Dos sonhos sou pirata
Sugando cada verso
Do quanto sigo imerso
Ou tanto se retrata
Na face que desata
E nela me disperso
E quando desconverso
Adentro fogo e mata,
O porte se aumentado
Do quanto se fez brado
Ou mera coincidência
Assim vou concebendo
O dia novo adendo
Em nova penitência.

2


Um dia fora mouro
Se noutro fui cristão
Ou mesmo a direção
Buscando ancoradouro
Se às vezes eu me douro
Em outras negação
O verso desde então
Morrendo em nascedouro
Aborto o que seria
Se nada a fantasia
Pudesse me dizer,
Assim se inda renasço
E tento novo passo
Aí mora o prazer.

3

Amor dito flagelo
Maltrata, mas sacia
A lua tão vadia
Desnuda já revelo
E bebo este castelo
Na noite que se esfria
Na mão quando se guia
Nas sendas do rastelo,
Beijando a sorte invento
O quanto fora em vento
E agora me apascenta,
Resulto do que tanto
Vencera em medo e pranto
Matando esta tormenta.

4

Enquanto te toquei
E senti arrepio
No quanto ainda esguio
Por instantes fui rei
E sei que tanto errei
E quando fantasio
O mundo em rodopio
De novo me esbarrei
No corpo sensual
Na fome sem igual
E tudo se refez,
Mas logo destronado,
E agora sem reinado
Restando insensatez...

5

O quanto diz do fogo
Ateio e não sossego
Invado corpo ou ego
E não aceito rogo,
O tento quando é jogo
O beijo a que me entrego
O passo quase cego
Seja em Paris ou Togo,
O corte se anuncia
E vejo o novo dia
Em gozos e promessas,
E sei que pouco importa
Se existe ou não a porta
Ou como e quando expressas.

6

Seguindo esta fragata
Em mares mais diversos
O quando dizem versos
Ou mesmo já desata
A sorte sendo ingrata
Olhares mais dispersos
Os tantos quanto imersos
Nas grotas desta mata
O peso do passado
O toque este recado
O rosto em rugas feito,
Navego sem sentir
O cais se inda há de vir
Ou noutro mar me deito.

7

Buscando quando e onde
O tanto pode ou não
Traçar a direção
E nela quando esconde
O quanto dita a fronde
Ou mesmo a servidão
Dos pés descalços, chão
O medo não responde
Acode e logo estira
O corpo na mentira
Atira sem ter nexo,
Delírios desiguais
Em gozos sensuais
Num tão bem feito sexo.



8

Amor já se escondia
Em nova face quando
O tempo desabando
Trazendo o novo dia
Aonde se escondia
O peso me tocando
O corte reservando
O templo em heresia,
A serventia alheia
A porta que se esteia
Nas ânsias do querer,
Assim eu me permito
Enquanto beijo o rito
Tentando o amanhecer.


9

A vida dita a fúria
De quem não mais pudesse
Saber desta benesse
E viva na penúria
Enquanto esta lamúria
O mundo ainda tece
Amor jamais esquece
E vive sem incúria
No quanto ainda adoça
A sorte minha e nossa
Apossa-se do canto,
E sinto levemente
O quanto se apresente
A dita sem quebranto.

10

Pudesse te pegar
De mansinho com jeito
Assim quando me deito
Bebendo este luar
Beleza a se entregar
Nas ânsias deste leito
Enquanto fosse aceito
No tanto navegar
Mergulho em cada abismo
E quanto em cataclismo
O gozo logo explode
O tempo não se conta,
A vida segue tonta
Nem quero quem me acode.

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