quinta-feira, 18 de março de 2010

27116/117/118






27116

“Não invejeis as pompas das alturas!”
Tampouco os abissais caminhos vários
Aonde os passos restam temerários,
Vivenciando em dor tais amarguras.

Ao ter-vos do meu lado após procuras
É como descobrisse relicários
Prazeres sendo mesmo temporários
Impedem tão somente tais loucuras.

E vivo por saber que em vós se vê
O amor tendo deveras seu por que
E nada impedirá tal caminhada

Adentrando os luares mais felizes,
Sabendo tão distantes cicatrizes,
A vida sendo sempre iluminada...

27117


“Como a nota de um canto em branda lira”
Encontro em tua voz a paz que tanto
Desejo e ao enfrentar medo e quebranto,
Uma alma enamorada enfim delira.

E quando nos teus braços já se atira
O amor que em tenra noite agora canto,
Deixando para trás tortura e pranto,
Impede-se que a dor audaz nos fira.

E sendo teu amante, sou feliz,
Alvíssima manhã, o que mais quis
Ao lado desta sílfide divina,

A vida transcorrendo mansamente,
De todas as tempestas sigo ausente
Ao ter esta emoção que me fascina...

27118


“E no meio dos seus; tranqüilo morre”
Quem tanto procurara pela paz,
A vida muitas vezes é mordaz,
Enquanto em tempestades ela escorre.

E quando a fantasia nos socorre,
Às vezes um carinho satisfaz,
Mas tanto quanto posso mais audaz
A sorte mais ao longe, foge, corre...

Eu quis amar além do que podia,
E tendo como herança esta agonia
Que entranha dentro da alma e me maltrata.

Ao ver já retratada a minha sorte,
Sem ter quem nesta vida me conforte,
Caminho para a morte, simplesmente.

Pudesse ter o alento desta que
O olhar procura insano e nada vê,
Nem mesmo no meu fim está presente

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