segunda-feira, 29 de novembro de 2010

51531/40

31

Já não mais conseguira
Após a queda em vão
Da sorte a dimensão
Que tanto hoje interfira
E o todo se retira
Marcando a direção
Do mundo em sedução
Audaz, leda mentira.
Quisera ter a mais
Que o todo aonde vais
Numa expressão dileta
E o quanto pude ou nada
Dissesse enquanto brada,
Apenas sou poeta.

32

Jogado sobre a areia
Um barco sem saber
Aonde conceber
O que inda me rodeia
A vida se permeia
E gera o bem querer
Servindo sem poder
A luta segue alheia,
Ao menos pude ver
E nada mais fazer
Senão acreditar
Nos ermos de minha alma
Ainda quando acalma
Pudesse desvendar.

33

O quanto incidiria sobre nós
Da fúria mais fugaz ou mesmo atéia
E quando a vida dita em assembléia
Ousando em consonância erguer a voz,
O nada se atando em ledos nós
A sorte remodela cada idéia
Atores se misturam na platéia
E o corte se mostrara nosso algoz,
Esbarro nos engodos e procuro
Profusas emoções onde não há
Sequer o que pudesse aqui ou lá
Restando dentro da alma a solitude
Que tanto quanto apraz já desilude.

34

No azul do firmamento o tom profundo
De quem se fez aquém do quanto quis
E o tempo se moldara, este infeliz
Tomando sem saber cada segundo
E quando no vazio ora me inundo
E sigo a minha sorte por um triz,
Etereamente sou qual aprendiz
No velho coração de um vagabundo,
Esqueço e por ventura nada faço
Ainda que seguisse cada traço
Não cabe uma ilusão e nem pudera
Sacio com ternura o quanto trazes
E sei da solidão em tantas fases
A sorte que eu queria; hoje eu sei mera.

35

Dos sulcos cada grão dita o futuro
E nada do que fora ainda trama
A luta como fosse um velho drama
Aonde o meu vazio eu configuro,
Saltando sem defesas sobre o muro
Minha alma sem sentido tanto clama
E o peso me envergando quando inflama
Expressa esta ilusão, nela perduro.
Exalto os meus anseios com tal medo
E sigo cada passo onde procedo
Vencido pelos ermos de quem tenta
Seguir a imensidão do seu caminho,
E quando da mortalha eu me avizinho
A vida se desnuda mais sangrenta.

36

Encerra dentro da alma este mistério
De quem se fez apenas sonhador,
E o canto coagindo redentor
Traçando o que pudesse ser mais sério,
A vida renegando algum império
Matando o quanto resta em vão fervor,
A luta se espalhando em desamor
O todo se perdendo sem critério.
Esqueço o que inda possa presumir
E nada mais pudesse resumir
Nas ânsias mais vorazes. Solidão.
E o tempo sem perdão assim se escoa
Meu mar já não conhece uma canoa
E traça no vazio a embarcação.

37

O quanto me acompanha o verso e o sonho
Não pude e nem tentara acreditar
Nos erros tão comuns e me entregar
Aonde novo tempo em vão proponho,
Os erros onde o passo atroz componho
E o medo de quem sabe permutar
A luta pelo anseio de um lugar
Por vezes salutar ou mais medonho,
Nos olhos o cenário se reflete
E o todo quando vago não compete
A quem pudesse mesmo ter em mente
O cântico voraz da realidade
E o tempo se perdendo enquanto evade
No vasto caminhar tudo desmente.

38

Acompanhando o nada que pudesse
Traçar o mais profano sonho enfim,
A vida se prepara em tal motim
E nada mais traduz a sorte em messe,
O quanto do meu passo nada tece
E o livre caminhar ditando o fim,
Ao menos poderia ter em mim,
A sorte que quem ama em paz merece,
Não vendo outra saída, sigo alheio
E quando meu delírio em vão rodeio
Encontro retratado especular
Cenário sem certeza e mesmo rude,
Aonde tudo quero e nada mude,
A sorte não pudesse me entregar.

39

Crisântemos e lírios no canteiro
Meu passo em descompasso apenas vejo
E o todo que pudesse num ensejo
Matando o meu caminho derradeiro,
Ainda que pudesse aventureiro,
O fim do meu momento em que desejo
Colher da imensidão este azulejo,
Sindrômica loucura dita a regra
E quando no final se desintegra
Escassa referência de esperança
A luta não provê quem tanto quis
E sabe que cevando a cicatriz
Ao nada num instante em vão se lança.

51540

Imersa na amplidão do pensamento
A sorte que pudera e não sentira
Traçando noutro infausto a leda mira
Tramando o que pudesse e não alento,
Numa explosão sem rumo, bebo o vento
E o caos a cada passo se retira
E mesmo quando o nada se prefira
Aos poucos sem destino me arrebento,
Vencido pelo caos e nada mais,
Ainda bebo as noites, vendavais
E verso para o nada em abandono,
Diversa sensação de quem se fez
Além da mera e torpe insensatez
Nem mesmo uma esperança em vão abono.

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