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Obscura caminhada em noite escusa
A sorte não pudera traduzir
O quanto do vazio irei sentir
E a luta se mostrara mais confusa,
A morte desdentando a velha Musa
O corte noutro intento que há por vir
Gerando o que pudesse repartir
E nisto a minha luta em vão abusa,
Esqueço o quanto pude e não tivera
Senão a mesma face onde esta esfera
Expressa a solidão e nada além,
O prazo determina o fim de tudo
Audaciosamente eu me transmudo
E sigo o que deveras nunca vem.

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Mesclando o meu caminho em sortilégios
Diversos onde houvera uma incerteza
A sorte não pudera estar ilesa
Nem mesmo redimir os privilégios
Meus dias entre infaustos jamais régios
Seguindo qualquer tom em tal leveza
A sorte se desenha sem surpresa
E os erros entre os passos mais egrégios.
Imolam-se esperanças, morte à vista
E o tanto quanto possa não resista
E trace apenas ermos dentro em mim,
Ascendo ao mais diverso e vão cometa
E quando no vazio se arremeta
O todo dita aos poucos o meu fim.

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Savanas dentro da alma transformando
O tempo num desértico momento
E quando a solução ainda eu tento
Atento caminhar dita o nefando,
As dores se aproximam, ledo bando
E nisto o que pudera em desalento
Regendo o mais temido sofrimento
O todo me invadindo e já tomando.
Esqueço qualquer verso em luz e glória
Minha alma tantas vezes merencória
Não busca alguma luz e segue em vão,
Pudesse acreditar noutro cenário,
Mas quando me imagino temerário
A sorte nega enfim nova estação.


51324

Sem regalias tento o quanto apraz
E vejo outro momento sem poder
Ainda dentro da alma amanhecer
Deixando este cenário para trás
O quanto poderia e nega a paz
Meu mundo num suave apodrecer
Tramando o quanto tive e sem saber
Descrevo com meu verso mais mordaz,
Não tive e nem teria melhor sorte
Destarte o que talvez inda suporte
Expressa a solidão aonde um dia
Vencendo os descaminhos não se vira
Além da face amarga da mentira,
O olhar mais indiscreto da ironia.

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Em opiácias rotas busco a paz
E sei que se amofina cada passo
Aonde na verdade o que inda traço
Gerasse outro momento contumaz,
No peso desta vida mais audaz
O mundo se desenha em tom escasso
E o prazo determina o que devasso
Matando o quanto em mim inda se traz,
Expresso a turbulência que entorpece
E o nada se apresenta e me enlouquece
A rústica certeza do vazio
Conduz o meu caminho ao fim e após
A morte desdenhosa em leda foz
Apenas o que fora eu desafio.

51326

Um elixir quem sabe, outro momento
E o cântico aflorando dentro em nós
A vida se renega e logo após
Apenas o vazio em mim fomento,
Sentindo a sorte amarga eu me atormento
E bebo do caminho a turva foz
Negando sem sentido qualquer voz
O corte noutro instante não lamento,
E vibro em consonância com o nada,
A sorte noutra face desdenhada
A morte me rondando, redentora
Destarte cada passo se desenha
Aonde o meu cenário não contenha
Senão a mesma luz por onde fora.

51327

Pavoneando a sorte de quem tenta
Vestir uma ilusão, mesmo em frangalhos
Os atos com certeza sendo falhos
A vida se transforma em violenta
E a noite sem defesas mais sangrenta
As frondes distanciam destes galhos
Os olhos anunciam meus retalhos
E o prazo a cada dia mais aumenta,
Negar o que pudesse e ter em mente
O quanto na verdade se apresente
Matando alguma luz que inda habitasse,
É como ter satânica visão
Dos dias mais atrozes que verão
Sem máscara nenhuma a torpe face.

51328

Olhares embebidos no vazio
Agraciando o tempo com o nada,
A sorte há tanto tempo renegada
O verso sem sentido ora desfio
E bebo com certeza este fastio
E a lua se desdenha em tez nublada
A vasta solidão da madrugada
E o passo se aproxima em desvario.
Resumos de outras eras, fatos, planos
E quando quis meus versos soberanos
O tempo não trouxera alguma paz
O rústico cenário então se faz
Matando o que pudera em ledos danos
Gerando este caminho mais mordaz.

51329

Prefiro a consistência do não ser
Ao tanto que a mentira me desenha
E o mundo se revela em vaga ordenha
Marcando com terror o amanhecer,
Ainda quando pude parecer
Sem nada que deveras me convenha
A luta se transforma e nada venha
Sequer o que pudera conceber.
Aprisionando o sonho em leda algema
Quem tanto na verdade nada tema
Não sabe discernir prazer e medo,
E assim ao me entregar sem ter defesas
Seguindo sem sentido correntezas
Ao nada que virá eu me concedo.

51330

Constância aonde o nada se mostrara
Desnuda madrugada em solidão
Os dias com certeza não trarão
A luz tão desejada audaz e rara,
A morte num momento se prepara
E traça cada passo em seu senão
A luta se desenha sempre em vão
Quem tanto poderia, desampara.
O fato mais constante dita o fim,
E o nada se aproxima então de mim
Amortalhando o sonho em leda luz,
O corte se tornando em leda chaga
Meu mundo no vazio ora divaga
E gera tão somente a dor e o pus.