quinta-feira, 18 de março de 2010

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“Livre de enganos e visões escuras”
Caminho pelas noites, bar em bar
Beijando cada raio do luar
Aonde encotro a paz, diversas curas,

Arranco do meu peito a solidão
E vejo a cada esquina nova luz,
Aonde o meu amor se reproduz
Explode sem juízo o coração.

Escapo dos medonhos temporais
E bebo cada gota deste orvalho,
E quando mais ausente mais me espalho
Vagando por imensos, raros cais.

Assim eu permaneço um sonhador
Nas ânsias delicadas de um amor...


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“Floresce o riso e o júbilo se abriga,”
Nas horas mais fecundas e felizes,
Aonde muitas vezes os deslizes
Encontram quem acolha e até abriga.

Não posso descuidar da caminhada
Em flóreas emoções, a poesia,
E nela novo mundo que se cria
Depois da dor imensa desnudada.

Cortejos de insólita beleza,
Vislumbro neste raro amanhecer,
E tendo esta certeza de prazer,
Seguindo mansamente a correnteza.

Ligeiras nuvens passam pelo céu,
Porém o sol imenso rasga o véu...


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“De calma consciência à sombra amiga”
Já não mais caberia outro momento,
Senão este que bebo e me apascento,
Por mais que a fantasia me persiga.

Esqueço os dissabores mais venais,
E tendo nos meus olhos farto brilho,
Olhando para ti me maravilho
E sei que a solidão não volta mais.

Meu verso se tornando bem suave,
Não deixa a tempestade me domar,
Ao longe iluminando, luz solar,
Sem ter qualquer temor que ainda agrave

Estreito nos meus braços teu carinho,
No colo de quem quero, já me aninho...


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“Mais encantos encerra e mais doçuras, “
Quem tanto se concede amor imenso,
E quando nos teus braços inda penso
Depois de vários anos de procuras

Estreito esta alegria de saber
O quadro que se tece em luzes fartas,
Dos sonhos só te peço, não te apartas,
Pois deles reconheço o meu querer.

Ardentes emoções, noites de gala,
As bocas se tocando, loucamente,
Assim manhã sobeja se pressente
E a dor já não concebe, e já se cala.

Predigo então real felicidade
Enquanto o amor intenso agora invade...

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“Triste vaidade! O alvergue de um colono”
Não caberia os sonhos de um valete
Que tanto por amor inda compete,
Mas sabe no final, um abandono.

Resisto aos meus anseios e te peço
Vencido o meu temor, nada mais quero
Senão viver o amor, raro e sincero
E a cada novo dia recomeço

Vagando nesta busca que, inerente,
Já traz ao sonhador uma esperança,
E quando a dor do não ainda avança
O fogo do desejo é mais ardente.

Pressinto finalmente alguma luz,
À qual esta esperança me conduz...


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“Que vale a pompa e o resplendor do trono”
A quem se fez vassalo deste sonho,
E quando o meu caminho em ti reponho,
Ausente dos meus olhos medo e sono.

Esqueço os dissabores, sigo em paz,
E teimo contra a força da maré,
Rompendo dos meus pés esta galé
Sentindo-me deveras mais capaz.

Do quanto te queria e não podia
Viver felicidade num segundo,
E agora deste amor eu já me inundo
E bebo com vigor a fantasia,

Sabendo que deveras tanto errei,
Mas posso, nos teus braços, ser um rei.

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