domingo, 28 de novembro de 2010

51300/10

51301

Olhares como fossem ardentias
Em noites mais escuras, fluorescência
Enquanto no vazio tento a essência
Apenas horas vagas e sombrias
Aonde no final nada trarias
Sequer o que pudesse em consciência
A vida se traduz; rara ciência
E deixa como rastro as agonias,
Esbaldo-me na morte que me trazes
E sei dos teus anseios mais vorazes
Vertiginosamente bebo o caos
E a mente cimentando esta visão
Da luta em mais completa imprevisão
Momentos se perdendo em vários graus.

51302

Flamejas cada olhar embora a vida
Jamais permitiria a redenção,
As honras que deveras se farão
Alimentando em nós cada ferida,
A sorte de tal forma sendo urdida
Apenas no final a danação
E o medo se tornando em amplidão
O quanto desta senda; é desprovida.
Vagasse sem destino ou mesmo rude,
Ao passo em que a verdade desilude
A podridão satânica traduz
Somática emoção em tom sombrio
E quando cada passo eu desafio,
Emanam dos meus olhos; sangue e pus.

51303

Os tantos que pudessem ser festejos
E os ansiosos passos rumo ao nada,
Apenas desdenhando em vaga estada
Ousando noutros dias mais sobejos,
Os tempos se desenham azulejos
E neles outra noite anunciada
A sorte na verdade não me agrada
E bebo a solidão entre os lampejos,
Restauro com meus erros juventude
E o caos aonde o todo somente pude
Vestir como quimera ou fantasia,
A luta se mostrara demoníaca
Aonde se quisera afrodisíaca
O tempo destroçando em ironia.

51304

Poderes entre fúrias e querências
As sortes não puderam traduzir
O quanto se deseja no porvir
E neste caminhar em tais ardências
As lutas não são meras coincidências
A morte se aproxima e quando vir
Trará o que talvez seja elixir
Marcando com brandura as evidências,
E andasse entre tempestas, vaga enchente
E quando novo rumo ainda tente
O manto se puindo não pudera
Apresentar sequer qualquer momento
Aonde na verdade o quanto tento
Expressa a solidão em leda espera.


51305

A morte decifrando o quanto somos
Diversa imagem trago do futuro
E sei o quanto possa e me asseguro
Dos erros desdenhados, velhos tomos,
E os tantos arvoredos, nosso gomos
O prazo terminando e inda procuro
O corte aonde em nada eu já perduro
Escombros da ilusão em ledos pomos,
Ascendo ao quanto pude e nada veio,
Apenas este olhar em tal anseio
Grassando sobre o pouco que em herança
A vida não transcorre nem conforme
O mundo se mostrasse mais disforme
E nisto cada passo sempre cansa.

51306

Fecunda imagem traz esta mortalha
E cega quem tentara ser diverso,
E quando para o nada ainda verso
A sorte na verdade me atrapalha,
A fúria a cada instante onde se espalha
O passo se desenha no reverso
Do sonho aonde outrora fora imerso
E a morte sem certezas diz navalha,
O corte penetrando na carótida
A vida que se fora sempre sórdida
Agora não permite mais um passo,
Sangria se tornando este banquete
Negando que se estanque em torniquete
O rústico cenário em mim já traço.

51307

Beber cada momento em sangue e luta
Avesso ao que pudera ser suave
O passo trama o quanto sempre agrave
A vida aonde o medo não reluta,
A sorte desdenhosa embora bruta
A liberdade foge como uma ave
E resta tão somente o canto grave
E tento com a sorte uma permuta.
A lua se escondendo em forte bruma
O mundo se desenha e não se apruma
Apenas enveredo este fastio,
E o canto em tom diverso destempera
Marcando em dissonância a primavera
Secando da nascente qualquer rio.

51308

Vergonhas e vinganças; corte farto
E o prazo não permite novo brilho
Aonde sem sentido busco e trilho
Apenas o que houvera inda reparto,
E sei de cada aborto, nego o parto
O sonho se mostrara um andarilho
E tento na esperança um estribilho
E o prazo noutro ocaso já descarto,
Expresso em voz tenaz o que não veio
Somente o meu caminho dita o meio
Do qual nada mais cabe dentro da alma
A solidão premissa de futuro
E nela o meu delírio mais maduro
Conheço cada linha desta palma.

51309


Empalideces quando a vida traz
A fúria desdenhosa de quem tenta
Vencer o quanto possa esta sangrenta
Vontade num momento mais audaz,
E o medo na verdade nada traz
Sequer esta vontade turbulenta
E o canto no final nada apascenta
Marcando com terror passo mordaz,
Ausento dos meus ermos e procuro
Traçar algum lugar bem mais seguro
E nisto se presume alguma luz,
Hedônico caminho? Nada disto,
Apenas contra a fúria; incauto, insisto
Erguendo um velho brinde ao quanto opus.

51310

O mal se traduzindo em tal cenário
Aonde com poder invade tudo
E nisto na verdade quedo mudo
E tento caminhar sempre ao contrário,
A sorte se desenha; itinerário
Diverso do que tento e desiludo,
Erguendo o meu olhar atroz e agudo
O mundo se aproxima temerário,
Esbarro nos demônios que cultivo
E sei do quanto possa ser cativo
Ousando em sanguinária face escusa,
Destarte a minha vida se presume
Apenas no que resta em tosco ardume
E o mundo sem proveito toma e abusa.

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