sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

51761/70

51761

O quanto solitário
Em noite desigual
O passo sem o qual
Perdesse o necessário

Caminho e itinerário
Vencendo outro degrau
O dia atroz e mau
No tosco itinerário.

Audaz e mesmo assim
Pressinto o quanto enfim
Pudesse discernir

No verso sem razão
Na vida em direção
Ao quanto inda há de vir.

51762

Na sorte mais sensata
Ou mesmo em tais matizes
Aonde já desdizes
O quanto nos maltrata

A luta mais ingrata
Os dias todos grises
Os olhos infelizes
A sorte não constata

Sequer o que inda havia
E nisto esta agonia
Expressa a negação

Dos erros costumeiros
Adentro os derradeiros
Caminhos que virão.

51763

O medo ou mesmo o traço
Aonde a sensação
Pudesse ser então
O quanto teimo e faço

No vasto do cansaço
A luta sempre em vão
O olhar sem emoção
O rústico embaraço.

Escondo dentro da alma
A vida aonde a calma
Pudesse adivinhar

Resumos outros erros
E neles vendo os cerros
Imaginara o mar.

51764

Não pude ter a sorte
De quem tentasse a vida
E nesta vã ferida
Sem nada que suporte

O medo dita o corte
A luta traz a lida
E sendo dividida
A vaga não comporte,

No ocaso de uma história
Apenas merencória
A senda se desenha,

E quanto mais pudera
Expresso esta quimera
Fortuna se desdenha.


51765

Não pude e nem quisera
Saber do quanto trago
Apenas como afago
E gesto a leda fera,

O passo destempera
E traça onde divago
O corte mesmo vago
A noite em turva esfera;

Ocasos entre quedas
E logo me enveredas
Em ermos sem sentido,

Depois de cada engano
O todo onde me dano,
Aos poucos logo olvido.

51766

Momento mais atroz
E nele a sorte dita
A morte se acredita
Unindo em mesma foz

O quanto houvesse em nós
Ainda que maldita
Na luta onde se grita
O passo logo após.

Esqueço e nada vendo
Apenas sou remendo
E tramo o descompasso,

Depois de tantos anos,
Em cortes mais profanos,
Sem rumo eu me desfaço.


51767

Sucumbo ao que pudesse
Trazer mera esperança
E o quanto em vão se lança
Apenas nada tece,

O mundo ora se esquece
E o corte sempre avança
Marcando em tal fiança
Ainda em leda prece.

O marco que divisa
O tempo feito em brisa
E abrigos mais diversos

Os olhos num instante
Aonde a paz se espante
E negue os tolos versos.


51768

Reparo cada engano
E bebo mais um gole
Aonde o corte esfole
E nisto assim me dano,

Mergulho em tom profano
O tempo ledo engole
E sei do quanto bole
Com todo desengano.

Esqueço alguma luz
E o quanto reproduz
Acena com o fim,

Depois de certos dias
Apenas me trarias
A sorte morta enfim.


51769

O tempo sem perdão
A lua já não vinha
E a sorte mais daninha
Em vaga direção,

Os dias moldarão
A luta onde continha
A vida não se alinha
E marca a imprecisão,

Descrevo uma esperança
E sei do quanto cansa
Sonhar sem ter proveito,

Depois de tanto ocaso,
Aos poucos já me atraso
E em nada mais me deito.

51770

Amar e ser amado
Ou mesmo sem saber
Do quanto em tal prazer
O mundo é desejado,

Assim o quanto invado
As rendas do querer,
Pudesse amanhecer
No todo ou noutro fado.

Esqueço cada passo
E vejo enquanto traço
Apenas o vazio,

A sorte se aproxima
Do turvo e ledo clima
Aonde eu me recrio.

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