sábado, 13 de março de 2010

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“A mesma história tantas vezes lida”
E mesmo assim inédita pra mim,
O amor que se tornou princípio e fim,
Enquanto me alivia, tudo acida.

O gosto da melífera esperança
Durante a tempestade modifica,
E quanto mais feroz, mais mortifica
Quebrando com a vida uma aliança.

Estranhos pesadelos, noite turva,
A cada passo vejo outro problema,
E quando ao grande amor o sonho algema
Minha alma se perdendo, leda, curva

Vagando na procura deste alguém
Buscando inutilmente, nada vem...


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Buscando inutilmente, nada vem
E quando me percebo solitária
A sorte tantas vezes necessária
Do sonho permanece muito aquém.

Cadenciando o passo rumo ao fim,
Vestígios não deixando nesta estrada,
Herdando do vazio o imenso nada,
Retorno ao descaminho de onde vim,

Pudesse pelo menos ter a chance
De ver sob meus olhos a ternura,
Que tantas vezes quis, leda procura,
E nela finalmente em paz, descanse...

Mas quando me reparo qual fumaça
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."


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"Tudo no mundo é frágil, tudo passa",
Somente o sofrimento não me deixa,
Vivenciando a dor, terrível queixa
A sorte se mostrando tão escassa...

Fingindo vez em quando algum momento
Aonde poderia ser melhor,
Porém a minha história sei de cor,
Traduz eterna dor e sofrimento.

Perceba meu amado, quanto dói
Saber que estás aqui e não estás,
Presença tão bendita quão mordaz,
Aos poucos esperança se corrói

A noite num luar tão impreciso
E nela se percebe este granizo.

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E nela se percebe este granizo,
Numa alma delicada enquanto pena,
A sorte poderia ser amena,
Diversa do que agora em vão, diviso.

O beijo deste amado vive ainda
No peito de quem tanto desejou,
O mundo de repente, desabou,
Somente a solidão já se deslinda.

Vencer os meus anseios, ser feliz...
Quem dera, mas não posso e sigo alheia,
Apenas a saudade me incendeia
Realidade chega e contradiz.

“Tu és bonita”, e a sorte leda traça,
“Quando me dizem isto, toda a graça...”


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“Quando me dizem isto, toda a graça”
Perdendo algum sentido e sem noção,
O mundo se mostrando sempre em vão,
Apenas tempestade então já grassa,

“Tu tens no teu olhar imenso brilho”
Quem dera ele mostrasse então minha alma,
Mas quando se percebe com mais calma,
Das lágrimas, reflexo do que trilho.

Mesquinhas ilusões povoam sonho,
E tudo não passando do vazio,
No verso aonde o mundo já desfio
Percebo este retrato tão medonho

E nele concebendo um triste aviso
Diverso do que quero e que preciso.

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Diverso do que quero e que preciso
Um áspero caminho é o que me espera
E nele a solidão, terrível fera
Estraçalhando o solo aonde piso.

Das farpas, dos espinhos que espalhaste
Negando a minha sorte benfazeja,
Por mais que novo tempo se preveja,
Somente acumulando este desgaste,

As cordas arrebento e nada tenho,
O medo transfigura o meu olhar,
Cansada deste inútil procurar
Já não valeu à pena tanto empenho.

E o resto que percebo, ledo fim
“Duma boca divina fala em mim!”


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“Duma boca divina fala em mim”
As ânsias de quem tanto desejou
E nada se mostrando aonde vou,
Ausência de alegria em meu jardim.

Mortalha da esperança sou aquela
Que tanto se entregou e nada tendo,
Queria algum momento que estupendo,
A solidão impede e não revela.

E quando mal percebo já me calo,
Não tendo mais sequer o que dizer,
Pudesse no final só perceber
De uma alegria tola, algum regalo.

Titubeando em turva madrugada
Depois de tanto amar, não resta nada.

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Depois de tanto amar, não resta nada
Nem mesmo algum momento de alegria,
Sem ter sequer estrela que me guia
Escura e em trevas feita madrugada

Pudesse acreditar no amanhecer
Em raros claros sóis maravilhosos,
Os dias são deveras caprichosos
Somente uma neblina, pude ver.

Pegadas do que amei em lua cheia,
Não vejo nem tampouco alguém me diz,
O olhar se mostra triste e a cicatriz
Deveras retornando me incendeia.

O mundo se perdendo sem seus lastros
“E, olhos postos em ti, digo de rastros.”




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“E, olhos postos em ti, digo de rastros”
Perdidos nos meus vários descaminhos,
Aonde poderia sem carinhos
Viver sem ter decerto, em ti, meus mastros.

Meu barco navegando sem destino,
Ancoradouro ausente e morto o cais,
Apenas enfrentando temporais,
E neles solitária me alucino...

Penetro nas entranhas do vazio,
A cada dia eu vejo em minha frente
O olhar tempestuoso em que se sente
Amarga solidão que desafio

Pudesse ouvir ao menos, prantos meus
E o quanto te desejo, como um Deus.

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E o quanto te desejo, como um Deus.
Não pude sufocar esta vontade
Imensa sensação de dor invade,
Olhando para trás, momentos teus

Aonde junto a mim tu caminhavas
Constelações divinas, mil estrelas,
E agora não consigo nem mais vê-las,
Somente a cada passo, novas travas.

O jeito é prosseguir sabendo o quanto
O amor em luzes fartas conheci,
Beleza incomparável que há em ti.
E quanto mais distante, mais eu canto

Sabendo que estes cantos nos teus rastros
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros”


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"Ah! Podem voar mundos, morrer astros”
Os desejos que tu sabes muito bem
Traduzem tanto amor que amor contém,
E nele as ilusões são falsos mastros.

Ausente de meus olhos, o teu brilho,
Mascaram-se vontades com promessas
E quando noutros rumos tu tropeças
Diverso deste mar aonde eu trilho

Buscando inutilmente te encontrar,
Na lassidão imensa do não ter,
Vivenciando a fúria em desprazer
Na insânia de temer, mas procurar

E quando me percebo invado breus
Deixando em cicatriz a dor do adeus...


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Deixando em cicatriz a dor do adeus
Deveras poderia crer que um dia
A sorte de repente mudaria,
Sanando os sofrimentos, todos meus.

Cansada de lutar inutilmente
Traduzo num soneto este não ser
E nele mergulhando em desprazer
A sanha de quem sonha não desmente...

Vivesse pelo menos um momento
Aonde com teus lábios possa em paz
Saber do Amor que a vida ainda traz
E nele tão somente encontro alento.

Podendo então bradar, quem sabe enfim:
“Que tu és como um Deus: Princípio e fim!”

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