471
O luto em que meu sonho
Adentra a noite em mim,
Grassando até o fim
Num ar tosco e bisonho,
Ainda quando o ponho
Vagando sempre assim,
Marcando o quanto enfim
Trouxesse em ar medonho,
Esqueço o verso e vejo
Apenas num lampejo
A sorte sem remédio
E o todo se aproxima
Do quanto em ledo clima
Expressa o ledo assédio.
472
O tanto que em terrores
Temesse ou mais pudera
Vestir quando se espera
A vida enquanto fores
E nada dita em cores
O quanto em primavera
O mundo degenera
Sem nunca mais te opores,
Esqueço o verso e vago
Além do velho afago
Mergulho no vazio,
E bebo sem sentido
O rumo resumido
Apenas neste estio.
473
Espectros de uma vida
Há tanto sem mais crença
E quanto se convença
Da história já perdida
A cada despedida
O nada me compensa
E gera o que dispensa
A sorte desprovida,
Apenas não teria
A luta em agonia
O mundo sem sentido,
Resulto deste vago
Caminho e se divago
Aos poucos já me olvido.
474
Aurora se perdendo
Nas trevas da esperança
Aonde o mundo lança
Cenário vago e horrendo,
O quanto se querendo
E o tempo em tal vingança
Marcando em fúria e lança
O medo num adendo,
Espero qualquer rumo
E vejo deste sumo
O todo sem proveito,
E quanto mais te quero
E sendo ora sincero
No fim mais nada aceito.
475
Infelizmente trago
No olhar a mesma luz
Que um dia reproduz
O verso amargo e vago,
O tempo onde divago
O cais não me conduz
Nem mesmo já seduz
O todo aonde alago,
O prazo onde se estende
A vida não defende
Quem tanto quis além
O marco se desenha
Na face aonde venha
E nada após já vem.
476
Seguindo sem paragem
A tola hipocrisia
Aonde o que teria
Sonega esta miragem,
Vencido aonde ultrajem
Os ermos da alegria
O mundo em sintonia
A sorte nega o pajem,
E o cais expõe o quanto
Meu mundo em desencanto
Na escuridão traduz
O medo sem emenda
A luta se desvenda
Num sonho em contraluz.
477
Imenso furacão
A luta já não cessa
Além desta promessa
Os dias não terão
Sequer a solução
Aonde recomeça
A vida e além tropeça
Na vaga sensação,
Esgoto o meu caminho
Enquanto em desalinho
O verso não sossega
A luta continua
Invade cada rua
Embora siga cega.
478
A sombra do que fomos
O medo sem sentido,
E nada mais duvido
Sequer dos velhos gomos,
E sei de antigos tomos
O tempo desprovido
O corte resumido
Aonde nos expomos
E sinto o que viria
Além da fantasia
Num átimo, ou no tanto,
Apenas mergulhasse
Na vida onde este impasse
Ausente ora garanto.
479
Aonde quis a rosa
Espinhos entranhando
O tempo se nublando
A vida caprichosa
Estrada pedregosa
O templo mais infando
E o corte desde quando
A luta não mais goza
Do risco de sonhar
Do arisco caminhar
Imerso no vazio,
Excita-me o saber
Que nada a se tecer
Expressa o desvario.
480
O triste olhar de quem
Pudesse imaginar
O quanto de um luar
A vida ainda tem
E sei do quanto vem
No rumo a desenhar
Ausência a nos tocar
E sei que sou ninguém
Na fúria que se espelha
A sorte em cada telha
A porta não se abrira
E o mundo desfilando
O dia desde quando
Apenas vi mentira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário