sábado, 13 de março de 2010

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957

Aonde se fizesse uma esperança
Não pude conseguir felicidade
E quando se percebe a tempestade,
Aos poucos se perdendo a confiança

Uma alma segue livre, ganhando ares
E teima sem destino na amplidão,
Exposta aos temporais, ledo verão
Traçando a fantasia em vãos altares.

Não posso e nem pretendo ser assim,
A imensa sonhadora do passado,
O gosto do prazer dita o pecado
E o mundo desabando dentro em mim.

Percebo muito além do simples fato
E quando não consigo, me retrato...


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E quando não consigo, me retrato
E deixo para trás qualquer desejo,
O mundo bem melhor já não prevejo,
Somente nos meus olhos o maltrato.

Anteriormente eu via alguma luz
Aonde a turbulência se fez plena,
Nem mesmo a fantasia me serena
O corpo sendo exposto. Imensa cruz.

Anseio por caminhos bem diversos
Dos que tentara crer serem possíveis.
E quando se percebem impossíveis
Alheios, sem sentidos, os meus versos.

Assim encaminhando para a morte,
Não tendo quem ainda me conforte...

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Não tendo quem ainda me conforte
Aguardo algum momento aonde possa
Depois de conhecer a dor e a fossa,
Ter sob o meu olhar um novo Norte.

Austeridade é tudo o que pretendo,
Não poderia ser assim liberta
Quem sabe que a verdade é tão incerta,
E nela não percebe dividendo.

O gosto do passado ainda vivo
Atordoando assim meu paladar,
Vontade de talvez ter e levar
Um mundo mais tranqüilo, mas me esquivo

Anseio tão somente algum momento
Aonde não encontre tal tormento...

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Aonde não encontre tal tormento
Apenas o caminho se desfaz
E tudo que pensara mais audaz,
Diverso do que invade o pensamento.

A voz de um coração enamorado,
Audaciosamente se perdeu
E quando se percebo imenso breu,
Mergulho no vazio deste prado.

Matizes tão complexas, grises céus,
E neles os meus dias se perdendo,
Aonde se pensara em estupendo
Momento se entranhando sob os véus,

E quando a fantasia em vão me invade
Não pude conseguir felicidade


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Não pude conseguir felicidade
Tampouco inda desejo um novo tempo,
Aonde se percebe o contratempo,
Não posso deslindar após a grade.

E o jeito é caminhar mesmo que em vão,
Atrocidades vejo nesta estrada,
Palavra libertária encarcerada
Mudando minha história e direção,

Vestindo esta mortalha que inda trago
Depois de tanto inverno em minha vida,
Percebo quão difícil e imerecida
A falta de carinho, de um afago

Vivendo este terror o fim prevejo
E deixo para trás qualquer desejo.

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