621
Meu canto em liberdade se espalhasse
E nisto novo tempo inda veria
E quantas vezes; vendo a fantasia
Espelho renegando em nova face
O mundo aonde o passo se embarace
A luta por quem sabe um novo dia
Ousando muito mais do que teria
Cerzindo o meu caminho aonde eu grasse,
Em refrigério o tempo não produz
Sequer o que pudesse e faço jus
Num ato em discordância ou mesmo rude,
Apenas o que tento se resume
No canto sem sentido em ledo ardume,
Vivendo muito menos do que eu pude.
622
A luta não termina e nem pudera
Ousar sem ter sequer um novo rumo
E quando no finale eu me acostumo
A solidão expressa esta quimera,
Vencido pelo espaço de quem gera
A luta sem saber talvez do insumo,
E visto a fantasia enquanto aprumo
Meu passo no que pôde primavera.
Argúcia não traduz mais a expressão
Em novos dias outros se verão
Especular anseio de um desdém,
E o quadro se tingindo em tom atroz
Negando cada passo, morta a voz
Somente o mar insólito inda vem.
623
Um ato libertário traz no sonho
O canto sem sentido em represália
E a sorte se alvoroça, e desta dália
Apenas a daninha hoje componho,
E o tanto quanto o quis, sendo bisonho
O vento sem destino além se espalha
E o corte mais audaz desta navalha
Produz o que buscasse e não reponho,
Mordaça cala a voz de quem podia
Ousar e ter no olhar em fantasia
a sorte mais diversa e mesmo até,
Rompendo a cada instante o que te algema
A vida noutro fato gera o tema
E trama a realidade em rara fé.
624
As ânsias entre os ermos de minha alma
O corte se apresenta a cada instante
E nisto o meu caminho me garante
O todo que deveras não me acalma,
Esqueço esta razão e nada dita
O pouco que inda trago do passado,
E quando meu caminho agora invado,
A luta se mostrara então finita,
Ocasionando a queda após o fato
Meu mundo sem sentido e sem proveito
Aonde na verdade nada aceito
Expressa o que deveras mal constato,
Negar qualquer anseio e ver além
Expressa o meu cenário em vão desdém.
625
Não pudera mais seguir
O que tanto quis outrora
O caminho revigora
Como fosse um elixir
O cenário a permitir
A paixão quando se aflora
O temor que desancora
O meu mundo a dividir
No vazio sem proveito
Outro tempo não aceito
Nem tampouco posso mais,
Enfrentando a fantasia
Novo sonho moldaria
Entranhando os vendavais.
626
O tempo destroçando o quanto ainda
Resiste dentro da alma de quem busca
A sorte mesmo quando amarga e brusca
E toda esta esperança aquém se finda,
No prazo determina o fim de tudo
E o cântico pudesse ser suave
Aonde o meu caminho já se agrave
Deveras sem defesas desiludo,
Espero alguma sorte que não veio
E bebo esta aguardente mais atroz,
O todo se moldando dentro em nós
Expressa este caminho e sigo alheio,
A morte me redima deste engodo
E trace meu futuro em charco e lodo.
627
As flores da ilusão; eu não veria
Tampouco novo sol em rara luz
Ao quanto meu caminho me conduz
Imagem mais amarga e tão sombria,
A luta se moldando a cada dia
E nisto cada engano gera a cruz
Garbosa tentação tanto seduz
Quem sabe no final inda viria,
E o medo tal constância, este ditame
Aonde cada noite em vão se exclame
Jogado na sarjeta o mero pária,
A morte serenando o quanto eu quis
Deixando demarcada a cicatriz
Na velha fantasia, diversa e vária.
628
Consoladora imagem de quem tanto
Pudera apresentar novo caminho
E quando dos teus braços me avizinho
Apenas o final tento e garanto,
O mundo se produz em medo e pranto
Cerzindo esta ilusão, sigo sozinho
E bebo em tua boca o mais daninho
Cenário aonde o todo diz quebranto.
Ascendo ao quanto pude e nada veio
O canto sem sentido, e sem receio
A lenda se espalhando sem sentido,
O medo não condiz com meu futuro
E o passo no vazio eu configuro
Meu mundo com certeza destruído.
629
No sossegado encanto de quem tenta
Vencer com calmaria o que não vinha
A luta que pensara ser só minha
Gerando após o caos nova tormenta,
A sorte tantas vezes turbulenta
O manto na verdade não continha
Sequer a fantasia aonde tinha
A marca mais sutil, mesmo sedenta.
escapo dos enganos e prossigo
Buscando no vazio algum abrigo
Sabendo dos meus erros contumazes
Negar cada momento em luz e brilho
Aonde sem destino inda palmilho
Bebendo em cada lua várias fases.
630
Aspiro ao manso sonho de quem preza
A vida num momento mais gentil
E assim a cada alento o que se viu
Transforma o que decerto ainda pesa
E gesta a luta mesmo quando ilesa
A sorte detalhada, amarga e vil,
O canto noutro tanto refletiu
O que neste caminho nos despreza.
Pousando muito além do quanto pude
Viver sem ter no olhar sequer o rude
Cenário aonde o mundo desencanta
A mola propulsora da esperança
Ao nada num momento já nos lança
E nisto a voz se prende na garganta.
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