quinta-feira, 3 de junho de 2010

35101 até 35110

1

Os sonhos dormências
Aonde eu pudera
Viver primavera
Antigas clemências
E sem ingerências
Da vida, esta fera
Quando degenera
Velhas penitências
Risonho caminho
Sem medo ou espinho
Aonde agiganto
O passo se dando
Num templo tão brando
E nele este encanto.

2

Volúpias e rotas
Diversas, perdidas
Assim nossas vidas
No quanto inda notas
Abertas compotas
As sanhas cumpridas
Em sendas vividas
Outrora remotas,
E tendo este farto
Caminho em que parto
Vivendo sem medo,
Ao todo que possa
A vida remoça
E à fúria concedo.

3

Dos tantos venenos
Que a vida me traz
A falta de paz,
Momentos amenos,
E neles se plenos
Em dor volto atrás
Buscando o que faz
Os dias serenos,
Mas nada encontrando
A fonte secando
Remando sozinho,
O verso disperso,
Mas novo universo
Repete o caminho.

4

Teus olhos sutis
Os meus na procura,
O quanto se cura
Em toques gentis
Vivendo o que eu quis
A noite em ternura
Bebendo a candura
Cenário refiz,
E adentro este espaço
No qual se me enlaço
Avanço sem medo,
E tento em teu rumo
No quanto me aprumo
Renovo este enredo.

5

Momentos suaves
Bebidos na fonte
Aonde desponte
Além destas naves
O quanto sei aves
Tragando o horizonte
E quando se aponte
Os dias mais graves
Encontrando a paz
E nela capaz
De ver novo dia,
Rendido à promessa
Assim recomeça
Vital fantasia.

6

Mórbidos, vis
Os tempos de outrora
Aonde devora
A fera infeliz,
Se assim me desfiz
Do quanto decora
Uma alma sem hora
Viver por um triz,
Riscando o passado
Ainda tocado
Por ventos vorazes
Do todo que eu quero
Um tempo sincero
Que agora me trazes.

7

Olhar radiante
Ganhando este céu,
O amor traça o véu
No quanto adiante
O tempo mutante
Diverso se ao léu,
O quanto cruel
Ou mesmo farsante
Nas ânsias do nada
E delas gerada
A morte ou vazio,
Mas quando contigo
Renovo e consigo
Vencer desafio...

8

Dos céus infinitos
Os olhos perdidos
Buscando os sentidos
E neles seus mitos,
Ausentes e aflitos
Por vezes sofridos
Ou mesmo se urdidos
Nas ânsias e gritos
Adentram promessa
E quando começa
A nova manhã
Entrego-me ao sol,
Imenso farol
Em vida tão vã.

9

Espíritos santos
Em olhos sobejos
Assim meus desejos
E neles os cantos
De quem sem espantos
Traduz azulejos
E quando em lampejos
Ausentes quebrantos
Vivemos sem medo
O quanto concedo
E peço afinal,
Apenas um riso,
Viver é preciso
O sonho, esta nau...

10

Dispersos caminhos
Por onde seguira
A velha mentira
Os tantos mesquinhos
Momentos sozinhos
E neles a pira
Ao nada se atira
Esgota meus vinhos,
Resulto do frio
E quando desfio
Meu canto eu refaço
Na voz mais suave
Aonde sem trave
Renovo este passo.

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