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E deixo para trás qualquer desejo
Após me perceber tão iludida
Aonde se aportasse a minha vida
Com trevas e delírios, já negrejo.
O peso do passado enverga quem
Pensara ser possível liberdade,
Mas quanto mais terror, mais alto brade
O coração daquela sem ninguém.
Na ausência de outro rumo vou em frente,
Lutando contra tudo e contra todos,
Os pés enlameados nestes lodos.
O fim já se aproxima e uma alma sente
Sair desta terrível, podre fossa
Aguardo algum momento aonde possa.
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Aguardo algum momento aonde possa
Viver com mansidão que desconheço,
O mundo se fazendo em adereço
De vez em quando amarga enquanto adoça.
Vencida, a caminheira não percebe
Ainda a claridade que envolvente
Ao mesmo tempo nega e já desmente,
Tornando mais dorida a velha sebe.
O preço de uma falsa alegoria
Não vale mesmo quando se faz pouco,
No encanto e desencanto me treslouco,
Viver uma alegria? Uma utopia...
Rotina só termina em dor que invade
E quando se percebe a tempestade.
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E quando se percebe a tempestade
Um tempo mais nublado se anuncia,
A sorte se perdendo em noite fria,
Deixando como herança a dor que brade
Estímulos diversos? Nem um deles,
Amor não poderia me trazer
Sequer a menor sombra de um prazer
Momentos que pensei sobejos, reles.
E o pêndulo traçando o meu destino,
Na inconseqüente luz fascinação,
Mergulho neste abismo feito em vão
E a força necessária não domino,
Usando esta mortalha de um desejo
O mundo bem melhor já não prevejo.
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O mundo bem melhor já não prevejo
E sinto a derrocada do meu sonho,
Não vejo mais futuro se, medonho,
Caminho onde alheia perco o ensejo.
O risco de quem ama se transforma
Na imensidão da dor que não me larga,
E quando não suporto mais a carga,
A vida pouco a pouco me deforma.
E aonde se pensara em um carinho
Não tendo outra resposta senão essa,
Terrível temporal que recomeça
Deixando o meu destino mais sozinho.
Sobreviver então não há quem possa
Depois de conhecer a dor e a fossa.
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Depois de conhecer a dor e a fossa
Jamais imaginara alguma luz
E quando ao nada ser amor conduz
Enquanto seduzindo nos destroça.
E o vendaval expondo esta ferida
Rondando a minha casa, a morte expõe
A face desnudada em que compõe
O fim da longa estrada dita vida.
Abandonada e sem sequer sonhar,
O beijo que recebo, traição,
Momento onde me iludo, sendo vão
Não deixa sequer rastro do luar,
E assim quando ao vazio uma alma lança
Aos poucos se perdendo a confiança.
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