sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

51741/50

51741

A vida persistindo mesmo à parte
Do quanto acreditei e nada vinha,
Verdade se desenha mais daninha
E o sonho sem proveito não reparte,

A cada novo passo este descarte
E nele nada mais inda convinha
Aquém da poesia, desalinha
Matando o que pudera ser uma arte.

A lenda atravessando o tempo e o caos
Momentos tão diversos, rudes, maus
E o tramitar do sonho em tal ocaso

Há tanto que buscara a dimensão
Dos erros onde os passos se darão
Depois de tanto engano enfim me atraso.

51742

Expondo desde agora o quanto pude
Traçando num momento a minha sorte
Ainda que deveras não conforte
A vida se apresenta em magnitude.

O canto aonde o todo não mais mude
Incauto caminhar diverso norte,
Apresentando o sonho que deporte
E mostre o rudimento e tanto ilude.

Não quero e nem pudera ser diverso
Beber o todo expresso no universo
Versando sobre o caos onde me vejo,

Ao fim de certo tempo nada houvera
Sequer a menor flor e a primavera
mostrasse a claridade de um desejo.

51743


A vida desenhando em nova aurora
O quanto acreditara e sendo assim
Num canto desfiando o ledo fim
A sorte sem destino desancora

E o prazo com certeza me apavora
Traduz o quanto resta vivo em mim,
No néscio caminhar enquanto eu vim
A face sem ternura desarvora.

Voláteis emoções, em turbulência
Pudesse ter ao menos consciência
Do engano mais freqüente e mais tenaz.

O erro se traduz a cada passo
E neste delirar o quanto eu traço
Já não mais deixaria a vida em paz.



51744

O todo dita a sorte
E traz entre duelos
Momentos que entre anelos
Jamais ora conforte

A luta não comporte
Sequer momentos belos
Rompendo velhos elos
O tempo esquece o norte.

Ausento do que pude
Cerzindo em passo rude
Apenas o vazio

Não mais conseguiria
Nem mesmo uma alegria
Aonde em vão desfio.

51745

Jogado sobre o solo,
Somente nada trago
Sequer o mundo vago
Aonde eu vejo o dolo,

E quando em vão me assolo,
Retiro o velho afago
E sei quando divago
Buscando um mero colo.

Esqueço o quanto houvera
E nisto a mesma fera
Impávida traduz

Negasse algum caminho
E Sinto-me sozinho
Ausente qualquer luz.

51746

O vento noutro traço
A senda mais fugaz
O quanto se desfaz
E nada além eu faço

Havendo algum espaço
O resto queda atrás
E o manto não me traz
Sequer um mero laço,

A cruz e a leda espada
Aonde o tanto já se evada
E deixe muito aquém

A face descoberta
Da luta onde deserta
Amor que não mais vem.

51747

Jogado nalgum canto
Porões que conheci
Os trago ainda aqui
E nisto o fim garanto.

Pudesse sem espanto
Viver a paz e cri
Viceja o que perdi
E traço a dor e o pranto.

Completo e me disperso
Vagando este universo
Ainda que pudesse

Meu mundo não conhece
E nisto o quanto verso
Aquém de uma benesse.

51748

Não tenho a menor sorte
Nem mesmo poderia
Ousar numa alegria
Ou ter o que conforte

Seguindo sem meu norte
A morte ditaria
A luta em agonia
E o passo não comporte.

Errático momento
Dizendo o quanto tento
E vejo noutro passo

Irônica verdade
A sorte se degrade
E o nada ainda traço.


51749

Escassas noites frias
Espúrias emoções
E quando além me expões
As sortes não terias,

Sequer as mais vazias
E turvas expressões
Gerando sensações
E nelas utopias.

Apenas nada sou
E o quanto enfim restou
Traduz realidade,

Espero alguma luz
E o quanto reproduz
Sem nexo ora se evade.


51750

Blindar cada passada
Com erros mais sutis
E quanto mais eu quis
A vida trouxe o nada

Ausência anunciada
Aonde eu me desfiz,
Somente este aprendiz
A sorte em derrocada.

Ocasos entre quedas
E quando alheia sedas
Adormecendo o sonho.

Do tempo já perdido
Meu canto desprovido
Traduz o mais bisonho.

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