terça-feira, 30 de novembro de 2010

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“Congelo as mãos e o peito” em pleno inverno
Dos sonhos sem saber de uma esperança
E o quanto da saudada toma e avança
E nela sem defesas já me interno,
Meu mundo que quisera bem mais terno
Agora no vazio então se lança
Perdendo pouco a pouco a confiança
Naquilo que pensara ser eterno.
Assombros, madrugadas, noites frias
Restando tão somente as fantasias
E delas me alimento, e nada mais.
Dos sonhos mais audazes o que resta
Imagem distorcida que me atesta
Da sorte desvalida em vendavais.

Sobre verso de Camila Cabral.

51552

Eleva-se o pensar além do quanto
Pudera o sentimento ou mesmo quis,
E sendo de tal forma mais feliz
Em libertário passo, eu tento e canto,
Ainda quando vendo o desencanto
Ou mesmo a mais temida cicatriz,
Meu passo jamais cessa e contradiz
O amor se desenhando e me adianto.
São certas emoções diversas
Os sonhos onde tanto além dispersas
Vagando sem sentido ao auferir
O mundo tanta vez a nos ferir
O sonho se traduz em liberdade
Encorajando o tanto que me invade.

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Em formas tão diversas, vida e sonho
Eflúvios de uma história sem sentido
E o quanto se pensara resolvido
Apenas traduzindo o que proponho
Vestígios deste encanto ou mais medonho
Cenário aonde o tempo desprovido
Expressa a solidão e nado duvido
Do passo sem destino onde me ponho,
Escassos dias dizem do abandono
Sidérea fantasia e desabono
O pântano que teimo em percorrer,
Depois de tantos anos, constelar
O todo que pudesse a divagar
Aguardo, inutilmente, o amanhecer.

51554

Em alvas luas vejo os sonhos meus
E errático desvendo os meus anseios
Pudesse te tocar; divinos seios,
Porém tantos caminhos são de adeus,
Alheio ao que pudesse ser diverso
Expresso em solidão, medo e temor
O canto se moldando em tal louvor
Gerando dentro em nós nosso universo,
E bebo em tua boca esta amplidão
Vestindo a minha sorte de tal forma
Enquanto a plenitude em paz me informa
Dos dias mais sensatos que virão,
Apenas após quedas revolvendo
O amor que outrora fora um vão remendo.

51555

Entre os luares vários noites claras
Penetro os meus anseios e volvendo
Ao quanto no passado foi remendo
E agora noutro rumo tu preparas
As horas sem demora belas, raras,
O corpo no teu corpo se envolvendo
E o manto já puído me trazendo
A mágica poção, amor que encaras,
E as duras ilusões, claras palavras
Aonde com razão amores lavras
Gerando esta emoção sem paralelo
E ao todo me entregando num momento
Enquanto nos teus braços meu provento
Um sentimento; a paz: busco e revelo.

51556

Brumosa noite envolta na saudade
Ditando o quanto fora e não volvera
A sorte se perdendo, leda cera
A vida renegando a claridade,
E o passo sem destino agora evade
E traz o mesmo caos onde vivera
A senda desejada se perdera
Aquém do que pudesse a liberdade,
Ausento do meu sonho mais vulgar
E sei do quanto pude imaginar
Sem ter sequer alento ou mesmo paz,
A vida se aproxima em desencanto
Do quanto procurara e não imanto
Morrendo quando o sonho se desfaz.

51557

Vagas imagens ditam o futuro
Alagas com miragens o meu sonho
E quando tu divagas; eu proponho
Apenas o que possa e te asseguro,
Meu ermo caminhar em tempo escuro
O gesto sem sentido, o mais bisonho
Momento aonde resta o que componho
Num ato tão nefasto quanto duro,
Expresso a fantasia em tom maior,
Mas vejo a solidão ao meu redor
E nada me aproxima desta luz,
Somando o que inda tento nada vindo
O marco se desenha e já ruindo
O todo num cenário onde me pus.

51558

Fluidas noites dizem do que outrora
Pudesse em consistência transcrever
Marcando cada parte do meu ser
Com toda a sensação que não ancora,
O sonho sem destino me apavora
E gera a turbulência sem se ver
Pudesse noutro passo revolver
A luta sem sentido que ora aflora
Escassamente a mente me arremete
E traz o que deveras não compete
A quem se fez aquém do que queria,
E o vasto deste céu já se perdendo,
No todo dividido em tom horrendo
Matando sem defesas, fantasia.

51559

As horas mais audazes, cristalinas
Ditames de outros tempos onde eu pude
Viver o quanto resta, juventude
Enquanto noutra face me fascinas,
As farsas de outros tempos, quando minas
Mudando quando o brando se transmude,
Deixando para trás o passo rude
E nisto novos sonhos determinas,
Amar e ser feliz? Leda ilusão,
Os dias se revelam desde então
Marcantes como fossem meras luzes
E sem saber sequer o que viria
Bebendo em tua boca a poesia
Que enquanto amada, geras, reproduzes.

51560

A vida traz no olhar tão raro incenso
E nele me inebrias mansamente,
O quanto se pudera e se apresente
No amor onde deveras me compenso,

O passo sem destino mesmo imenso
A luta contra o medo doma a mente
O todo no caminho já pressente
Marcantes emoções num mundo tenso.

Eu quero e posso até assim sonhar,
Vagando sem destino céu e mar
Traçando nos teus seios, porto e cais,

Aprendo a ser feliz, cada momento
E neste delirar intenso invento
A vida entre mil sonhos sensuais.

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