sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

51731/40

51731

Procuro tão somente alguma aragem
Depois da queda aonde nada havia
Nem mesmo a sensação em utopia
Traçando com terror leda voragem,

A sorte se denota e sem coragem
Morrendo tão somente eu poderia
Viver o quanto a sorte me traria
E nisto me perdendo em tal visagem.

O espúrio sentimento traça o canto
E sei do quanto possa e não garanto
Sequer algum alento aonde é rude

Meu passo sem sentido ou direção,
Ousando noutros ermos sei que é vão
O sonho enquanto a vida desilude.

51732

Mal posso acreditar noutro momento
E sei do quanto é frágil tal caminho
E quando do vazio me avizinho
O mundo se apresenta em tal lamento,

E o vasto delirar em sofrimento
Expressa tão somente cada espinho,
E sendo de tal forma um ser mesquinho
O verso abre o peito e bebe o vento.

Esculturando em formas variadas
As sortes noutras tantas deformadas
Arcando com meus erros contumazes.

Apenas ser servil e nada mais,
Exposto entre os diversos vendavais
Aonde a solidão; decerto trazes.

51733

No prazo demarcado, a queda ronda
O tempo se traduz aquém do quanto
Pudesse e na verdade não garanto
Sequer o que pudesse em mera sonda,

A luta se traduz e não esconda
Meu prazo aonde o nada inda canto,
Vestíbulos do sonho que, entretanto,
Traçasse ao quanto a vida corresponda.

Dos lutos que carrego na minha alma
Apenas a mortalha não me acalma
Vagando entre diversos ledos ermos,

E quanto mais pudera ser disperso,
Meu mundo noutro passo eu desconverso
E busco em desafio a paz revermos.

51734

O verso sem proveito a voz calada
A noite que pudera ser alheia
A lua que tentara imensa e cheia
No fundo já não diz mais quase nada,

A porta se trazendo em vão trancada,
O corte noutra face se permeia
E a luta sem descanso me rodeia,
A carne apodrecida, a sorte evada;

Não pude acreditar noutro horizonte
E tendo o meu caminho onde desponte
Somente o que se sente sem valia,

O resto dos meus sonhos sem proveito,
Ainda quando inválido eu me deito
A morte traduzisse uma utopia.


51735

Se eu tento caminhar sobre estas brasas
Ainda que pudesse nada resta
Sequer o que apresenta em mera fresta
Ou mesmo na verdade não embasas,

As horas dominando e quando atrasas
Somente este non sense nos atesta
O rústico cenário onde se empresta
Destrói das esperanças velhas casas.

Ouvindo algum sonido em noite escusa
A sorte se traduz e sempre abusa
Da imensa sensação do nada ter.

Ainda que pudesse ser diverso,
Ao menos neste rumo quando verso,
Enfrento o descaminho em desprazer.

51736

Já pouco restaria de quem sonha
E nada mais se traz além do engano
Aonde com certeza assim me dano
Vivendo o quanto pude em tez bisonha,

A luta tantas vezes enfadonha
O marco desdenhando cada plano
O corte aonde fora soberano
O beijo sem sentido em voz medonha.

Alhures vejo a sombra do que fora
Imagem tantas vezes sedutora
Que o tempo transformara em caos e medo.

O quanto pude ver e não sabia
Sorvendo a mais diversa fantasia
Ao nada a cada engodo eu me concedo.


51737

Um átimo, num ato sem sentido
Errático caminho em luta e fel
Ao menos poderia noutro véu
Ter todo o meu cenário resumido.

E quando se percebe desunido
Cenário aonde o medo dita ao léu
O canto se moldara mais cruel
E o preço noutro engodo, desvalido.

Aonde em liberdade vi meu mundo
E neste caminhar tanto aprofundo
Nascendo a cada instante em voz diversa,

A luta sem descanso me atormenta
E o todo quando traça a turbulenta
Manhã somente marca em tez sangrenta.


51738

Ao ver o quanto pude num instante
O medo se moldara mais além
Do todo que desenha e sempre vem
Num ato tantas vezes penetrante,

A morte a cada passo não garante
Sequer o quanto a vida teima e tem,
Vestindo a fantasia sou refém
Do prazo que se finda doravante,

O libertário gosto da esperança
Ainda quando manso nos alcança
Presume nova rota em nossas mãos,

Meus dias entre tantos já perdidos,
Os olhos noutros erros resumidos
Cevassem sem certeza toscos chãos.

51739

Imprecisas palavras ditam formas
E tramam simples queda e nada a mais,
Aonde se pudesse e já te esvais
Os erros noutros passos tu deformas,

As ondas entre vagas e reformas,
As sortes são deveras mais venais,
Erráticos cometas, em sinais
Entranham outros tantos, moldam normas.

Ascendo ao quanto pude em voz macia,
E o nada no final não mostraria
Sequer algum alento aonde eu pude

Trazer em consonância a vida agreste
E quantas vezes sinto que vieste
Matando o que me resta em juventude.

51740

Recomeçar do nada e crer no fato
Aonde a vida molda num resgate
O quanto poderia e se maltrate
Destarte no final nada resgato,

A luta se desenha em desacato
E o prazo aonde o sonho se arrebate
E o canto no final, quando debate
Expressa o que pudesse e não constato.

Arcar com meus enganos, prosseguir
Volvendo ao quanto pude resumir
De um tempo sem sinal algum de paz.

O marco em dissonância, o verso frio,
O sonho aonde o nada ora desfio
E a sorte que jamais me satisfaz.

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