domingo, 28 de novembro de 2010

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71

A luta não cessando
O tempo se reflete
No quanto me compete
Ou mesmo desde quando
A noite já nublando
A prole que arremete
Ao mesmo e vago esquete
Traduz a súcia e o bando,
Esquivo, mas no fundo
O velho vagabundo
Jamais será cativo
E quando de tal arte
A vida se reparte
Apenas sobrevivo.

72

Nas ânsias mais vulgares
Nos ermos e calçadas
Palavras desfraldadas
As sortes denotares
E quando em tais altares
As luas desenhadas
Palavras destroçadas
Em tantos vagos bares,
E nesta obscuridade
O quanto ainda invade
Expressa o mero ocaso
E sendo de tal forma
A luta que deforma
Transcende o quanto aprazo.

73

Presumo o fim do sonho
E traço em noite vã
A falsa luz e a cã
A cada vez componho
No tempo onde bisonho
Não vendo um amanhã
Enfrento o velho afã
E o corte mais medonho,
Meu tempo se esgotara
Abandono a seara
E sigo ao funeral
Dos cantos e promessas
Aonde tu tropeças
Num ato mais venal.

74

Os olhos são grisalhos
O mundo já sem cor
Outono mata a flor
E nega seus atalhos,
Meus dias sempre falhos
O tempo em dissabor
Alimentando a dor
Expressa-se em retalhos,
As sombras do que fora
A luta sedutora
O fim melancolia,
O parto sonegado
Do todo apenas gado
Amor, mera utopia...

75

Esqueço o que pudesse
Tramar e não se vira
Sequer o quanto fira
Ou mesmo a velha prece,
No nada onde se tece
O rumo que interfira
A terra, uma mentira
Aos poucos já me esquece
E a morte se anuncia
E gera a fantasia
No todo sem remédio,
Ainda quando pude
Sentir o passo rude
A vida infesta em tédio.

76

O ser inútil deita
E tenta algum descanso
A vida aonde avanço
Sem nada trama a espreita
E assim mal se deleita
No prazo onde o remanso
Traçasse o quanto alcanço
Ou mesmo a vida aceita,
Esqueço do caminho
E nada mais que o ninho
Merece qualquer sorte
Depois de todo engodo,
Meu passo adentra o lodo
E bebo inteira a morte.

77

Havendo ou não tal fato
O pranto não se dera
A quem jamais espera
O caos em mim constato
E o prazo onde resgato
O nada em nova esfera
A sorte destempera
Cuspindo neste prato,
E o vândalo cenário
No quanto é temerário
Ocasionando a queda
Apenas o meu mundo
Escuso e vagabundo
No fim em dor me enreda.

78

Bebendo em fartos goles
O quanto ainda resta
A vida não atesta
Sequer aonde engoles
E os ermos quando assoles
A sorte da floresta
A morte já se empresta
E trama o que degoles,
A velha guilhotina
A luta que fascina
Domínios sem igual,
Aos poucos me extermino
E quando quis ladino,
Fui tolo e mais banal.

79

Humana criatura
Vestida em ironia
Dispensa o que viria
E nada me assegura
A imagem tosca e dura
O porte da agonia
A morte poderia
Traçar nova figura
E o vício se propaga
Aonde a velha adaga
Adentra sem perdão
Cortando fria a pele
A morte me compele
Intensa dimensão.

51380

Já nada mais veria
Quem tanto quis um templo
E quando além contemplo
Encontro esta heresia
Penúrias refletidas
No olhar que se perdendo
Não deixa mais remendo
E mata as torpes vidas
Feridas dentro da alma
A luta jamais cessa
E o quanto da promessa
Decerto não acalma,
Vestindo esta ilusão
Sonego a terra e o grão.

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