quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

51641/50

641

Saber do desprazer
A cada novo engano
E quanto mais me dano
Maior o meu sofrer,
Negando o amanhecer
O risco em novo plano
O tempo soberano
Não deixa nada ver,
Alheio ao que inda possa
A sorte dita a fossa
E gera a queda após,
Mergulho neste vago
Caminho onde divago
E perco rumo e foz.

642

A vida feita em farsa
Apenas nos traduz
Ausência em sonho e luz
E nada mais disfarça,
O corte, a sorte, a garça
Além já não conduz
O sonho reproduz
E o tempo sempre esgarça,
Vestindo esta ilusão
Os tempos moldarão
Somente este vazio
E sei da minha sorte
Traçada além do corte
E o todo eu desafio.

643

Não pude e nem tentara
Além da queda e a dor
O mundo em tal sabor
Traduz a sorte amara,
E o quanto se prepara
E gera o dissabor
Matando cada flor
Tomando esta seara,
A sorte não pudesse
Trazer o que merece
Quem sonha e tanto luta,
Depois de certo tempo
Envolto em contratempo
A senda se faz bruta.

644


Ouvir a voz de quem
Pudesse desenhar
Momento a navegar
Após tanto desdém
E ser feito refém
Dos raios de um luar
Aonde começar
E ter o quanto vem
Não pude e nem quisera
Saber da turva espera
Em noite solitária
A morte desenhando
O tempo desabando
A vida é temerária.

645

Não quero a solidão
Tampouco a dura senda
Aonde o nada atenda
E trague outra expressão
A lua em dimensão
Diversa além se estenda
E nada mais entenda
Quem bebe a ingratidão
Acordo cada sonho
E mergulho onde proponho
Cenário sem igual,
Apenas tempestade
Enquanto já degrade
Meu cenário em tom venal.

646

Negando a minha sorte
O que pude no passado
Ditando o quanto invado
E nisto meu suporte
Ainda que conforte
O rumo em que ora brado
Causando tanto enfado
Mudando o passo e o norte,
Espero qualquer luz
E gero o que produz
Apenas a alegria
E nada mais se vendo
Além do dividendo
Do amor em fantasia.

647

Meu canto sem proveito
O rumo onde pudera
Apascentar a fera
Deitando onde deleito
Vagando satisfeito
Marcando o que me espera
Vencendo o quanto gera
A noite me seu proveito,
Espero apenas isso
E quanto mais cobiço
Deveras mais não vejo
Somente o que inda trago
Presume o novo afago
Distante do desejo.

648

O sonho não se cala
E o tempo desilude
Aonde em juventude
Minha alma mais vassala
A vida adentra a sala
E gera o canto rude
E nisto quanto eu pude
A luta me avassala
Gerando após a queda
O quanto se envereda
Sem rumo e precisão,
Marcando com meu verso
O quanto inda disperso
E busco em solidão.


649

Outro tempo não podia
Quem se fez além do cais
E nada enfrenta os vendavais
Nem mesmo esta agonia
O corte me traria
Somente os funerais
E nisto os dias tais
Apenas na agonia
Adentro mar imenso
E bebo enquanto penso
A sorte que não veio
Ponteia o coração
Mudando a direção
Do sonho em devaneio.

650

Já não mais vejo a luz
E nada me conforta
Abrindo a velha porta
A luta reproduz
Carpindo o que conduz
A sorte então se aborta
A vida audaz e torta
O corte não reluz
E o tempo desenhado
Expressa o meu passado
Sonega algum futuro
E o quanto inda pudera
Vencer em primavera
No fim nada asseguro.

Nenhum comentário: