27006
“Relâmpagos, trovões, raios, coriscos”
E a Terra em convulsões leda bramia,
Deixando um ar terrível de agonia,
Os sonhos fugidios, mais ariscos.
E em maremotos, trêmulo planeta
Dos Céus nuvens espessas, tempestades,
Assisto á derrocada das cidades
Ao nada do depois nos arremeta
A sorte desairosa cultivada
Por mãos tão agressivas e insensatas
Imensos fogaréus tomando as matas,
Depois de tudo vejo o simples nada.
Ocaso se demonstra no horizonte,
A fera, raça humana, fim e fonte.
27007
A fera, raça humana, fim e fonte
Momento apocalíptico desnudo,
E quieto observo tudo e sigo mudo
Aguardo alguma luz que inda desponte.
Mas nada. Só percebo este revolto
Mar que adentra praias, casas, ruas.
As faces do planeta, agora nuas,
É como se um demônio eu visse, solto
E o fogaréu se espalha sobre todos,
Ardendo em fartas chamas corpos nus,
Dos Céus se percebendo então a cruz
Que emerge sobre o charco, podre lodo.
Ao ver tal turbilhão memória grava
“Painel da noite em tempestade brava.”
27008
“Painel da noite em tempestade brava”
Cenário demoníaco se vê
E quando se pergunta como e o que
Uma alma da verdade sendo escrava
Percebe nossa culpa e não domina
A voz que lancinante solta em brado.
De tudo me percebo tão culpado
Deveras da hecatombe sou a mina.
Esgotam-se esperanças, vago inferno,
Corruptas ilusões, chagas imensas,
E mesmo que do fato não convenças
Realidade em fúria, logo externo
Já generalizada esta agonia
E a Terra em convulsões leda bramia.
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