domingo, 28 de novembro de 2010

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391

Apenas caberia
Olhar o quanto tento
E nada em paz e alento
Ainda moldaria
A sorte em agonia
O corte em provimento
E o todo num momento
Traduz fina ironia,
Reluto e nada trago
Sequer qualquer afago
E bebo inteiro o fel,
O sonho que abandono
A vida em desabono
O tempo mais cruel.


392

Das Minas e dos mares
Distanciando o passo
O quanto em raro espaço
Pudessem meus pomares
E sento em tais luares
A vida que hoje traço
Esbarra neste escasso
Caminho onde vagares
E sinto o fim de tudo
E quando além me iludo
Esgueiro entre os funis
A luta não se cansa
E a morte em aliança
Traduz o quanto eu quis.

393

Cadáver de indigente
O medo se transmite
No quanto de um limite
A vida siga e tente
O corte se apresente
E nada delimite
O todo necessite
Do passo mais urgente
E o cais que inda se trama
Ainda em ledo drama
Esbarra no vazio
E quando o fim desenho
O medo em tolo empenho
Aos poucos desafio.

394


Restando do que eu quis
Apenas um momento
E sei do que fomento
E peço mesmo bis,
O manto desta atriz
O toque em sofrimento
Tanto recolhimento
O mundo aquém desfiz,
E sigo sem sentir
O todo no porvir
Em atos desiguais
Os tempos se renegam
E quanto mais se apegam
Os ermos são fatais.

395

Cevando o que não tenho
E o tanto quanto tento
Pudera em novo vento
Traçar mesmo desenho
Encanto, eu não convenho
E bebo desatento
Apenas sofrimento
E nisto tanto empenho,
Além do quanto é rude
O todo aonde eu pude
Vencer a tempestade,
O mundo sem sentido
O corte onde lapido
A vida que se evade.

396

O prazo determina
O fim de cada história
Somente sendo escória
A luta não termina
E quando em leda sina
Pudesse sem memória
Ousar na merencória
Paixão que descortina
Esqueço o que inda resta
E a vida mais funesta
Atesta o fim de tudo,
Aos poucos sendo assim
Morrendo dentro em mim
Incauto, desiludo.

397


Braseiro neste olhar
Incendiando a vida
E assim cada ferida
Encontro a divagar
E sendo sem sonhar
A sorte resumida
No todo em que esta lida
Não pude professar
Apenas enveredo
O quanto aonde enredo
E vivo sem sentido,
O mar que tanto pude
Viver em atitude
No todo desvalido.

398


O lento caminheiro
Em noite mais sofrida
Apenas dita a vida
E morre por inteiro
Dos sonhos, mensageiro
O manto em desprovida
Vontade sendo urdida
Marcando este canteiro
Adubos de esperança
E o tempo ao nada lança
A sorte em seu outono,
O quanto em flórea senda
No fundo não se estenda
Gerando este abandono.

399

O cântico sutil
De quem se fez audaz
Já nada mesmo traz
E o mundo se previu
Na face bem mais vil
De quem no caos mordaz
Presume ser tenaz
O prazo onde se viu
O vento sem um norte
A luta dita a morte
E o preço a se pagar
Em juros mais ferozes
Negando as minhas vozes
Não pude desvendar.

51400

Sondando cada encanto
Aonde o tempo trama
A luta gera o drama
E o fim em paz garanto,
E quando em cada canto
Aplaco a intensa chama
O medo se reclama
E a morte diz do encanto
Eviscerando esta alma
E nada mais acalma
Quem pôde ter no olhar
A mera sensação
Dos dias que trarão
Vontade de sonhar.

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