domingo, 14 de março de 2010

26900/01/02/03/04

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Nas vastas redes livres da internet.
Qualquer bobagem ganha outro sentido,
Defesa do imbecil é “ter sentido”
Aquilo que rabisca e que comete.

Jargões tão costumeiros. Preconceito?
Não posso me furtar aos comentários
Se vejo tão somente estes corsários
Achando que o tesouro é seu direito.

Bancando algum santinho, vez em quando
Eu elogio até papel imundo,
Mas quando na verdade me aprofundo,
Eu creio fielmente, estou pecando.

Agora o que se fez deveras pobre
Agonizando aos poucos se descobre.


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Agonizando aos poucos se descobre
A face caricata do farsante,
Por mais que venda como um diamante
A poesia é feita em merda ou cobre.

Chacota de quem sabe ou mesmo entende,
A sórdida figura se apresenta,
E tendo em suas mãos tosca pimenta
Qual fora um raro doce logo vende.

Bebendo esta cachaça de terceira,
Uísque paraguaio, com certeza,
Assim ao se mostrar em tal grandeza
Disseminando sempre uma besteira.

Última vez que tento enfim dizer
O que jamais conseguem entender.

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O que jamais conseguem entender
Não vou ficar aqui me repetindo,
Por mais que o saco seja sempre infindo,
Deveras começando ora a se encher.

Falando em causa própria? Nada disso.
Não sou poeta e nunca hoje seria,
É como entrar deveras numa fria,
Uma coisa que sei e não cobiço.

Nem vou bancar o crítico tampouco,
Somente sou leitor e o que me dói
É ver que cada traça mais corrói
O que já percebi ser muito pouco

A dita poesia se envenena
Causando a quem se deu; imensa pena


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Causando a quem se deu; imensa pena
A Poesia, uma arte milenar
Percebe o seu castelo se acabar
Enquanto uma ignorância vem e acena.

Um bico na canela é o que merece
Quem tem cara de pau para escrever
Em nome desta deusa que ao morrer
Ao Zeus fez derradeira e triste prece.

Do Olimpo mergulhou num ledo inferno,
Capeta sacudindo a sua ossada,
Da bela já não sobra quase nada,
Entrando num eterno e duro inverno

História no final já se complete:
Aonde um energúmeno se mete.

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Aonde um energúmeno se mete
Não pode nascer coisa diferente,
Não tendo mais quem isso, amigo agüente
Não enfrento fuzil com canivete.

A porta escancarada qual boceta
Da pobre da Pandora no Passado,
Nem mesmo uma esperança dita o Fado,
Quebrando com “ternura” uma caneta.

Parece que um mamute anda escrevendo
São tantas heresias que ora leio,
O saco na verdade estando cheio,
Não acrescento mais sequer adendo.

E assim do abismo ao ver distante a serra
A podre realidade em que se encerra.

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