domingo, 28 de novembro de 2010

51311/20

51311

O quanto caberia em podridão
Arcando com sarjetas, ledo pária
A vida noutra face mesmo vária
Expressa do vazio a dimensão,
O passo se transforma em negação
E a luta na verdade procelária
Marcando cada noite ilusionária
E traz a quem sonhara a hibernação,
Apenas o vazio dita regras
E nisto sem defesas desintegras
Arcando com poentes dentro da alma,
Servindo de alimária e nada além
Meu mundo com certeza nada tem
Sequer a provisão que tanto acalma.

51312

O tempo destroçando qualquer luz
E agora entre estas rugas vejo o quanto
A vida noutro passo não garanto
E a morte a cada olhar se reproduz,
O sonho mais se ausenta e gera a cruz
E o verso no vazio em ledo espanto
A sorte sem certeza gera o pranto
E o manto se puindo não seduz
Esqueço cada verso e sigo só,
O rastro se perdendo em ledo pó
Satânica visão do quanto pude
Traçar em descaminho e em desafeto
Aonde o meu momento não completo
A luta renegando uma virtude.

51313

O quanto acreditasse e não pudera
Sabendo desde já do quanto é vago
O mundo; aonde em torpe luz divago
Marcando com terror a dura espera,
E o ledo caminhar em tosca esfera
No fato de sonhar apenas trago
O mundo sem sentido e não afago
Sequer o que pudesse e nada gera.
Apenas sendo assim insisto em vão
As horas com certeza me trarão
Somente o descaminho já previsto,
E o tanto quanto pude outrora nisto
Esboça o fim do encanto e mata em mim,
A lúdica impressão de algum jardim.


51314

Grandezas tão diversas: sonho e fato
O tanto quanto pude e não soubesse
Ainda quando a vida dita em prece
O que já não cabia e nem constato,
O mundo se aproxima e se o retrato
Somente no que tange e se obedece
A morte na verdade me entorpece
E gera o que pudera e onde resgato,
O mar sem ter sequer a leda praia
Aonde cada passo me distraia
Extraio sem sentido a voz do sonho,
Mordazes esperanças, ledo passo
E o tempo aonde o todo já desfaço
Traduz o meu olhar turvo e medonho.

51315

Retroceder enquanto a vida tomba
O mar em tal procela se renega,
A vida sem sentido segue cega
E o corte na verdade tanto arromba
A luta no vazio se produz
E marca com diversos tons a sorte,
Restando quem deveras não suporte
Sequer o que restasse em mera luz,
Aprendo a cada engano um pouco mais,
A solidão ensina e tanto alenta
A senda se define turbulenta,
Mas gosto destes tantos vendavais,
E sigo sem proveito o quanto tinha
Da morte que será, enfim só minha.

51316

O quanto se ocultasse em tal fastio
Marcando com tenazes cada passo,
Produzo o que pudera, mas escasso
Cenário na verdade ora desfio,
E bebo o quanto em rude desafio
O manto com certeza já desfaço
E trago outro momento em ledo traço
E nada mais pudera em desvario.
Se resolutamente sigo em frente
Apenas o passado se apresente
E gere sem futuro outra manhã
A noite sem sequer algum alento
Bebendo a tempestade, sorvo o vento
E sigo a minha história atroz e vã.

51317

Reinando sobre as ânsias, meu pecado
O tempo em infernais momentos dita
O quanto desta noite necessita
E nisto sem sentido enfim eu brado,
E o passo noutro rumo, quando dado
A senda se desenha mais finita
Imagem da mulher rara e bonita
A morte se lançando feito um dado,
A mesa se aproxima da iguaria
E o quanto poderia e não veria
Transcende ao sonho atroz e gera o fim,
Mergulho nos meus erros contumazes
E o todo na verdade ainda trazes
Matando o que restara vivo em mim.

51318

O quanto amansaria a tempestade
O tempo em lucidez ou calmaria.
O tanto quanto posso não adia
A sorte que deveras desagrade,
E aonde se vislumbra a liberdade
O canto se perdendo em fantasia
Matando dentro em mim a poesia
Escuto mais distante o quanto evade,
Esboço reações e nada vindo
Somente o que pudera e sendo infindo
O tanto que inda tenho em confidência
A vida não produz alguma sorte
E traz apenas morte que conforte
E gere no vazio a providência.

51319

Ignomínia traduz a insensatez
E nada mais permite que se veja
A sorte tantas vezes malfazeja
Aos poucos noutro infausto se desfez
Buscasse pelo menos lucidez
E a luta na verdade não almeja
Sequer o que pudera e assim dardeja
O quanto sem sentido tu não crês,
Sementes de ilusão em solo rude
O mundo com certeza tanto ilude
E mata quem sonhara além da rota,
Destarte no vazio da esperança
Enquanto o meu caminho ao nada avança
Apenas a mortalha ainda brota.

51320

Satânica deidade em tom voraz
Apenas outra luz já não veria
Quem tenta desvendar na poesia
O quanto da esperança foi capaz,
E nada na verdade satisfaz
Gerando dentro em nós esta agonia
Marcando o que pudera em utopia
Deixando o descaminho para trás,
Ausento do caminho em temperança
E a luta sem descanso ora me lança
À frente de batalha em barricadas,
As sortes são diversas, disto eu sei,
E quando imaginara calma a grei
Imagens se aproximam desoladas...

Nenhum comentário: