segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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461

Em busca do que tanto
Pudesse traduzir
Num ato que há por vir
O medo onde garanto
A queda em desencanto
O todo que ao sentir
Já não possa eximir
Meu barco em ledo pranto
Vagando sem destino
E sei que determino
O fim de cada anseio
Vestindo a melhor sorte
Ainda me comporte
O mundo em devaneio.

462

No leito aonde um dia
A sorte em pesadelo
Trouxesse em tal desvelo
A face em ironia,
O quanto poderia
Ou não tento revê-lo
O canto feito em gelo
E a noite mais sombria,
O rumo se perdendo
No quanto em dividendo
Pudesse me entranhar
Navego contra a fúria
Da sorte em leda incúria
Buscando descansar.

463

Levanto os olhos quando
Neste horizonte a lua
Exposta bela e nua
Aos poucos se entregando
Ao todo derramando
E nada mais cultua
Enquanto ali flutua
O tempo em sonho brando,
A rústica presença
De quem já me convença
Do dia que virá,
Não tendo outra saída
A sorte concebida
Renego desde já.

464

O todo sempre mente
E traça outro sinal
Aonde o temporal
Aos poucos inclemente
Fulgura plenamente
E marca em desigual
Caminho o ritual
No quanto se apresente,
Expresso este delírio
E sinto em tal martírio
O medo mais fugaz
A rústica presença
De quem deveras pensa
E nada ao fim me traz.

465

A vida em tais camadas
Moldando novos dias
E neles não virias
As sortes desejadas,
Ausento as alvoradas
E bebo as fantasias
E nestas heresias
As horas; sempre evadas,
Cevando novo tento
Aonde sempre atento
Invento alguma luz,
Após o meu momento
O corte em sofrimento
Expondo o que não pus.

466

A vida se desdobra
E gera outro fascínio
E quando sem domínio
Memória não recobra
A luta dita a sobra
E quando em vaticínio
Sem nada que ilumine-o
Meu mundo ao sonho dobra,
Esbarro nos enganos
E tento após os danos
Os dias mais audazes
E sei que no final
Imagem desigual
Alheia tu me trazes.

467

Angelical figura
Exposta em sonhos claros
E os dias sendo raros
A sorte configura,
E nada em tal ternura
Trouxesse meus amparos
E sei dos mais amaros
Momentos sem a cura
Dos ermos de minha alma
Ainda quando acalma
A luta não termina,
Depois de certo ocaso
O quanto tento, aprazo
Expresso em leda sina.

468

O quanto fosse teu
O sonho onde me entrego
Embora siga cego
Meu mundo se verteu
Lutando amanheceu
Aonde em paz trafego
E bebo ou mais me emprego
No rumo outrora meu,
Ascendo ao que pedisse
Vivendo esta tolice
Esbarro no final,
E tento após o todo
A vida sem engodo,
Porém sequer sinal.

469

Minha alma numa espera
Aonde poderia
Ousar em agonia
A sorte destempera
E quando degenera
Expressa a fantasia
E mata em agonia
O quanto não pudera
Vencer o meu caminho
E trago além do ninho
O medo sem sentido,
Esqueço cada passo
E quando além eu traço
Meu canto dilapido.

470

Minha esperança morre
Aonde nada houvera
Sequer a primavera
E o todo me socorre
Gerando o velho porre
E quanto mais tempera
A vida noutra esfera
Tramando o mesmo escorre,
Espero após o fim
O renascer em mim
Do todo que não veio,
Apenas recolhendo
O mundo em dividendo
A sorte sem receio.

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