sábado, 13 de março de 2010

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Amenas ilusões, cruas mentiras
É tudo o que me resta. O que fazer?
Ausente dos meus olhos o prazer
O pouco que me sobra tu retiras,

E quando se mostrasse mais amigo,
Eu pude acreditar; doce ilusão.
O tempo transformando em negação
Aquilo que pensara ser abrigo,

Vestígios de um momento mais feliz
Ainda os trago vivos na memória,
Final desta aventura merencória
A dor que herdei de ti tudo já diz.

Mas quando a noite chega e em luz se avança
Trazendo vez em quando esta lembrança.

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Trazendo vez em quando esta lembrança
O mundo poderá tramar um dia
Aonde a realidade e a fantasia
Unidas numa luz feita esperança.

Audaciosamente teimo e busco
Lugar aonde possa crer na imensa
Beleza que em verdade recompensa
O que passara outrora em ar tão brusco.

Vencer os meus temores e tentar
De novo após a chuva em tempestade
Rompendo cada algema, cada grade
E em liberdade enfim, poder voar.

Mas quando o dia a dia descortina
Acordo sem ninguém, torpe rotina.

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Acordo sem ninguém, torpe rotina;
Depois de não saber sequer se há rumo.
Deveras solitária me acostumo,
E mesmo uma lembrança inda fascina.

Marcada em tão profunda tatuagem
Jamais me libertando do passado,
Caminho que conheço, decorado,
Repito novamente esta viagem

E volto a ter nos olhos o horizonte
Maravilhosamente enternecido
O amor que tanto quis não esquecido
No sonho, pelo menos já desponte

Revive cada brilho que bebi
Do tempo em que feliz seguira em ti.


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Do tempo em que feliz seguira em ti
Ainda trago vivo na memória
Algum momento ao menos de vitória
Depois de tudo aquilo que perdi.

Vencer os meus temores; prosseguir
Errático cometa; eu não consigo
Sentir e decifrar qualquer perigo
Inúteis caminhares do porvir.

Mas tudo revoltando dentro em mim,
A moça envelhecida pela dor
Não sabe seu destino recompor,
A flor já morta e fria no jardim.

Tentando descobrir a fonte e a mina
Um sonho tão somente me alucina.

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Um sonho tão somente me alucina
E nele tua imagem se preserva,
Minha alma de tua alma mera serva
É como se uma chuva mansa e fina

Caísse sobre o rumo que previra
Nublados os caminhos sem saída
Assim ao perceber em despedida
O amor que tanto quis e a vida tira

Nos olhos inda trago um mero brilho
Vestígio do fulgor de antigamente
Realidade dura me desmente
E a senda entre espinheiros, ora trilho

Que faço, meu amado, pois, sem ti
Agora que esta estrada já perdi.

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