51741
A vida persistindo mesmo à parte
Do quanto acreditei e nada vinha,
Verdade se desenha mais daninha
E o sonho sem proveito não reparte,
A cada novo passo este descarte
E nele nada mais inda convinha
Aquém da poesia, desalinha
Matando o que pudera ser uma arte.
A lenda atravessando o tempo e o caos
Momentos tão diversos, rudes, maus
E o tramitar do sonho em tal ocaso
Há tanto que buscara a dimensão
Dos erros onde os passos se darão
Depois de tanto engano enfim me atraso.
51742
Expondo desde agora o quanto pude
Traçando num momento a minha sorte
Ainda que deveras não conforte
A vida se apresenta em magnitude.
O canto aonde o todo não mais mude
Incauto caminhar diverso norte,
Apresentando o sonho que deporte
E mostre o rudimento e tanto ilude.
Não quero e nem pudera ser diverso
Beber o todo expresso no universo
Versando sobre o caos onde me vejo,
Ao fim de certo tempo nada houvera
Sequer a menor flor e a primavera
mostrasse a claridade de um desejo.
51743
A vida desenhando em nova aurora
O quanto acreditara e sendo assim
Num canto desfiando o ledo fim
A sorte sem destino desancora
E o prazo com certeza me apavora
Traduz o quanto resta vivo em mim,
No néscio caminhar enquanto eu vim
A face sem ternura desarvora.
Voláteis emoções, em turbulência
Pudesse ter ao menos consciência
Do engano mais freqüente e mais tenaz.
O erro se traduz a cada passo
E neste delirar o quanto eu traço
Já não mais deixaria a vida em paz.
51744
O todo dita a sorte
E traz entre duelos
Momentos que entre anelos
Jamais ora conforte
A luta não comporte
Sequer momentos belos
Rompendo velhos elos
O tempo esquece o norte.
Ausento do que pude
Cerzindo em passo rude
Apenas o vazio
Não mais conseguiria
Nem mesmo uma alegria
Aonde em vão desfio.
51745
Jogado sobre o solo,
Somente nada trago
Sequer o mundo vago
Aonde eu vejo o dolo,
E quando em vão me assolo,
Retiro o velho afago
E sei quando divago
Buscando um mero colo.
Esqueço o quanto houvera
E nisto a mesma fera
Impávida traduz
Negasse algum caminho
E Sinto-me sozinho
Ausente qualquer luz.
51746
O vento noutro traço
A senda mais fugaz
O quanto se desfaz
E nada além eu faço
Havendo algum espaço
O resto queda atrás
E o manto não me traz
Sequer um mero laço,
A cruz e a leda espada
Aonde o tanto já se evada
E deixe muito aquém
A face descoberta
Da luta onde deserta
Amor que não mais vem.
51747
Jogado nalgum canto
Porões que conheci
Os trago ainda aqui
E nisto o fim garanto.
Pudesse sem espanto
Viver a paz e cri
Viceja o que perdi
E traço a dor e o pranto.
Completo e me disperso
Vagando este universo
Ainda que pudesse
Meu mundo não conhece
E nisto o quanto verso
Aquém de uma benesse.
51748
Não tenho a menor sorte
Nem mesmo poderia
Ousar numa alegria
Ou ter o que conforte
Seguindo sem meu norte
A morte ditaria
A luta em agonia
E o passo não comporte.
Errático momento
Dizendo o quanto tento
E vejo noutro passo
Irônica verdade
A sorte se degrade
E o nada ainda traço.
51749
Escassas noites frias
Espúrias emoções
E quando além me expões
As sortes não terias,
Sequer as mais vazias
E turvas expressões
Gerando sensações
E nelas utopias.
Apenas nada sou
E o quanto enfim restou
Traduz realidade,
Espero alguma luz
E o quanto reproduz
Sem nexo ora se evade.
51750
Blindar cada passada
Com erros mais sutis
E quanto mais eu quis
A vida trouxe o nada
Ausência anunciada
Aonde eu me desfiz,
Somente este aprendiz
A sorte em derrocada.
Ocasos entre quedas
E quando alheia sedas
Adormecendo o sonho.
Do tempo já perdido
Meu canto desprovido
Traduz o mais bisonho.
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