sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

51701/10

51701

Pudesse adivinhar o melhor passo
Ou mesmo alguma luz aonde o nada
Trouxesse a mesma imagem desolada
Enquanto o meu cenário diz cansaço.

Meu verso se desnuda e quando o faço
Numa expressão há tanto abandonada,
Vencendo o que pudesse em vaga estrada
O rastro se demonstra em tempo lasso.

Escassamente vejo atemporais
Momentos entre tantos, desiguais
E nisto sou deveras o que tanto

Pudesse e não teria nova sorte,
Ainda quando o muito não comporte
O prazo determina como e quanto.

51702

Herméticas palavras? Nada disso.
Apenas nas ultrizes noites vãs
Espero redimir novas manhãs
Enquanto ao menos paz; teimo e cobiço.

A luta se apresenta em raro viço
E as horas com certeza são malsãs,
Já não comportariam meus afãs
Nem mesmo o quanto pude ou fosse omisso.

Legar a quem virá mesmos enganos
E os tantos caminhares, novos danos,
Escarpas encontrando no caminho.

Mas nada se aproxima do real
E vejo o mesmo engodo em pontual
Cenário aonde em queda, desalinho.

51703

Não quero ter a sorte mais fugaz
Do que se dera além e não soubera
Da sórdida expressão, leda quimera
Aonde o quanto quis já se desfaz.

Cravando o peito em cena mais mordaz,
O preço a se pagar me desespera
E trama a mesma face aonde a espera
Deixasse qualquer sonho para trás.

Vibrando em consonância: vida e morte
O tanto quanto apenas me conforte
Expressa melodias ou apenas

Esgota cada passo por si mesmo
E quando na verdade me ensimesmo
Ao longe, sem motivos, me envenenas.

51704

Abraçaria o mundo se pudesse
E ter além do cais um novo dia
Aonde mergulhando em poesia
A vida abençoando nova messe;

Ainda quando a sorte me obedece
E apraz o quanto tento e poderia,
Vestindo a mesma face: hipocrisia,
O nada noutro engodo se oferece.

Ocasos entre passos e vazios,
Apenas visto a sorte em tais estios
E bebo em goles fartos, a cicuta.

E quanto a mão se expressa em tom atroz
Já nada mais sossega o sonho após
E a morte num instante se executa.

51705

Não mais suportaria outro momento
Idênticas imagens repetidas
Geradas pelas tramas noutras vidas
E nelas o que tanto em dor fomento.

O prazo sem sequer discernimento
No etéreo caminhar onde duvidas
Das ânsias mais ferozes, desprovidas
Do quanto poderia em sentimento.

A luta sem saber do quanto traça
Apenas insensato vejo a caça
Aquém do quanto quis e não viera.

Depois de certo tempo a vida nega
E segue este caminho, enquanto cega
Esbarra nas entranhas desta fera.

51706

O quanto se revela sob a imagem
Já distorcida mesmo de quem tenta
Vencer a sorte atroz e turbulenta
Criando noutro instante uma miragem.

Ainda que pudesse em tal viagem,
Aragens mais diversas; nada alenta
E o corte mais audaz que se apresenta
Não mais se conteria em tal barragem.

O pranto, o prazo o caso, o caos e o medo
Que a vida represara inutilmente
Num ato sem defesas, num repente

Eclode enquanto em luta assim procedo,
Desnuda-se deveras num instante
E a face que se vê, tão degradante.


51707

No instante aonde a vida dita o quanto
Do passo poderia ou não trazer
A quem se dera além de algum prazer
O marco aonde o nada enfim garanto,

A luta se mostrasse noutro tanto
E o prazo renegando o amanhecer
Gerasse tão somente o não querer
E nisto outro momento em desencanto.

Numa áspera e diversa fantasia,
O quanto deste caos nos tomaria
Gestando o que pudera além do aborto.

O frágil caminheiro sem destino,
Um erro tão fugaz quão cristalino
Expressa olhar vazio e semimorto.

51708

Qual fosse um caminhar em solidão,
Levando as direções em estuário
Comum ao que pudesse, e temerário
Tramasse além da mera escuridão,

Os dias noutros tantos moldarão
O tempo muitas vezes necessário
E o corte num assento duro e vário
Trapaças tomam toda esta emoção;

Lacônica verdade, em tom sutil.
O mar que tanto tempo não se ouviu
Agora em nova praia se desfaz,

Ainda quando pude acreditar
Nas tramas mais diversas, sem luar,
A vida não traria mais a paz.


51709

O quanto da injustiça cala o sonho
De quem pudera crer na liberdade,
Negando ao sonhador a claridade,
Apresentando um ato mais bisonho.

E quando noutro passo me proponho
Levado sem sentir o que degrade
O passo sem destino ora se evade
E trama o que pudesse e não componho.

Ouvir a voz do tempo e prosseguir
Apreciando o quanto inda há de vir
Num ato refletido em tom suave,

Mas quando na miséria a vida traça
Apenas o que dita em luz escassa,
O passo noutro rumo ora se entrave.


51710

Pensar além do passo que se dera
Tentando revelar o quanto pude,
Sentindo esta expressão em atitude,
Matando o que renega em velha esfera,

Palácio transformado na tapera
O sonho mais audaz, restando rude,
E o canto aonde o medo se amiúde
Apenas outro tanto degenera.

Escancarando a luta em tom mordaz
Somente o que tentara queda atrás
E o prazo determina o fim de tudo.

Depois de certo tempo em vaga luta,
A força tantas vezes bem mais bruta
Expressa o caminhar onde transmudo.

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