27128
“Oh! Ditoso mil vezes o operário”
Que tantas vezes luta e pouco tem,
Assim também seguindo sem ninguém,
Destino em minhas mãos, vão, procelário.
Angustiadamente vejo o dia
Ressurgindo das sombras do passado
E quando me percebo abandonado
Somente uma ilusão atroz me guia
Levando para os vales mais profundos,
E neles não encontro algum tesouro,
O barco sem saber ancoradouro,
Vagando sem destino, ganha os mundos
E perde a direção, naufrágio é certo,
Assim como o meu peito vai deserto...
27129
“Prendem-o cego aos cálculos dos maus”
Impedindo esta luz que ainda guie
E sem ter nada mais que fantasie
Distantes de algum cais, prosseguem naus.
Espero pela chance de poder
Viver a paz que tanto desejara,
A noite não se fez jamais tão clara,
Somente se percebe escurecer.
Esgarçam-se esperanças, nada levo,
Sementes espalhadas, solo agreste,
E quando tanto amor tu não me deste,
Num deserto terrível cismo e cevo.
Perdendo desde sempre esta alegria,
O que resta no peito: uma agonia...
27130
“Ame embora a verdade, ocultos laços”
Jamais desenovelam o futuro,
E quando alguma luz em vão procuro,
Os dias se demonstram bem mais lassos.
Perenes ilusões inda carrego
E delas faço o mote preferido,
Por mais que nada trague, duro olvido,
Persisto caminhante mesmo cego.
Andanças por estrelas e cometas,
Espaços siderais, noites de frio.
E tudo quanto mais eu desafio,
Distante dos meus braços te arremetas.
Fugidias manhãs, sóis inconstantes,
Não tenho qualquer luz nem por instantes...
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